sábado, 12 de março de 2011

Madame Mínima, a bruxinha baixinha Capítulo IV

Luís Campos (Blind Joker)

Madame Mínima sobreviveu as discussões diárias entre as cabeças do seu
Tridog, ansiosa pelo acontecimento do ano: a CAMBADA.

O evento, anunciado aos quatro ventos, finalmente aconteceria. Assim,
na noite marcada, Madame Mínima montou em sua bengala voadora, amarrou
o Tridog na parte posterior desta e voou, cantando, em direção às
dunas da Lagoa do Abaeté...

- Abaeté é uma lagoa escura, arroteada de areia branca,
ô de areia branca, ô de areia branca, ô de areia branca...

Enquanto cantava, Madame Mínima fazia trejeitos de dançarina sobre a
bengala voadora. De repente a bengala começou a vibrar e, como a
bruxinha estava sentada sobre esta como o Blind Kid monta no Pangaré,
começou a excitar-se. O Tridog, assustado, comentou:

Pardog - Acho que a Madame Mínima está tendo um troço!

Eddog - Ora, companheiro, ela só está dançando!

Reidog - E ela até que grunhe, digo, canta bem!

Nem bem essa cabeça falou, Madame Mínima ao ter um orgasmo, soltou um
grunhido e... esborrachou-se no chão.

- Aiiiiiii! Uuuuuuuuuuuuuu! Óóóóóó!

Assim que se recuperou do tombo... e do orgasmo, Madame Mínima chama
sua bengala voadora vibratória de volta...

- Volte aqui, sua bengala idiota!
Bem que alguma coisa me dizia pra ficar esperta com esse presente do
meu mentor espiritual, o Babalorixá Rô, o Exu Alecrim!
Então era essa a surpresa que ele disse que eu teria com a bengala?
Bem que estranhei... por que não ouvi minha intuição?
Ai, como bruxa sofre!

A bengala voadora, obedecendo sua dona, pousou ao seu lado. O Tridog
achou que deveria dizer alguma coisa...

Pardog - O que houve, Madame Mínima? Você dançava tão sensualmente!

Eddog - E aí, companheira... alguma lesão?

Reidog - Machucou-se, meu anjo?

Madame Mínima, ainda irritada, gritou:

- Calem-se, calem-se, calem-se... vocês me deixam maluuuuuuuuca!
Deixem-me tomar um arzinho!

Reidog - Ninguém me compreende!

Eddog - Calma, companheira, apenas prestamos nossa solidariedade,
afinal, o acontecido merece uma reflexão e...

Pardog - Cala a boca, seu pulguento, filho de um cão dos infernos!

Eddog - Companheiro, deixe de ser intransigente. Não queira cercear
meu direito de expressão. De nós três, eu sou a cabeça pensante!

Pardog - Pensante um cacete... você é a cabeça mais chata, isso sim!

Reidog - Caras, vocês não vêem que ela está nervosa e pode estar
machucada?

Pardog - Deixe de frescura, Reidog... foi só um tombinho à toa!

Reidog - Você fala isso porque com essa sua bundona gorda certamente
não se machucaria. Não vê que a Madame Mínima é sensível?

Parrdog - Deixa de conversa fiada, Reidog... não acredito nessa sua
"bondade"! Você é sonso, isso sim!

Reidog - Diga alguma coisa que eu gostaria de ouvir, paixão!

- Eu estou bem, Reidog... foi apenas um susto! - disse Madame Mínima.

Reidog - Folgo em saber, meu anjo!

Pardog - Porra! Quanta frescura, Reidog. Você continua esnobe!

Eddog - O companheiro Pardog continua sendo um grosso!

Pardog - Sou e assumo... se pisar em meu calo solto o verbo!

- Parem já com essa discussão... vocês estão enchendo meu saquinho!

Reidog - Calma, anjo!

- Calma uma zorra! Vamos continuar nossa viagem!
Só espero que essa bengala não me apronte outra dessa!

Madame Mínima, esperta, dessa vez montou de lado na bengala voadora e
alçou voo. Algumas horas depois sobrevoava as dunas da Lagoa do
Abaeté. Do céu, uma explendorosa lua cheia, com seus raios prateados
iluminava as areias brancas à volta da famosa e cantada lagoa. Logo
Mínima chegou ao local da convenção...

- Lá está o círculo sagrado e a cambada. Vou aterrissar bem pertinho!

Dando um rasante sobre o povo, Madame Mínima viu seu mentor espiritual
e pousou ao lado do amigo...

- Olá, Rô... que sacanagem foi aquela?

- Sacanagem? Não entendi? - perguntou o Babalorixá Rô, o Exu Alecrim.

- Que negócio foi esse de me dar uma bengala voadora vibratória?

- Ora, Minimazinha... você estava tão carente!

- Eu, carente? Ledo engano, amigo!

- Tá bom... quer dizer que você não gostou do presente?

- Até que gostei... só não gostei do momento que ela resolveu vibrar!

- Preste atenção, Mínima: ela vibrará sempre que você estiver montada
"à cowboy" e tiver pensamentos luxuriosos! Hahahahahaha!

- Porreta... e só agora que você me avisa?

- Eu lhe disse que você teria uma surpresa, não foi?

- Foi... mas eu não sabia que seria essa e nem que aconteceria em
pleno voo!

- Ossos do ofício, Minimazinha... que cão estranho é esse?

- Esse é o Tridog... é um filho do Cérbero com uma das Harpias! Não é
uma gracinha, Rô?

- Nunca vi bicho mais feio, Mínima... cada uma das cabeças é mais feia
do que a outra! Hahahahahaha!

Pardog - Vai se lascar, seu exu de encruzilhada!
Por acaso viu verde pra estar rindo?

Eddog - Creio que o companheiro não tem espelho em casa!

Reidog - Calma, gente... o rapaz está só brincando!

Pardog - Brincando um cacete! É melhor que ele não se meta comigo!

- Calma, rapazes... o Rô gosta de brincar! - disse Madame Mínima.

- Eu estava só zoando, rapazes... até que vocês são simpáticos!

- Deixa isso pra lá, Rô... o Pardog é meio esquentadinho!

Pardog - Esquentadinho é pouco, Madame Mínima... eu sou é esquentadão
e não levo desaforo pra casa!

- Está bem, Pardo... agora vou amarrar vocês aqui nesse arbusto até
acabar a convenção! Fiquem quietinhos e não me arranjem encrenca!

Reidog - Cuidarei para que eles não briguem, Madame Mínima. Pode ir
numa boa, tá, meu anjo?

- Obrigada, Reidog! Logo estarei de volta!
Nesta vasilha tem água fresca para vocês! Fui!

Deixando o Tridog amarrado, Madame Mínima e o Exu Alecrim dirigiram-se
ao local onde ocorreria a convenção. Ao chegarem, foram saudados
por alguns conhecidos... mas para saber quem são, só no próximo
capítulo!

Continua...

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