sexta-feira, 9 de março de 2018

A Terra dos Perdidos - Capítulos 8, 9 e 10.

Nota do autor:

Esta novelinha tem como personagens alguns amigos e amigas DVs, bem
como videntes. Acontece que alguns faleceram, então decidi parar no
capítulo 10 para ver que rumo daria à mesma.
Penso em continuar a escrevê-la e creio que ainda este ano eu consiga
terminá-la. (Risos)


@ Capítulo VIII


Após caminharem cerca de uma hora por veredas abertas na mata pelos
animais e transpor uma pequena montanha, o grupo chegou a um vale...

Pat Vision - Olhem, meninas... sai fumaça daquela montanha!

Marlene - Deve ser um vulcão!

Malu - Vamos até lá!

Ezequiel - E se o bicho entrar em erupção?

Dudinha - Deixe de falar bobagem, garoto!

Sílvia - Ele tem razão, Dudinha!

Evangel - O vulcão vai entrar em erupção só porque um bando de cegos
está invadindo seu território! Hahahahahaha!

Ezequiel - Não é por isso, mas poderia, né?

Antonio José - Claro que poderia, Ezequiel, mas não acho que vá
acontecer!

Nice - Acho bom a gente sair daqui!

Aline - Eu também acho... não quero virar churrasquinho!

Renato - Não esqueçam que estamos a oeste do nosso ponto de partida!

Ricardo - E o que isso tem a ver com o vulcão?

Renato - Eu não sei, mas o autor achou por bem me dar essa fala!

Evangel - Se falarmos todas as bobagens que esse autor escreve, estamos
lenhados! Hahahahaha!

- Hahahaha hehehehe hihihihi hohohoho rárárárá rêrêrêrê riririri kkkk!

Quase todos riram...

Nelita - Eu não achei graça!

Luís - Nem eu! O melhor é irmos até o vulcão ao invés de ficarmos
fazendo conjeturas!

Nelita - Também acho! Vamos lá... palhaços!

Evangel - Dona Maria retou-se! Hahahahaha!

Luís - Fique quieto, seu passarinho comedor de bosta!

Evangel - O Corno Velho também se retou! Hahahahaha!

Pat Vision - Vamos organizar o trenzinho, gente!

Malu - É isso aí, Pat!

E o grupo voltou a caminhar, dirigindo-se à montanha do vulcão...

Nelita - Não há muita diferença entre este lugar e o de ontem!

Marlene - Mato é tudo igual!

Pat Vision - Como lá, aqui também tem muitas árvores frutíferas!

Malu - Mas lá também tinha um canavial?

Nelita - Eu não vi, mas tinha laranjeiras, videiras, abacateiros,
goiabeiras, mangueiras e outras espécies de árvores frutíferas!

Pat Vision - Eu vi melões, mamões, amoras, melancias, bananas... e
um bocado de plantas interessantes!

Nelita - Também vimos lebres, raposas, pombos, papagaios e muitas
outras espécies de aves!

Evangel - Fome eu sei que não passo! Hahahahaha!

Luís - Do jeito que você come, nós é que passaremos fome! Hahahahaha!

Ezequiel - Pegou ar, mas rimou! Hahahahaha!

Depois de uma hora de caminhada, o grupo iniciava a subida da escarpa
que os levaria à cratera do vulcão...

Nice - Que fedor!

Luís - Deve ter sido Evangel! Hahahahahaha!

Evangel - É você que ainda não tomou banho, seu Corno Velho!

Aline - Desde que essa novelinha começou, ninguém aqui tomou banho!

Luís - Não se preocupem... quando voltarmos todos que queiram tomarão
banho!

Meia hora de subida e palmo e meio de língua pra fora, o grupo chegava
à boca do vulcão...

Malu - Dá pra descer e chegar pertinho da fenda!
Quem se aventura?

Luís - Eu vou descer... quero fazer um teste!

Sílvia - Se aqui já tá quente, imagine lá!

Marlene - Deve estar quente pra chuchu, mas eu vou lá ver!

Nelita - Eu vou com você, Luís!

Malu - Mais alguém quer descer?

Evangel - Se o Corno Velho vai, eu também vou!

Pat Vision - Eu também vou descer!

Ezequiel - Eu irei com vocês!

Dudinha - Fica quieto, garoto!

Ezequiel - Eu não... quero pegar um pouco de ar... quente! Hahahahaha!

Enquanto os demais membros do grupo ficaram aguardando na borda da
cratera, os sete desceram até a fenda. Esta tinha cerca de trinta
centímetros de diâmetro, expelia uma coluna fina de fumaça e em seu
interior ouvia-se o borbulhar de lava fervendo. O calor era intenso,
mais os sete ousados chegaram a cerca de um passo da fenda...

Malu - Que maravilha!

Marlene - Dá pra cozinhar qualquer coisa! Hahahahaha!

Luís - Foi isso que vim averiguar, Marlene!

Evangel - Só que parece ser um pouco longe de onde estamos!

Nelita - Se ficarmos no vale que estivemos ontem, estaremos bem perto
daqui!

Luís - Como você sabe disso?

Nelita - Lá da borda da cratera eu vi as grutas que descobrimos ontem!

Malu - Então deve haver um caminho que seja mais rápido para chegarmos
aqui!

Nelita - Lá de cima se avista a praia e o vale que fomos ontem!

Pat Vision - Se descermos pelo outro lado, chegaremos lá!

Luís - Então façamos assim!

Malu - Vamos subir e pegar o restante do pessoal!

E assim foi feito. Guiado por Malu, Nelita e Pat Vision, o grupo
foi a té o outro lado da cratera e iniciou a descida por uma senda que
descobriram na escarpa do morro...

Nelita - Olha ali, gente... cabras e bodes!

Evangel - Oba! Carne não vai faltar! Hahahahaha!

Ezequiel - Você tem é que comer frutas, Evangel!

Evangel - Desde que pousamos nessa ilha é só o que tenho comido!
Quero carne... carne... carne!

Luís - O cara é um animal carnívoro! Hahahahaha!

Evangel - Não esqueçam que tem muita ave por aí que é um bom petisco!
Hahahaha!

Luís - É mesmo... a gente pode comer um pardalzinho! Hahahahaha!

Evangel - Você vai comer é um jegue, seu Corno Velho!

Após uns quinze minutos de descida, estavam no vale que haviam visitado
no dia anterior...

Nelita - Olhem... um gêiser!

Pat Vision - Ali tem mais alguns!

Marlene - Que bom... água quente para o banho! Hahahahahaha!

Luís - Boa pedida, Marlene! Hahahahaha!

Pat Vision - Mas ontem não vimos nenhum!

Nelita - Esqueceu que viemos por outro caminho?

Pat Vision - É mesmo!

Nelita - Para quem não sabe, o vale que vamos morar é aqui!

Luís - Nelita, vamos até as cavernas!

Nelita - Elas estão logo ali, naquele paredão!

Pat Vision - Pelo que vi lá de cima, a praia está por trás desse
paredão, Nelita!

Nelita - É isso mesmo. Se formos beirando o rio, chegaremos na praia!

Marlene - Eu quero ir até o rio!

Nelita - Logo estaremos lá, Marlene!

Mais cinco minutos de caminhada e estavam todos sentados na relva que
margeava o rio, sob a sombra de algumas árvores...

Sílvia - Que brisa deliciosa!

Antonio José - Vou deitar um pouquinho!

Evangel - Ninguém vai comer nada? Tô faminto!

Pat Vision - Evangel... vou buscar alguma coisa para comermos!
Venha comigo!

Ezequiel - Eu também vou, Pat!

Pat Vision - Pode vir, Ezequiel!

E Pat, guiando os dois, saiu em busca de algum alimento...

Malu - Pelo visto, esse vale é o local mais apropriado para ficarmos!

Nelita - Também acho! Temos água, podemos nos proteger da chuva, dos
animais ferozes e temos o que comer!

Luís - Acho que as meninas têm razão! O que vocês acham?

Marlene - Quem tá na chuva é pra se queimar, né? Hahahahahaha!

Antonio José - Acho que seja uma decisão sensata!

Sílvia - Se as meninas que enxergam acham que aqui seja o melhor lugar
para ficarmos, concordo com elas!

Dudinha - Eu estou de acordo!

Luís - E os demais, o que acham da idéia de nos estabelecermos por
aqui?

Renato - Acho que é isso mesmo!

Ricardo - Eu fico com a maioria!

Nice - Como disse Sílvia, se as meninas acham que aqui está ótimo, sou
a favor!

Aline - Tô com vocês!

Luís - Creio que o pessoal que ficou no avião irá concordar com a
escolha!

Malu - Lá é que não podemos ficar, certo?

Nelita - É isso mesmo!

Logo Pat Vision, Evangel e Ezequiel chegavam trazendo alguns cachos de
uva e distribuía entre o pessoal. Após empanturrar-se de uvas, o povo
deitou-se na relva curtindo a brisa que soprava...

Luís - Nelita, vamos até as cavernas?

Nelita - Vamos! Alguém mais quer ir?

Marlene - Eu irei com vocês!

Nelita - Mais alguém?

Como o povo ficasse calado, Nelita levantou-se, pegou Luís e Marlene e
iniciou a caminhada até o paredão. Subiram uma ribanceira e logo eles
estavam num pequeno platô...

Nelita - Aqui estão as cavernas!

Luís - Quantas deve ter, Nelita?

Nelita - Acho que tem umas nove!

Marlene - Vamos explorar algumas!

Luís - A idéia é esta, Marlene! Vamos primeiro naquela que você acha
que seja a maior, Nelita!

Nelita - Tudo bem! Vamos ver primeiro as da direita!

Eles andaram um pouco e entraram numa das cavernas...

Luís - Nelita, eu quero andar de uma parede a outra para ter idéia da
largura!

Nelita - Certo!

Marlene - Eu estou vendo que esta é bem alta!

Nelita - Se não me engano, é também a maior!

Luís - Se não tem estalagmite no piso, também não terá estalactite no
teto da caverna... ótimo!

Nelita - E daí?

Luís - Daí que, se chover, não nos molharemos!

Nelita - As que passamos também não tinham essa tal de estalagmite!

Marlene - Maravilha! Isto significa que teremos excelentes "casas"!

Luís - Nelita, veja se tem teias de aranhas nos cantos do teto e se há
cocô de morcego no chão!

Nelita - Tem algumas teias, mas nenhum cocô no chão!

Luís - Isso é bom!

Nelita - Por que?

Marlene - Porque também não deve ter baratas! Argh!

Luís - Vamos entrar mais um pouco, Nelita!

Nelita deu o ombro a Luís e Marlene os seguiu. Eles entraram uns cinco
metros e começaram a descer um pequeno declive. Mais uns oito metros e
Nelita parou. Embora estivesse um pouco escuro, deu para ela ver que
havia água à frente...

Nelita - A caverna acaba aqui. Na nossa frente tem um pequeno lago!

Luís - Vamos até a beira da água, Nelita!

Nelita fez o que Luís pediu. Ele se abaixou e, com a mão em concha,
pegou um pouco de água e levou até a boca, provando-a...

Nelita - Você tem coragem de provar essa água?

Luís - Por que não? A água é morna e parece potável!

Marlene - Eu também quero provar!

E Marlene fez o mesmo que Luís...

Marlene - A água é boa para consumo... só é quente!

Luís - Nelita, você consegue ver o fundo desse lago?

Nelita - Até onde enxergo, parece que sim!

Luís - Amanhã eu trarei uma sunga... vou entrar nesse lago!

Nelita - Você é maluco?

Luís - Não tem perigo... eu sei nadar! Hahahahaha!
Nelita, veja se no teto tem alguma estalactite!

Nelita - Parece que não!

Luís - Então este lago deve ser um rio subterrâneo!

Marlene - Então é provável que exista também nas outras cavernas!

Luís - Tenho quase certeza!

Nelita - Acho melhor retornarmos pra junto do pessoal!

Luís - Vamos lá! Amanhã voltarei aqui!

Eles saíram da caverna, desceram a ribanceira e logo estavam junto ao
povo que ficara na beira do rio...

Luís - Voltamos, pessoal!

Pat Vision - Viu as cavernas?

Luís - Vi... e já escolhi a minha!

Marlene - Eu serei sua hóspede, Luís!

Luís - Ali dá pra morar pelo menos umas cinco pessoas!

Malu - Gente, já são quase quatro horas da tarde... acho bom voltarmos
pro avião!

Nelita - Podemos ir beirando o rio e chegaremos lá pela praia!

Pat Vision - Acho uma excelente idéia!

Luís - Então vamos logo!

Nelita - Quem quiser beber água, é só chegar até a margem do rio... a
água é fresquinha!

Formou-se, mais uma vez, três trenzinhos. Alguns pararam para beber
água e depois todos empreenderam a viagem de volta ao avião. Em questão
de minutos estavam andando pelas areias da praia...

Malu - Vejam... algumas tartarugas usam essa praia para desova!

Evangel - Tartaruga é um bom prato... e os ovos também!

Sílvia - Poxa, Evangel... nem as tartaruguinhas escapam da sua gula?
Hahahahaha!

Nelita - São tartarugas grandes, gente!

Luís - Nisso concordo com o Evangel, afinal, temos que nos alimentar,
né?

Antonio José - É isso aí... temos que ver todas as possibilidades de
sobrevivência!

Marlene - É verdade, afinal, não sabemos o que se passa na cabeça do
autor desta novelinha, não é?

Evangel - Esse Corno Velho é cheio de surpresas!

Ezequiel - Eu é que não como esse bicho!

Nelita - A gente terá que comer o que aparecer... embora eu prefira as
frutas!

Pat Vision - Olha lá o avião!

Como a tarde morria, o sol já pintava o céu com seu magnífico colorido
quando eles chegaram junto ao avião...

- - -

@ Capítulo IX


Após caminhar pela praia, finalmente o grupo chega ao local onde estava
o avião e o pessoal que não participara desta incursão...

Nice - A areia estava quente. Meus pés estão queimados!

Renato - Se você andasse mais perto da água, Nice, não queimaria seus
pezinhos!

Pat Vision - Aqui tem muita sombra, gente... sentem-se um pouco!

Ricardo - Ainda bem... tô bem cansado!

Evangel - Eu também tô quebrado!

Ezequiel - Com essa pança toda, não era pra menos! Hahahahaha!

Evangel - A mãezinha vai bem, né, Ezequiel?

Ezequiel - Muito bem, obrigado! Hahahahaha!

Sílvia - Eu estou inteirinha... pronta pra outra!

Luís - Amanhã você terá este prazer, Sílvia!

O pessoal que ficara estava espalhado: uns sob a aeronave, outros sob
os coqueiros e uns poucos dentro do avião. Margô foi ao encontro dos
que chegavam...

Margô - Vocês demoraram! Pensei que iriam passar a noite por lá!

Luís - Até que seria uma boa idéia!
Tem umas cavernas porretas por lá!

Nelita - E tem um rio de águas límpidas e fresca!
Tive vontade de tomar um banho!

Aline - Eu tive a mesma vontade, Nelita!

Ezequiel - Tomar banho pra quê?

Dudinha - Banho é questão de higiene, garoto!

Ezequiel - Bobagem? Você vê nas novelas da tevê alguém tomar banho?

Evangel - Eu acho que tem gente por aqui precisando de um banho!

Ezequiel - Você é o primeiro, Evangel! Hahahahaha!

Marlene - Eu também queria um banho... estou suada pra caramba!

Luís - Acho que todos precisamos nos banhar!

Malu - Amanhã, assim que mudarmos, tomaremos um banho coletivo naquele
rio maravilhoso!

Marlene - Boa idéia, Malu!

Nelita - Tô nessa!

Ezequiel - Vai ser uma festa! Hahahahaha!

Margô - Ainda bem que vocês chegaram... já está anoitecendo!

Luís - E como estão as coisas por aqui?

Nazaré - O Cisco Devair, o Caldeira e o Ednilson foram embora!

Marlene - Como assim?

Margô - Eles disseram que não ficariam nessa novelinha esperando que as
coisas acontecessem!

Andréa Sousa - Eles se embrenharam no mato dizendo que fariam as
coisas acontecerem!

Madréa - Eles vão é se perder nessa ilha, isto sim!

Marlene - Quer dizer que o Devair foi o pivô dessa confusão?

Evangel - Não se perde muito... ele vive dizendo que é um "cisquinho"!
Hahahahaha!

Ezequiel - A culpa é desse autorzinho... se ele escrevesse melhor e
mais assiduamente, isto não aconteceria!

Rebeca - Nada disto, Ezequiel! Tem gente que é assim mesmo!

Evangel - O companheiro humilde não fará falta! Hahahahaha!

Luís - Cada um sabe o que é melhor para si e escolhe seu caminho!
Amanhã iremos para o vale!

Ezequiel - Amanhã mudaremos de casa! Oba!

Andréa Sousa - E iremos nos abrigar onde?

Luís - Vamos mudar para o vale que estivemos hoje... tem umas cavernas
porretas por lá!

Rebeca - Eu é que não vou morar em caverna!

Danilo - Nem eu!

Luís - Quem não quiser morar nas cavernas terá que construir sua
cabana!

Danilo - Eu farei a minha!

Rebeca - E eu irei morar com você, bonitinho!

Margô - Eu ajudo, Danilo... mas vou morar com vocês!

Danilo - Tudo bem!

Luís - Acho uma boa idéia construirmos cabanas comunitárias!

Evangel - A união faz a força... e dá menos trabalho! Hahahahaha!

Marlene - Eu vou construir a minha... não gosto de dividir quarto!

Luís - Fiquei preocupado com o Devair, o Caldeira e o Ednilson. Eles
não sabem o que podem encontrar por aí!

Audaí - Eles já são bem crescidinhos e devem saber o que fazem, Luís!

Carmem - Fazer o quê? Eles quiseram assim, né?

Luís - Bem, vejamos o que devemos fazer agora!

Rebeca - Acho que você deve cuidar de concluir esta novelinha!

Luís - Ainda vai rolar muita água nesta historinha, Beca!

Marlene - Antes dessa água toda, que tal planejarmos nossa mudança?

Luís - Acho uma ótima idéia! Margô, convoque o povo para uma reunião!

Margô - É pra já!

Dez minutos depois estavam todos sentados sob o avião...

Luís - Estamos aqui para decidirmos nossa mudança. Como todos sabem,
descobrimos um vale que é aprazível, tem água potável, comida farta e
abrigos naturais...

Abílio - Cavernas, você quer dizer, né?

Luís - Isto mesmo!

Aline - E os bichos, Luís?

Luís - Não tem bicho nenhum, Aline... apenas umas aranhas, baratas e
morcegos!

Rebeca - Argh! Tô fora!

Ana Lúcia de Jampa - Eu também!

Luís - Isto já foi comentado acima: quem não quiser morar numa caverna,
construirá sua cabana!

Rita Gonçalves - E quem não quiser mudar para este vale, Luís?

Luís - Ninguém é obrigado a mudar. Quem não quiser ir, pode ficar aqui
ou tomar qualquer outra decisão!

Stella - Eu ficarei por aqui e quem quiser pode ficar comigo!

Margô - Acho melhor fazermos uma votação para ver quem vai e quem fica!

Sílvia - É isto aí, Margô!

Luís - Então vamos lá: quem vai conosco, levante o braço!
Malu, você faz a contagem!

Malu - Está bem: Além de nós dois, contamos com Abílio, Aline, Ana
Lúcia de Jampa, Antonio José, Audaí, Carmem, Danilo, Evangel, Ezequiel,
Francisco Luiz, Joaquim, Lucélia, Madréa, Marcão, Margô, Marilza,
Marlene, Mila, Nazaré, Nelita, Nice, Pat Vision, Patricinha, Rebeca,
Renato, Samira, Sílvia, Tiago e Wil!

Luís - Então está decidido: os demais ficam por aqui!

Malu - Vão ficar aqui, Andréa Sousa, Caco, Dudinha, Érica, Leonardo,
Luzia, Mergu, Ricardo, Rita Gonçalves, Stella e Virgínia!

Luís - Bem, pessoal... vamos cuidar de descansar porque amanhã teremos
muito trabalho!

A noite transcorreu calma. Uma imensa e magnífica lua cheia iluminava
as areias da praia e refletia na água do mar. Na manhã seguinte, por
volta das seis horas, todos haviam acordado e procuravam comer alguma
fruta...

Luís - Malu, você, Margô, Nazaré, Nelita e Pat Vision, por favor,
peguem no avião as malas e entreguem a seus donos. Também quero as
ferramentas que vocês encontrarem. Serão necessárias para fazer-se as
cabanas!

Margô - Vamos lá, meninas!

Meia hora depois todos que iriam para o vale estavam com suas bagagens
na mão. Patricinha, além da mochila, carregava Shompson. Houve uma
pequena algazarra na hora da despedida e algumas lágrimas rolaram...

Luís - Bem, pessoal... vamos lá! Vocês que ficam, se cuidem!

O grupo foi dividido em cinco "trenzinhos" que foram guiados por Malu,
Margô, Nazaré, Nelita e Pat Vision. Após uma hora de caminhada eles
estavam no vale...

Malu - Pronto, gente, estamos em nosso paraíso!
A "Terra dos Perdidos"!

Pat Vision - Realmente, Malu... este lugar é lindo demais!

Luís - Gostei do nome, Malu! "A Terra dos Perdidos" é bem apropriado!

Malu - É que me sinto assim nesta novelinha, Luís!

Ezequiel - Não se preocupe, Malu, logo seremos achados! Hahahahaha!

Evangel - Se depender desse autorzinho, nunca nos encontrarão!

Marlene - Se nos encontrarem, acaba a novelinha, né?

Luís - Você captou o espírito da coisa, Marlene! Hahahahaha!

Evangel - Eu não disse! Esse Corno Velho não tem mais o que fazer e
fica procrastinando suas novelinhas!

Luís - É para ver o interesse que despertam, Evangel! Hahahahaha!

Nelita - Que tal voltarmos à novelinha, gente?

Audaí - Também acho!

Luís - Ok, pessoal! Vamos dar continuidade à novelinha!
Meninas, gostaria que vocês escolhessem um local apropriado para
construirmos as cabanas. Lembrem-se que elas devem ficar em lugar alto
para evitarmos problemas com enchentes e chuvas. Vamos formar um grupo
para procurar madeira e palha que sirvam para fazer-se os barracos.
Sugiro que Malu e Pat Vision levem os rapazes para carregar o material
que encontrarem!

Malu - Vamos lá, meninos!

Malu e Pat Vision saíram guiando Abílio, Antonio José, Danilo, Evangel,
Ezequiel, Francisco Luiz, Joaquim Cardoso, Marcão, Renato, Tiago Cocci
e Wil. Nazaré e Margô, com a ajuda de Aline, Ana Lúcia de Jampa,
Audaí, Carmem, Lucélia, Madréa, Marilza e Marlene ficaram limpando o
terreno onde seriam construídas as cabanas. Nelita, Luís, Mila, Nice,
Patricinha, Samira e Sílvia foram inspecionar as cavernas. Rebeca que,
numa cadeira de rodas pouco poderia fazer, ficou sob uma palmeira,
observada de perto por Margô. As malas, mochilas e as ferramentas foram
colocadas numa das cavernas. Nelita, com algumas palhas de coqueiro,
fez algumas vassouras para varrer as cavernas. Ela também pegou alguns
gravetos, folhas e palhas, fez pequenas fogueiras e as colocou em
cinco das oito cavernas ali existentes. Depois, com o fósforo que Luís
emprestou, acendeu as fogueiras para obrigar os morcegos e baratas a
abandonarem os recintos. Foi uma debandada só... os morcegos voaram
e foram abrigar-se nas cavernas que não haviam fogueira. As baratas e
aranhas fizeram o mesmo trajeto. Assim que as fogueiras acabaram de
queimar, Nelita e as meninas varreram o chão, deixando-o limpinho e
tiraram as teias dos cantos das paredes. Por volta do meio-dia as cinco
cavernas estavam limpinhas e prontas a serem habitadas.
Enquanto as meninas descansavam, Nelita pegou algumas frutas e água
para todo mundo...

Nelita - Agora as cavernas estão habitáveis!

Luís - Eu fico nesta aqui... parece que é a maior e ainda tem aquela
água quentinha lá embaixo!

Nelita - Deixe de ser bobo. Em todas que limpamos tem água quentinha no
fundo!

Mila - Que maravilha!

Samira - Eu fico com o Luís!

Sílvia - Eu também quero morar com vocês!

Nice - Eu vou ficar aí do lado!

Patricinha - Eu e o Shompson podemos ficar com você, Nice?

Nice - Sem problema, Pat!

Mila - Eu ficarei na terceira caverna!

Luís - Bem, meninas, temos que procurar uns galhos finos para fazermos
nossas camas!

Nelita - Assim que acabarmos de comer iremos atrás disto!

- - -

@ Capítulo X


A conversa na caverna continua...

Luís - E eu farei nossas camas... com a ajuda de vocês, claro!

Sílvia - Eu ajudo, Lu!

Mila - Todas ajudaremos ao nosso bravo escoteiro! Hahahahaha!

Luís - Obrigado, meninas! Além dos galhos, precisaremos de cipós e
palhas de coqueiro ou de palmeiras!

Nelita - Sei onde tem tudo isso!

Sílvia - Então iremos buscar com você!

Luís - Vocês encontraram cobertores no avião?

Nelita - Pegamos alguns e deixamos outros pro pessoal que ficou. Também
trouxemos alguns assentos!

Luís - Maravilha! Estou tendo uma idéia brilhante com estes assentos!

Sílvia - Que idéia, Lu?

Luís - Depois eu conto. Ainda tenho que pensar um pouco!

Mila - De pensar morreu um burro! Hahahahahaha!

Luís - Mila, quando eu fizer sua cama, deixarei alguns galhos pontudos
pra cima, viu? Hahahahaha!

Nelita - Ai, que maldade, Luís! Hahahahahaha!

Nice - Pior é se ela gostar, gente! Hahahahaha!

Mila - Se você deixar algumas pontas estrategicamente postadas, eu
posso até gostar! Hahahahahaha!

Patricinha - Acho melhor irmos buscar o material. Samira, você cuida do
Shompson pra mim?

Samira - Claro, Pat... dê aqui este fofinho!

Patricinha - Fique quietinho, Shompson... mamãe logo estará de volta!

Shompson - Miau! Miau!

Samira - Que fofo!

Luís - Mas Samira, não era eu quem era fofo?

Samira - Você também é fofo, Luís... deixe de ciúme!

Luís - Obrigado, Samira!

Nelita - Vamos lá, meninas, já que Samira vai ficar aqui com o "chefe"!
Hahahahaha!

Samira - Vou cuidar do chefinho e do Shompson com muito carinho!

Nelita - Não exagere, Samira... basta não deixá-lo fazer besteira!
Hahahahaha!

Luís - Mamãe vai bem, né, Nelita?

Nelita - Eu já respondi essa perguntinha, "meu rei"! Hahahahaha!

Samira- Deixe comigo, Nelita! Hahahahaha!

Nice - Acho melhor irmos buscar o material!

Nelita - Pois é! Vamos, meninas!

E assim, Nelita, Mila, Patricinha, Sílvia e Nice saíram. Duas horas
depois estavam de volta, carregadas de galhos e palhas. Luís escolheu
aqueles que serviriam de pés para as camas e deixou tudo num canto...

Luís - Amanhã, com o facão, eu ajeito estes galhos!

Nelita - E nos ensina como amarrá-los e fazer as camas!

Nice - É mesmo, Luís!

Luís - Nelita, por favor, coloque o material restante mais lá no fundo
da caverna!

Nelita - Tá bem! Farei isto agora!

Sílvia - E como forraremos as camas?

Samira - Ora, Sílvia... com os cobertores que trouxemos!

Luís - E seria de bom alvitre que dormíssemos de roupa!

Mila - Eu também acho!

Nelita - Já são quase cinco horas da tarde! Que tal se tomássemos um
banho?

Samira - Acho uma boa!

Luís - Só se for de água quente... o rio deve estar frio pra cacete!

Nelita - Larga de ser frouxo, homem! O sol ainda não se escondeu,
portanto, a água do rio deve estar quentinha!

Luís - Vão vocês! Eu vou tomar meu banho lá embaixo!

Sílvia - Um banho quentinho viria a calhar!

Patricinha - Também acho!

Nelita - Está bem! Vamos descer e tomar logo esse banho! Vou pegar as
malas e mochilas de vocês!

Samira - Vocês trouxeram sabonete e toalha?

Luís - Eu não... mas uso a de vocês! Hahahahaha!

Samira - Eu lhe empresto as minhas coisas, fofo!

Luís - Eu sabia que você tinha uma boa alma, Samira!

Samira - Às vezes, Luís! Hahahahaha!

Sílvia - Se você quiser, Lu, eu empresto!

Nelita - Eu também trouxe e posso emprestar!

Luís - Obrigado, meninas! Vocês são uns amores!

Nelita - Vou pegar nossas coisas!

Nelita saiu e, após três idas e vindas, trouxe as malas e mochilas da
turma...

Nelita - Aqui estão nossas coisas!

Nelita entregou a cada um sua mala. Todos pegaram roupas limpas. Quem
tinha toalha e sabonete, pegou, quem não tinha, foi na "ponga"...

Nelita - Vamos lá, gente!

Luís - Acho bom a gente ir junto à parede, para conhecer o caminho!

Nelita - Ok! Vamos!

Em fila indiana, guiados por Nelita, eles andaram alguns metros no
plano, depois iniciaram a descida, sempre juntos à parede da caverna.
A descida até a lagoa que havia no fundo da caverna era tranqüila e
dava para todos se guiarem pela parede. Eles desceram a rampa e logo
estavam na beira da água. Tiraram as roupas e Nelita as colocou sobre
uma grande pedra, juntamente com as toalhas, separando-as. os sabonetes
foram deixados num cantinho, à margem da lagoa. As roupas que usavam
foram colocadas por Nelita numa outra pedra. Tendo Luís como "boi de
piranha", eles entraram na lagoa. A água era morna e soprava uma
brisa suave, mas ninguém sentia frio...

Luís - Isto aqui não é uma lagoa... tem correnteza!

Nelita - Ela deve passar por todas as cavernas!

Luís - Isto mesmo! Convém que não se afastem muito da margem. Não
sabemos a profundidade da lagoa!

Sílvia - Mas isto é fácil de saber... é só mergulhar e ver! Hahahahaha!

Luís - Boa idéia, Sílvia. Farei isto agora mesmo!

Samira - Tenha cuidado, fofo!

Luís - Não se preocupem! Eu nado muito bem!

Nelita - Eu sei... mas você já tá velho! Hahahahaha!

Luís - A mãezinha está bem, né? Hahahahha!

Nelita - Melhor do que nós... pelo menos não está nessa novelinha!
Hahahahaha!

Todos - Hahahahahaha! Hahahahaha!

Luís - Engraçadinha!

Nelita - Obrigada!

Luís - É melhor eu verificar a profundidade deste rio!

Dizendo isto, Luís mergulhou. Depois de alguns segundos estava de
volta...

Luís (Tomando ar) - Ufa! Cansei!

Nelita - Eu não disse que você já está velho? Hahahahaha!

Mila - E aí, Luís... é muito fundo?

Luís - Não! No máximo, lá no meio, tem dois metros de profundidade!
Vocês podem entrar até a água ficar em suas cinturas!

Samira - E a correnteza?

Luís - Não tem perigo... é fraquinha!

Assim as meninas ficaram tranqüilas e puderam tomar um banho com maior
esmero e até lavar os cabelos... e calcinhas. Meia hora depois de muita
folia, risos e brincadeiras, deram o banho por terminado. Após vestirem
roupas limpas, pegaram suas coisas e subiram. Na entrada da caverna
sentaram-se em algumas pedras para conversar um pouco, secarem os
cabelos e esperarem os demais...

Nelita - O restante do povo está no rio!

Luís - Então vamos até lá!

_ * _

A turma que ficara limpando o terreno onde fariam as cabanas acabara
o serviço e descansava sentada sob a sombra de algumas árvores. Logo o
povo que foi buscar o material para construírem as cabanas estava de
volta, trazendo pedaços de troncos, galhos, cipós, bambus, palhas de
coqueiro e palmeira. Deixando esse material encostado num barranco,
sentaram-se para descansar um pouco. Logo chegava Nelita puxando seu
trenzinho ladeira abaixo para encontrar a turma que conversava muito
animada...

Luís - Olá, pessoal!

Evangel - Ih, o corno velho apareceu!

Rebeca - Pare com isso, Evangel!

Luís - Não ligue, não, Beca! Isto é inveja desta paca gorda!

Nelita - Vamos ao que interessa, gente!

Luís - Pois é, pessoal. A situação é a seguinte: temos cinco cavernas
limpas e prontas a serem habitadas. Quem quiser, estão à disposição,
embora eu ache que, de qualquer jeito, esta noite teremos que dormir
por lá. Além de ser mais seguro, estaremos todos juntos!

Malu - Eu estou de acordo!

Nelita - As cavernas estão limpinhas, gente!

Margô - Acho que devemos fazer uma fogueira na frente das cavernas para
afugentar os animais notívagos!

Antonio José - Você tem razão, Margô!

Pat Vision - Além do mais, nossas malas estão lá mesmo!

Rebeca - Mas amanhã vamos fazer as cabanas, né, gente?

Evangel - Claro, Rebecolina!

Marlene - Espero que ninguém ronque!

Luís - Você não quer que atrapalhem seu ronco, né, Marlene? Hahahaha!

Ezequiel - Ela não quer concorrência! Hahahahaha!

Evangel - Aí é querer demais, né, Dona Marlene? Hahahahaha!

Luís - Então está decidido, né, pessoal?

Aline - Acho que, no momento, seja a melhor solução!

Renato - É isso aí, gente!

Nazaré - Então vamos lá, gente... já está escurecendo!

Carmem - Não seria bom tomarmos um banho?

Evangel - Nesse rio frio? Tô fora!

Ezequiel - Dorme sujo! Hahahahaha!

Nelita - Calma, gente! No fundo das cavernas passa um rio de águas
mornas!

Evangel - Tô dentro!

Ezequiel - Se for fundo eu nem entro!

Sílvia - Não esquente, Ezequiel... é raso, mas, de qualquer forma, você
fica no raso! Hahahahahaha!

Ezequiel - Se tenho medo de viajar de navio, também tenho medo de rio!

Nice - Ih, rimou! Hahahahaha!

Malu - Então vamos. Logo estará escuro!

Margô - Vamos dividir o pessoal!

Malu - Quantas cavernas estão limpas?

Nelita - São cinco e estão bem limpinhas!

Luís - Em cada uma deve ficar, no mínimo, uma vidente!

Evangel - Quantos somos, Malu?

Malu - Somos trinta e uma pessoas: doze homens e dezenove mulheres,
sendo cinco videntes!

Luís - Como temos cinco cavernas em condições de nos abrigar, vamos
dividir o pessoal da seguinte forma: Malu, Marilza, Antonio José,
Evangel, Renato e Wil; Margô, Rebeca, Audaí, Madréa, Danilo e Marcão;
Nazaré, Carmem, Lucélia, Abílio, Francisco Luiz e Joaquim Cardoso;
Nelita, eu, Marlene, Sílvia, Samira, Mila e Patricinha; Pat Vision,
Aline, Ana Lúcia de Jampa, Nice, Ezequiel e Tiago Cocci!

Nazaré - Acho que assim ficou bem, meu rei!

Marlene - E como vamos dormir?

Luís - No chão, claro, Marlene!

Marlene - E minha coluna?

Luís - Alguns de vocês trouxeram assentos e cobertores do avião. Estes
servirão de cama... por esta noite, pelo menos, Marlene!

Marlene - Ainda bem!

Luís - Margô, você arranja alguns assentos e faz uma cama para Beca, tá?

Margô - Deixe comigo! Vamos, Beca!

Malu - Então vamos, gente!

Pat Vision - Cada uma pega seu trenzinho e... piuiiiii, piuiiii!

Luís - Margô leva Beca e também seu trenzinho!

Margô - Piuiiii! Piuiii!

Formaram-se os trenzinhos e eles subiram o barranco até as cavernas...

- - -

Madame Mínima, a bruxinha baixinha - Capítulos 8, 9 e 10.

@ Capítulo VIII


A primeira imagem que apareceu diante das bruxas e do Exu Alecrim foi
de um grande castelo...

- Vocês estão reconhecendo esse castelo? - perguntou Madréa.

- Parece o castelo do Rei Luy Sopmac!

- Parece, não... é o castelo dele, Mínima! - disse Rô.

A imagem seguinte era de um bruxo vestindo uma capa rubro-negra, um
roupão preto, botas de couro de javali, barba e cabelos longos,
bigode juntando-se à barba e todos esses pelos brancos a esconder-lhe
as feições...

- Hei! É o cara que vi perto do palco!

- Acho que o conheço de algum lugar, Mínima!

- Eu tive essa mesma impressão, Rô!

Agora a imagem era de uma jaula com um ser estranho em seu interior...

- Aquela não é uma Fênix?

- É, Mínima! - respondeu Madréa.

Nas cenas seguintes eles viram vários seres estranhos enjaulados e
logo a imagem se dissipou...

- Isso é um criptozoológico, Mínima! - disse Rô.

- Eu sei que o Rei Luy Sopmac tem um desses em seu castelo!

- Pois é, Madréa! Tenho certeza de que encontraremos nossos bichinhos
por lá!

- E o que estamos esperando? Vamos até lá buscá-los, Mínima!

- Calma, Madréa... nestas horas precisamos agir com frieza!

- Também acho, Mínima! - disse Rô - Vamos pensar um pouco!

- Vamos pensar numa boa lição pra dar no Rei Luy Sopmac!

- É isso aí, Mínima! - concluiu o Exu Alecrim.

_ * _

O Rei Luy Sopmac chegara da CAMBADA cansado e dormira até quase as
nove horas deste sábado, Dia de Todos Os Santos. Foi acordado por seu
Chefe de Ordens Reais, Sadraq, com uma boa notícia...

- Majestade, o Reino dos Campos Livres receberá a visita da Embaxatriz
de Witchland, hoje à noite!

- Ela é bonita, SadraQ?

- Bastante, Majestade!

- Mande preparar uma recepção digna de uma rainha! E que tudo saia
perfeito, Sadraq!

- Sua ordem será cumprida a rigor, Majestade!

Naquele dia trabalhou-se dobrado no castelo. Era um corre-corre só.
O Rei Luy Sopmac que sempre tira uma pestana após o almoço, nesse
dia ficou alerta. Desceu até o Criptozoológico Real para ver seus
"bichinhos" e dar uma relaxada. O Tratador Real, Leo Nard, sempre o
acompanhava nessas suas visitas de rotina, todos os sábados...

*- Majestade, as criaturas das jaulas treze e dezessete estão fazendo
greve de fome e reclamando de tudo!

- Não se preocupe, Leo Nard... quando sentirem fome pra valer elas
comerão!

Meu Rei já tem em mente como domesticá-las?

- Claro, Leo Nard! Elas receberão meu tratamento especial! Hahahahaha!

- Entendo, Majestade! Meu Rei quer ver seus bichinhos agora?

- Vamos lá, Leo Nard... Sejamos rápidos pois hoje haverá festa no
castelo!

- Aniversário de alguém, Majestade?

- Não, Leo Nard! Receberei uma Embaxatriz muito importante e bastante
interessante, hoje à noite!

- Ah, sei! Boa sorte, Majestade!

- Obrigado, Leo Nard! Vou precisar!

Dizendo isso, o Rei Luy Sopmac e o Tratador Real visitaram jaula por
jaula do Criptozoológico Real. Havia ali diversas criaturas fabulosas
que eu nunca vira em minha vida de narrador de historinhas para esse
autor. Na ala dos seres alados havia uma Fênix de penas brilhantes,
douradas e vermelhas arroxeadas, de fabulosa beleza, um pouco maior do
que uma águia e de canto melodioso. Embora fosse bela, tinha um ar
triste. Na jaula ao lado, bem maior que a anterior, havia uma Esfinge:
um leão alado com seios e cabeça de mulher, usando um tocado real.
Tem uns vinte metros de altura por setenta de comprimento. A cabeça
tem feições altivas e não pára de reclamar. Luy Sopmac e Leo Nard nem
ligaram para a Esfinge, apenas sorriram com as ameaças dela e evitaram
seu hálito de fogo, afinal, não pretendiam virar churrasquinho.
O rei continuou sua visita por esta ala, parando de vez em quando para
admirar um pouco mais suas criaturas: Garuda, meio homem, meio ave;
Simorgh, uma ave monstruosa; um cavalo alado de doze pernas; o touro
alado de Nínive; uma águia de duas cabeças; Kongamoto, réptil gigante
com asas de morcego, um longo bico repleto de dentes, originário da
África que dividia a jaula com Ahool, um outro lagarto gigante com
asas de morcego que veio da Indonésia ; Diabo de Jersey (Diabo de
Leeds), uma grotesca criatura com asas de morcego, cabeça de cavalo,
cascos fendidos e um rabo; Pégaso, o cavalo alado; um pterossauro,
lagarto alado com enormes asas e bico longo cheio de dentes; uma
gárgula; um Mothman com cerca de um metro e oitenta, grandes asas
recolhidas nas costas, pernas humanóides, corpo cinza e avantajado
e olhos hipnotizantes. Tem o andar manco e arrastado, emite um som
esganiçado e tem a cabeça tão pequena que parece enterrada no tronco.
Após demorar-se um pouco nesta ala, eles foram à ala seguinte, a das
criaturas terrestres. Lá visitaram a jaula da Quimera, um ser com
corpo de leão, cabeça de cabra e dorso e rabo de dragão; do Okapi, um
animal africano que é parente da girafa , mas com pescoço curto e
listras como uma zebra ; do Ameranthropoides, um macaco gigante; do
Dragão de Komodo, um lagarto gigante; da Moa, uma ave com cerca de
três metros de altura e desprovida de asas; do Chupacabras, um ser
bípede que suga o sangue de animais domésticos. Tem cerca de um metro
e meio de altura, pesa uns trinta quilos, possue mãos grandes e garras
afiadas, pernas iguais a do canguru, olhos vermelhos, caninos grandes
e a pele cinza-escuro; do Jackalope, uma espécie de lebre com chifres;
do Pé-grande, um primata bípede gigante que habita regiões nevadas;
do Tayoba, um monstro horrendo com forma humana e cabeça em forma de
tomate; da Besta de Gevaudan, mamífero carnívoro que lembra o extinto
Andrewsarchus ; do Gato de chifres, criatura mamífera com chifres na
cabeça; do Lagarto peludo, um lagarto com pelos no corpo; do bípede
Mapinguari, mamínfero, espécie de preguiça gigante; do Minhocão, verme
gigante subterrâneo; do Mokele-mbembe, criatura de pescoço longo,
semelhante aos extintos saurópodes ; do Shunka warakin, criatura que
lembra uma hiena; do Tatzelwurun, criatura estranha que lembra um
grande lagarto, mas sem as pernas traseiras; do Tigre de Queensland,
um marsupial carnívoro semelhante a um tigre; do Urso nandi, um ser
mamífero semelhante a um urso; do Verme da Mongólia, verme gigante que
vive no deserto e é venenoso; do Waheela, um mamífero carnívoro, uma
mistura de lobo com urso; do Yeti, um mamífero bípede, mistura de
um grande macaco com urso; do Zamba zaraa, criatura que vive no
deserto de Gobi. Espécie de ouriço de cauda longa e que infla o corpo
como um baiacu. Havia outros seres, mas, como o Rei Luy Sopmac estava
apressado, decidiu visitar logo suas criaturas marinhas e foi para a
ala dos aquários. Dentre estes seres fabulosos, havia o Monstro de
Loch Nessie, espécie de serpente ou réptil marinho que lembra o
plesiossauro, um sauropterígeo pré-histórico; a Baleia de Giglioli,
com suas duas barbatanas dorsais; a Besta de Busco, uma tartaruga
monstruosa; Bunyip, ser misterioso semelhante ao extinto Diprotodon;
Con rit, crustáceo gigante e de corpo longo; Dobhar chu, um mamífero
peludo semelhante a um crocodilo; Dugongos, espécie de vacas marinhas;
Emela-ntouka, uma estranha mistura de crocodilo com rinoceronte ;
Gambo, mamífero peludo semelhante a um golfinho com patas traseiras;
Jasconius, um peixe do tamanho de uma ilha; Kraken, uma lula colossal
capaz de afundar um navio com seus tentáculos; Lusca, uma espécie de
polvo gigante; Trunko, ser marinho com tromba de elefante, rabo de
lagosta e pele branca; Waitoreke, mamífero pequeno, semelhante a uma
lontra; Zuiyo Maru, uma criatura estranha que lembra um tubarão;
Celacanto, espécie de peixe pré-histórico; Monstro de Canvey Island,
ser misterioso semelhante a um peixe abissal que pode andar em terra
firme;
Ornitorrinco, mamífero aquático esquisito que tem um bico e bota ovos.
Num aquário anexo ao primeiro, vê-se, de vez em quando, uma linda
Sereia que, quando está visível, passa o tempo lavando seus seios (Eu
faria isso para ela com o maior prazer! Rê rê rê! Ainda bem que não
há um Tritão nesse criptozoológico, pois nunca se sabe o que ele
ficaria a lavar, né? Rê rê rê!).

Após a visita semanal aos seus bichinhos, Luy Sopmac subiu ao seu
aposento real para banhar-se, perfumar-se e vestir uma roupa que
estivesse à altura da beleza da Embaxatriz de Witchland...

- - -

@ Capítulo IX


O Salão de Festa Real estava decorado com motivos de Hallowin e muitas
flores e fitas coloridas, em homenagem à bela embaixatriz de Witchland.
Eram nove horas da noite quando o Arauto Real, batendo o bastão no
chão, anunciou a chegada da comitiva de Witchland...

* TUM, TUM, TUM!

Anton Abil (Gritando) - A comitiva real de Witchland!

A embaixatriz, com seu corpinho de "pequena notável", sobre um salto
dezoito, fez uma entrada triunfal naquele suntuoso salão. Ela vestia
um belíssimo minivestido típico do Reino de Witchland com bordados em
fios de ouro com motivos ciganos. No pescoço exibia um colar de rubis
e pérolas que realçava o seu generoso decote. Uma tiara de diamantes
prendia-lhe os longos e sedosos cabelos. Luy Sopmac ficou hipnotizado
pelos belos olhos verdes esmeralda da embaixatriz e impressionado com
os seios, digo, com a beleza da Witchlandiana. Aproximou-se da moça
e, fazendo um salamaleque, saudou a representante de Witchland. Assim
que o Rei Luy Sopmac abaixou-se com a mesura, a embaixatriz...

- Um fio de cabelo loiro em seu paletó! Deixe-me tirá-lo! Pronto!

- Obrigado, Senhorita embaixatriz!

- Calma aí... ainda tem mais umas coisinhas aqui! - disse a embaixatriz
dando uns tapinhas nos ombros do rei. - Pronto, tirei as caspas!

- Caspa, eu?

- Sim, Majestade! Acho melhor usar o xampu anti-caspa da Avão!

- Seguirei seu conselho, ariana embaixatriz!

- Como você descobriu meu signo, Majestade?

- Experiência de convivências, Senhorita embaixatriz!

- Tudo bem! Voltemos às formalidades diplomáticas, Majestade!

- Ok! Fico honrado em receber tão lindos seios, digo, tão linda
Embaixatriz em meu humilde castelo!

- A honra é minha, Majestade! Minha Rainha envia suas congratulações e
reforça os votos de amizade e respeito entre nossos reinos!

- Transmita à Vossa Rainha que agradeço e retribuo os votos e espero
que, com a ajuda de tão formosa embaixatriz, nossas relações sejam
prazerosas e estreitadas!

- É excitante ouvir tão gentis palavras, Rei Luy... se é que posso
chamá-lo assim!

- Claro que pode! Quando quiser,...

- Aminim, Majestade! Pode me chamar pelo nome, não precisamos de tanto
protocolo e formalidades, não é, lindinho?

- Tem razão, Aminim! Posso ter a honra de dar-lhe o braço, Aminim?

- A gente sempre espera mais, mas por enquanto é o bastante, Luy!

- Não entendi, Aminim?

- Você quase sempre não entende, lindinho! Deixa pra lá!

Ao dar o braço à embaixatriz, o cotovelo do rei tocou, sem querer, num
dos seios dela, mas ele tratou logo de desculpar-se...

- Se Aminim tiver o coração tão macio quanto tem o seio, há de
perdoar-me!

- Se Luy tiver o que penso tão duro quanto tem o cotovelo, estarei no
quarto de hóspede deste castelo daqui a umas duas horas!

- Então tenho certeza que serei perdoado! Hahahahahaha!

- E eu de que serei visitada! Hihihihihihihihi!

- Aminim, seu riso me lembra o de alguém de quem não lembro agora!

- Talvez alguma witchlandiana... todas lá riem assim!

- É possível, Aminim!

- Essa foi por pouco! - murmurou Aminim.

- Disse alguma coisa, Aminim?

- Não, Luy... apenas pensei alto!

- Entendo! Cadê sua comitiva, Aminim?

- Eu sou minha comitiva, Luy! Gosto de viajar sozinha! Me sinto, como
direi, mais livre! Entendeu? - disse Aminim com um sorriso malicioso.

- Claro, Aminim! - respondeu Luy Sopmac já imaginando coisas.

E assim, de braços dados, chegaram ao Salão do Rango Real. Como já se
sabe, toda a corte camposlivrense estava presente a esta recepção,
afinal, o Luy Sopmac não é mão-de-vaca como certos autores e esse povo
não perde uma "boca-livre", mesmo que fictícia...

Autor - Tá querendo provocar, seu narradorzinho barato?

Narrador - Barato porque você sempre pagou mal a seus colaboradores!

Autor - Deixe de conversa fiada, rapaz... você narra todas as minhas
novelinhas!

Narrador - Porque nenhum outro narrador quer ganhar o que eu ganho!

Autor - Meu Deus! Quanta ingratidão!

Narrador - Ingratidão é a sua, pagando essa merreca de salário!

Autor - Eu o tirei da lama, meu rapaz! Não esqueça disso!

Narrador - O fato de narrar aqueles contos pornográficos que o Edson
Música envia, não quer dizer que sou mau profissional!

Autor - Isso não, meu rapaz... mas pegava mal pra sua reputação, né?

Narrador - Mas você não achou ruim eu narrar seus contos eróticos?

Autor - Conto erótico não é conto pornográfico, meu rapaz!

Narrador - Mas mesmo assim, eu...

Leitor - Vocês poderiam parar com essa discussão boba e continuar a
novelinha?

Autor - Tá vendo aí? Chega de conversa! Volte ao seu trabalho!

Narrador - O Senhor é quem manda, Chefinho!... O rei dirigiu-se a uma
mesa no centro do salão, puxou uma cadeira para Aminim e sentou-se ao
seu lado. O Mestre de Cerimônia Real Joaq Nett aproximou-se do rei e
tomou-lhe o Cetro Real, tirou-lhe a Capa Real e segurou sua Espada
Real, deixando-o apenas com a Coroa Real...

- Ai, que alívio! Essa espada pesa pra cacete!

- Que rei é esse! - murmurou Aminim.

- Disse alguma coisa, Aminim?

- Disse: com esse calor não sei como você agüenta usar essa capinha!

- São as frescuras da realeza, Aminim!

- Realmente!... É muita frescura pro meu gosto!

- Não entendi, Aminim?

- Essas formalidades diplomáticas são muito frescas!

- Nisso eu concordo! Mas só depende de nós quebrar esses protocolos!

- Se depender de Mínima... ops!

- O que tem a Mínima com nossa conversa?

- Desculpe-me, esqueci que você não gosta dela!

- Por que você lembrou da Madame Mínima agora, Aminim?

- É que lembrei quando ela visitou Witchland... ela quebrou todos os
protocolos!

- Não fale dessa mulher perto de mim!

- Você não gosta mesmo dela, né, Luy?

- Ela é muito implicante e brigona!

- E você é um anjo, né, Luy?

- Muito pelo contrário, mas, se possível, evito as brigas!

- Como assim?

- Penso antes de falar, tá?

- Não é que ela não pense antes, sabe como é, né?

- Sei... é ariana e é mulher! Hahahahahahaha!

- Machista! Hihihihihihihi!

- Acho melhor nos servirmos antes que esse povo coma tudo!

- Mas tem tanta comida no buffet, Luy!

- Sim... mas você não conhece essa gente, Aminim! Vamos lá!

Eles se levantaram e, juntos, foram até a mesa das entradas...

- Que maravilha! Capelle di funghi, Arancine al baccalá, Badejo ao
aliche, Beringela com gorgonzola, Camarão com feijão branco, Canapés
de carpaccio de carne, Canapés de truta defumada, Camponata siciliana,
Ceviche de atum, Cogumelo recheado com tomate e ervas, Coquetel de
frutos do mar, Crepe de siri, Mousse de salsão, Mozzarella in carozza,
Pizzette com mozzarella e pomodoro, Quiche de ecarola, Quiche de
endívia, Tartare de salmão e Vieiras na concha!

- Tudo para agradá-la, Aminim!

- Fico com água na boca só de imaginar os pratos principais, Luy!

- Foram feitos especialmente para recebê-la, Aminim!

- Não mereço tanto, Luy!

- Merece mais do que pensa, Aminim!

- Não sei nem o que escolher!

- Faça como eu... pegue um pouquinho de cada, Aminim!

- - -

@ Capítulo X


Após colocarem algumas entradas em seus pratos, Luy Sopmac e Aminim
retornaram à mesa...

- Hummm! Esta beringela com gorgonzola está gostosa!

- Sou mais você, Aminim!

- Você ainda não provou!

- Mas imagino o sabor!

- Vá imaginando e lambendo o lençol!

- Você é tão má assim, Aminim?

- Às vezes, Lindinho!

- Espero que hoje não seja, Aminim!

- Quem sabe, né?

Sem querer, Aminim deixou cair um pouco da beringela em seu decote...

- Oh!

- Deixe que eu limpo, Aminim! - disse Luy Sopmac pegando um dos
alvíssimos guardanapos de linho...

- Nããããão!

- Ok! Então limpe você mesma! Tome o guardanapo!

- Não é isso, Luy... quero que você pegue a beringela com seus dedos!

- Mas a corte toda nos observa, Aminim!

- Que morram de inveja, Luy! Limpe, vá!

Luy Sopmac não esperou uma segunda ordem. Meteu os dedos no decote da
embaixatriz e retirou o pedacinho da beringela que se alojara entre os
seios da moça...

- Agora passe os dedos para tirar a gordura, Luy... e lamba-os!

O rei, sob os olhares gulosos dos homens presentes, fez o que Aminim
ordenou...

- Hummm! Que delícia, Aminim! - falou Luy Sopmac, excitado.

- Você ainda não provou nada, Lindinho! - disse maliciosamente Aminim.

- É só o que desejo, Aminim!

- Tudo a seu tempo, Luy!

- Contarei as horas, os minutos e os segundos que me separam deste
maravilhoso momento!

- E ele virá, Luy! - sorriu Aminim.

- Esta noite é especial, Aminim!

- Estou vendo, LuY! Guardanapos e toalhas de linho invejavelmente
alvas, baixela de fina prata, louça genuinamente camposlivrense ,
copos e taças de cristal Samlasadzurc...

- E o mobiliário pertenceu ao grande Luy Sopmac LI, meu antepassado!

- Será que mereço tanto?

- Muito mais do que pensa, Aminim!

- Acho melhor voltarmos ao bufê, senão esse povo come tudo, Luy!

- É verdade, Aminim! Vamos lá!

- Uau! Champignons au vin, Coulies à lórientale, Crevettes à la
provençale, Faisan à la normande, Gâtteau dásperges, Huitres farcies,
Langoustes aux herbes thai, Medaillons dágneau, Soufflê au fromage,
Mousseline de grenouilles, Oeufs pochês, Pigeons aux raisins, Poule
kiev, Poulet pernod, Steak au poivre, Truites aux amandes, Veau au
paprika... e tudo isso regado a champanhe Cristal e Romanée-Conti!

- Para você ver como caprichei, Aminim!

- Por esta noite, acho que você merece um prêmio, Luy!

- Meu maior prêmio é sua companhia, Aminim!

- Obrigada, Luy! Mas você, sendo um rei, poderia querer mais, né?

- O que um rei pode querer mais, além de uma companhia agradável ao
lado e sobre a mesa um tributo ao paladar?

- Estes detalhes me despertam todos os sentidos, Luy!

- Pois é! Além do prazer, comer é um ritual que alimenta o corpo e o
espírito, Aminim!

- Com esse banquete você me proporcionou momentos de encanto e magia.
Espero retribuir à altura, Luy!

- Isso é uma promessa, Aminim?

- Não, Luy... uma certeza!

E nesse clima de emoções, desejos e conflitos, findou-se o jantar...

- Gostaria de acompanhar-me à varanda? A lua está esplendida, Aminim!

- Adoraria, Luy! Vamos!

- Desta vez, mais atrevido, Luy Sopmac abraçou a embaixatriz e a
conduziu à varanda. Uma vez lá, sentaram em poltronas estrategicamente
colocadas lado a lado...

- Hoje seu Chef de Cuisine Real caprichou, Luy!

- O Cozinheiro Real é muito caprichoso, Aminim!

- Acho que vou levá-lo para Witchland, Luy!

- Não deixarei, Aminim... os pratos que ele prepara serão meu eterno
convite para que você retorne inúmeras vezes a este castelo!

- Eu não voltaria aqui apenas pelas delícias da mesa, Luy. Embora seja
apaixonada pelo mundo gastronômico, algo mais importante me traria
ao Reino dos Campos Livres!

- E posso saber o que seria, Aminim?

- Não, Luy... é segredo de mulher! Hihihihihihi!

- Essa sua risada...

- Você já falou sobre isso, Luy! Não vai querer se repetir, né?

- Desculpe-me, Aminim, mas...

- Luy, você poderia levar-me ao quarto que ocuparei? Estou um pouco
cansada! - desconversou Aminim.

- Agora mesmo, Aminim! Vamos!

Ambos levantaram e, com a mão no ombro da moça, o rei a levou até um
dos quartos de hóspedes do castelo. À porta, despediu-se dela...

- Bem, aqui está seu quarto, Aminim!

- Que número sugestivo, Luy! Seis ponto nove!

- Não há qualquer outra conotação a não ser a de indicar o quarto,
Aminim! O primeiro algarismo indica o número do quarto, o segundo, a
ala em que este está, no pavimento!

- Mas se tirarmos o ponto... promete!- disse Aminim maliciosa.

- E agora, Aminim?

- Agora você vai pro seu quarto banhar-se e eu farei o mesmo... e o
aguardo aqui dentro de uma hora, Luy! - disse Aminim com um sorriso
cheio de promessas.

- Manda quem pode, obedece quem tem juízo! - disse Luy com um sorriso.

- Até mais, Luy... seja discreto!

- Serei, Aminim!

O rei, quase correndo, foi pro seu Quarto Real. Lá, como no de Aminim,
uma tina com água morna o aguardava. Ele tomou seu banho de cuia, como
certamente Aminim estaria fazendo e, após este, vestiu um roupão
vermelho sem nenhuma outra roupa por baixo, perfumou-se e penteou a
careca e alguns fios de cabelos que resistiam à calvície. Foi até o
quarto de Aminim e bateu discretamente na porta...

* TOC, TOC!

- Entre, Luy - disse sensualmente Aminim lá de dentro.

Quando Luy Sopmac entrou no quarto, Aminim estava deitada. Vestia uma
fina camisola de seda preta que pouco escondia dos encantos daquele
corpo que se oferecia à volúpia de ambos...

- Venha, Luy... sente-se aqui ao meu lado!

- Seu desejo é uma ordem... ao meu desejo, Aminim!

Luy sentou-se na beirada da cama. Oferecendo-lhe os lábios, Aminim o
puxou contra si. Luy a beijou com paixão e ternura, enquanto suas mãos
percorriam o corpo da moça. Com jeitinho, ela o fez deitar-se ao seu
lado, abrindo-lhe o roupão e acariciando seu peito e brincando com os
pelos...

- Luy, quero que você...

- Eu também quero, Aminim! - interrompeu Luy cheio de desejo na voz.

- Calma, Luy... quero que você pegue estas taças que estão sobre o
criado-mudo!

- Para quê, Aminim?

- Elas contém uma poção afrodisíaca que eu trouxe de Witchland!

- Eu ainda não preciso de Viagra, Aminim!

- Não é nada disso, Luy... é apenas uma poção do amor!

- Ah! Tudo bem! Aqui estão, Aminim!

- Você bebe o fluído azul e eu beberei o rosa, Luy!

- Tudo pelo amor e pela paixão, Aminim!

- É isso aí, Lindinho! Brindemos ao amor!

* TIM TIM!

- - -

A história de Danyl - Partes 8, 9 e 10.

A história de Danyl.
(Partes 8, 9 e 10).


@ Parte VIII


Após aquele papo tão "cultural", Asoief levou Iul até uma das varandas
do castelo...

- Sabe, Iul, daqui tenho uma vista maravilhosa: embaixo fica parte do
Jardim Real que, internamente, cerca todo o castelo. Papai adora e
respeita a natureza. À sua esquerda tem o Pomar Real, com todas as
espécies de árvores frutíferas que se conhece; à sua direita fica a
horta real, com todos os tipos de hortaliças conhecidas; próximo a
esta, estão o Aviário Real, a Estrebaria Real, o Chiqueiro Real e o
Canil real; À sua frente descortina-se uma paisagem indescritível...
tem a imensa Floresta Real, habitat de pássaros e animais silvestres
que termina na linda cadeia das Montanhas Reais. Pela manhã, até o
meio-dia, os píncaros das montanhas ficam encobertos por um espesso
nevoeiro, dando-nos a impressão de um lindo Cartão Postal Real!

- Você descreveu a paisagem tão bem que consigo imaginar a beleza do
lugar! Não tem nada a ver, mas eu me lembrei, Asoief... como vocês
conseguem gelar a cerveja?

- O Gelo Real vem do cume das Montanhas Reais e é conservado nos
Barris Reais de Carvalho Real!

- Humm!

- Humm, o quê, Iul?

- Nada! Entendi!

- Vamos sentar aqui na Varanda Real para sentirmos um pouco essa
Brisa Real, Iul!

- Antes gostaria que você me levasse ao Sanitário Real! Essa Cerveja
Real está querendo sair por uma torneira real!

- Claro, Iul! Agora mesmo! Vamos ao meu quarto!

- Sou todo seu, Asoief! - disse Iul já pensando bobagem.

Asoief conduziu Iul até sua Suite Real e mostrou-lhe onde ficava o
Vaso Sanitário Real. Iul fez seu pipizinho e saiu do banheiro. Asoief
o fez sentar-se em sua Cama Real. Iul sentou-se na beirada da cama ao
lado da princesa que, aproveitou-se por estar próxima ao moço para
fazer-lhe um Cafunézinho Real. Por pouco Iul não dormiu. Minutos
depois um Lacaio Real veio chama-los para o almoço. Asoief, segurando
a mão de Iul, o levou até onde estava servido o Repasto Real e o
fez sentar-se à uma das cabeceiras da Mesa Real, sentando-se ao lado
dele, enquanto o Rei Udib sentava-se na outra cabeceira...

- Bom apetite, Marquês!

- Obrigado, Majestade!

- Creio que minha filha terá prazer em preparar sua refeição, Marquês!

- Não tenha dúvida, Papai! - disse a moça com um brilho no olhar.

- Obrigado, Asoief!

- O que você quer comer, Iul? - perguntou carinhosamente Asoief.

- O que posso escolher, Asoief? - perguntou Iul educadamente.

- Temos arroz-doce e canjica,
paçoquinha, mungunzá.
Pão-de-queijo, caruru,
torresmo e vatapá.
Bolo de puba, aipim,
tucupi e tacacá!

Também churrasco gaúcho,
muita moqueca nortista.
Até tutu-à-mineira,
e o virado paulista.
Feijoada carioca,
amendoim, salsicha mista!

Pé-de-moleque, sequilho,
brigadeiro e rosquinha.
Pastel, jujuba, empada,
milho, quibe, queijadinha.
Sanduíche de presunto,
olho-de-sogra, coxinha!

Tem também algumas frutas,
melancia e jamelão.
Cupuaçu e laranja,
caju, uva e mamão.
Banana, manga, ameixa,
abacaxi e melão!

- Conheço esses versos também, Asoief, mas devo dizer que O cardápio
está bem variado e parece apetitoso!

- Claro que está, Iul! E os versos são do mesmo cordel do Blind Joker!

Realmente aquele repasto foi digno de um rei e à altura de um nobre
Marquês... mesmo que de mentirinha!
A mesa, repleta de iguarias, além de dar água na boca, encheria os
olhos de quem enxergasse e apreciasse uma boa refeição. Nas terrinas
e vasilhames havia "de um quase tudo". Após o almoço, arrotos de
satisfação, bucho cheio e falta de educação para a nossa cultura
tupiniquim, Asoief levou Iul mais uma vez para a varanda. Conversaram
até a noite cair, quando Iul disse que estava na hora de voltar pra
casa. Tristonha e com os olhos marejados, Asoief, da janela do seu
quarto, viu a carruagem que o rei mandara levar Iul, partir...

- * -

Na manhã seguinte, enquanto Iul fazia seu desjejum, Danyl prosseguia
com seu plano de torná-lo um nobre de posses aos olhos do rei e da sua
filha. Saiu andando pelos campos que se estendiam a perder de vista ao
longo do caminho que a carruagem real costumava percorrer durante o
passeio diário do rei e da princesa. Ao encontrar o primeiro grupo
de lavradores, o gato lhes disse ameaçador:

- O rei logo vai passar por aqui. Se ele perguntar a quem pertencem
estas terras, respondam-lhe que pertencem ao Marquês de Racabás, se
não quiserem virar comida de gato!

Os camponeses, amedrontados por pensarem que o gato era o Ogro Torgo,
obedeceram a Danyl...

- A quem pertencem estas terras, Senhores? - perguntou o rei aos
camponeses.

- São terras do Marquês de Racabás, Majestade!

O rei ficou impressionado com os muitos bens que o amável e educado
marquês possuía, pois, durante o passeio percorreu muitas terras e, em
todas, ouvia a mesma resposta à sua pergunta:

- A quem pertencem estas terras, Senhores?

- São terras do Marquês de Racabás, Majestade!

O soberano pensou que jamais encontraria melhor partido para sua
filha. O Marquês de Racabás, além de ser um nobre rico, era cego e,
assim, não se importaria com o fato da princesa ser feiosa. Também por
perceber os olhares que a filha dedicava ao jovem Iul, compreendeu que
ela já o amava...

- * -

Após andar por algumas horas, Danyl chegou ao castelo do Ogro Torgo,
verdadeiro dono daquelas terras e "Amo e Senhor" dos camponeses que
ele ameaçara pelo caminho. Bateu forte no portão e aguardou ser
atendido. Lá dentro, uma voz de trovão fez-se ouvir:

- Quem me importuna a essa hora?

- É Danyl, em nome do Marquês de Racabás!

O malvado Ogro Torgo veio pessoalmente abrir o portão e Danyl viu-se
diante de um gigante horroroso ...

- És tu quem se atreve a ameaçar os meus campesinos! - rugiu o ogro.

- Si-sim... po-porém foi só por cu-curiosidade! - gaguejou o gato.

- Curiosidade? Sobre o que você está curioso, seu gato atrevido?

- É-é ver-verdade que você po-pode transformar-se em qual-qualquer
cri-criatura? - perguntou Danyl, tremendo que nem vara verde.

- Sim... quer ver, gatinho? - respondeu o monstro já se transformando
num enorme leão que rugiu ameaçador.

Danyl, assustado, correu e escondeu-se sob um grande móvel. Do seu
esconderijo, provocou o Ogro Torgo:

- Mas virar leão para um gigante, deve ser fácil! Quero ver você virar
um bichinho menor do que eu, por exemplo!

Como da vez anterior, antes que Danyl terminasse a frase o gigante
transformou-se numa pequenina perereca. Saindo rapidamente do seu
esconderijo, Danyl saltou sobre a perereca e a engoliu. E esse foi o
fim das malvadezas do gigante Ogro Torgo... e o fim deste capítulo!

- - -

@ Parte IX


Alguns serviçais do terrível e malvado gigante Ogro Torgo presenciaram
os últimos minutos de vida do seu maligno Amo. Ao vê-lo ser comido por
Danyl, explodiram em gritos e palmas de alegria...

- UUUUU PLAC PLAC PLAC HURRA UUUUU PLAC PLAC PLAC HURRA UUUUU VIVA!

Danyl fez uma reverência de agradecimento pelo entusiasmo daquela
gente humilde que sofrera o pão que o diabo amassou nas mãos do tirano
Ogro Torgo e, subindo numa mesa, discursou:

- A partir de hoje vocês servirão ao Marquês de Racabás! Terão um
salário digno, direito à moradia, educação, assistência médica e à
aposentadoria por tempo de serviço!

- UUUUU PLAC PLAC PLAC HURRA UUUUU PLAC PLAC PLAC HURRA UUUUU VIVA!

- Obrigado, Senhoras e Senhores! Agora vamos pegar no batente para
pôr este castelo nos trinques e torná-lo habitável para seu novo Amo
e Senhor! Vamos pintar tudo, limpar, arrumar, trocar roupas de cama,
abrir todas as janelas para arejar o lugar e colocar flores e plantas
em todos os cantos, móveis e mesas!

- Não se preocupe, Senhor Gato... em menos de três linhas este castelo
estará mais limpo do que o bolso do autor dessa novelinha! - disse, em
nome dos demais, um senhor com cara de gente boa.

Dito e feito. O castelo ficou uma belezura... e nem precisou contratar
arquitetos ou decoradoras. Quando a Carruagem Real passou em frente
ao castelo, agora com aspecto de coisa nova e cuidada, o Rei Udib
perguntou a um dos homens que, cantando e sorrindo, cuidavam do jardim
que circundava todo o fosso do castelo:

- Senhor, a quem pertence este belo castelo que nunca vi antes?

- Ao Marquês de Racabás, Majestade! - respondeu o jardineiro.

Ao ver que a carruagem do Rei Udib parara, Danyl foi ao encontro desta
e convidou o rei e sua filha a entrarem...

- Será uma honra para meu Amo, o Marquês de Racabás, a visita de
Vossa Majestade e da Princesa ao seu castelo, embora ele não esteja em
casa no momento!

- Vosso Amo, o Marquês de Racabás, é muito simpático e um bom papo,
mas declinarei do convite pois logo a noite chegará! Dê-lhe meus
sinceros cumprimentos e diga-lhe que minha filha folgaria em vê-lo uma
outra vez!

- O recado será transmitido na íntegra, Majestade!

- Então até uma outra oportunidade, Senhor...

- Meu nome é Danyl, Majestade!

- Então, Senhor Danyl, nos veremos em qualquer linha dessa novelinha!

- Se for vontade do autor, certamente, Majestade!

A Carruagem Real partiu em direção ao castelo do Rei Udib. Danyl,
enquanto esta estivera parada diante do agora castelo do Marquês de
Racabás, observara que a Princesa Asoief olhava tudo à sua volta como
se procurasse alguma coisa ou alguém... e ele sabia a quem seus olhos
buscavam!
Sem perda de tempo, Danyl mandou que preparassem uma carruagem para ir
buscar Iul na sua cabana em Argen, uma das florestas de Satobedotag.
Assim que chegou, contou sua proeza ao amigo e ambos sorriram a valer.
Foi difícil para Danyl convencer Iul a deixar a cabana e ir morar no
castelo que ele conquistara para seu amigo, mas, quando o gato falou
dos olhares que percebera na Princesa Asoief quando esteve em frente
ao castelo que pensava ser do Marquês de Racabás, Iul não pestanejou
e rapidinho arrumou suas poucas coisas e entrou na carruagem, sem
esquecer de dizer ao amigo gato que esta cabana continuaria sendo seu
refúgio. Danyl concordou com o amigo, mas disse-lhe que a Princesa
Asoief estava acostumada ao conforto que seu pai, o Rei Udib, lhe
proporcionava. Nessa noite os amigos conversaram bastante e, no dia
seguinte acordaram quase às onze horas. Iul, conduzido pelo amigo,
conheceu todas as dependências do castelo e aos serviçais. A educação
refinada do rapaz conquistou a todos. O castelo, agora reformado e
limpo, exalava um perfume agradável. As flores e plantas dos vasos
ornamentais davam um toque especial ao ambiente. Durante o almoço, Iul
confessou ao amigo seu amor pela princesa e decidiu que a pediria em
casamento. Danyl gostou da idéia e disse a Iul que iria nesta tarde ao
castelo do Rei Udib para marcar a data do pedido.
O Rei Udib recebeu Danyl com grande pompa e, ao saber a razão da
visita do gato, Asoief não conseguia esconder seu contentamento.
Como Iul era simples, preferiu que o pedido fosse sem festa e a data
do casamento foi marcada e aconteceria no mês das noivas. Enquanto
Iul e Asoief namoravam quase todas as noites, os proclamas e convites
percorriam as terras do Reino dos Campos Livres. Embora Danyl se
sentisse um pouco entediado, prometeu a si mesmo ficar até que o
casamento se realizasse. Na data marcada, toda a corte estava presente
ao evento. A decoração da igreja estava simples e elegante, com vários
tipos de flores brancas, como lírios, rosas e orquídeas. Nos castiçais
de prata, ardiam grandes velas aromatizadas que traziam para dentro
da igreja o perfume dos bosques que cercavam o castelo. A ornamentação
da fachada da capela ressaltava sua arquitetura. Tudo estava muito
bonito e até o sol, ao se pôr, colaborou tingindo o céu de vermelho,
laranja e amarelo sobre aquele pedaço de azul claro, como dissesse que
nesse dia haveria festa no Céu, na Terra e no coração de todos que
amavam a jovem e simpática princesa, seu bondoso pai e agora a Iul,
futuro esposo de Asoief.

O casamento seria celebrado pelo Cardeal Laedrac que, na sacristia,
conversava com alguns nobres enquanto aguardava que a noiva chegasse.
Na nave da capela, Iul e todos que estavam por ali tiveram uma grande
surpresa. Ao entrar na igreja, o Rei Lui Sopmac ao ver Iul conversando
próximo ao altar principal, exclamou boquiaberto:

- Oh, meu Deus... é meu irmão Iul!

As pessoas presentes, observando a semelhança entre o Rei Lui e o cego
Iul, também exclamaram:

- Oh, eles são idênticos!

- Lui, meu irmão querido... há quanto tempo! - exclamou emocionado Iul
com lágrimas nos olhos.

A esta altura do campeonato, digo, do casamento, todo mundo chorava de
emoção pelo reencontro dos irmãos. Lui e Iul, abraçados, choravam aos
borbotões. A noiva ainda não chegara, atrasada como todas as noivas
que se prezam. Dizem que faz parte da etiqueta nupcial, mas que é um
saco, isso é. Enquanto a noiva não chega, vamos aproveitar para ouvir
um pouco mais a conversa entre os irmãos... se o choro deles deixar!

- O que houve, Iul? Por onde você andava, mano?

- Você sabe, Lui, que desde criança sempre gostei de aventuras e de
estar em contato com a natureza... aí saí pelo mundo!

- Mas precisava sumir, Iul? Por que nunca nos deu notícia do seu
paradeiro, mano?

- Ora, Lui... quem vive pelo mundo quer ser livre, quer distância das
convenções, quer fugir dos pesadelos da cidade, quer apenas viver!

- Mas mano, você gostava do nosso castelo e das nossas brincadeiras!

- Mas Lui, nós éramos crianças e, para uma criança, cada dia é uma
nova aventura!

- Quando você sumiu todos ficamos preocupados. Mamãe e papai choraram
de saudade e por falta de notícias suas, por muito tempo!

- E como estão eles, Lui?

- Muito bem, Iul... estão com Papai do Céu!

E ambos choraram mais um pouco. Nesse momento, ao som das trombetas,
conduzida pelo Rei Udib, a noiva adentrava a capela. Lui então disse
ao irmão:

- Vou levá-lo até diante do altar para você receber sua noiva, mano!

- Obrigado, Lui! Conversaremos na festa!

Após deixar o irmão diante do altar, o Rei Lui Sopmac voltou a ocupar
seu lugar junto aos demais padrinhos da noiva. O Rei Udib e a Princesa
Asoief, ao som de um reggae medieval, chegaram ao lado do rapaz. Iul
recebeu A princesa da mão do seu pai e dando-lhe o braço, virou-se
na direção do altar. O Cardeal Laedrac estava apenas aguardando que a
noiva fosse entregue ao noivo para iniciar a cerimônia. O Coral Real,
ao som do Órgão Real, entoou a marcha nupcial... e Danyl, ao ver a
Princesa Asoief, de queixo caído, pensou:

- Oh, ela está linda! Nem parece a princesa que conheci no sétimo
capítulo! O que uma boa maquiagem não faz... e um autor meloso!

Realmente Asoief estava irreconhecível, isto é, estava simplesmente
linda. Mas, como não sou desses que ficam olhando mulher alheia,
voltarei minha atenção para os trajes dos nubentes...
Iul vestia um terno grafite riscado, camisa cinza chumbo e gravata num
tom mais escuro que o da camisa, porém mais clara do que o terno.
Usava sapatos e cinto pretos e meias grafites. Iul estava elegante,
mas quem causava sensação era a noiva. Todos os olhares se voltavam
para ela. Asoief estava impecável. A princesa caprichara no visual e
estava muito bonita. Usava um vestido... o quê? Acabou o capítulo?
Sinto muito, caro leitor, mas vocês só saberão como a princesa estava
vestida no próximo capítulo! Até mais ver!

- - -

@ Parte X


Onde eu parei mesmo? Ah, eu descrevia os trajes dos noivinhos. Como eu
dizia, o Marquês de Racabás estava muito elegante, mas a Princesa
Asoief que, como todas as noivas, era a protagonista principal desse
maravilhoso, emocionante e inesquecível dia na vida de uma mulher,
estava simplesmente deslumbrante. Ela vestia um longo de corpo justo
em crepe de seda na cor rosa "bebê" (Será que já...? - Rê rê rê!), sem
mangas, com uma cauda saindo das laterais. O decote em "V" realçava a
beleza do seu busto, sobre o qual caía um exuberante colar de pérolas
da Tiffany, combinando com os brincos e braceletes da mesma marca.
O cabelo armado num coque alto e um pequeno véu davam-lhe um charme
especial. Os sapatos altos e de saltos finos tornavam mais esguia sua
figura. Ela trazia nas mãos um buquê redondo de pequenos botões de
rosas naturais e um terço à volta deste. Nos braços, além dos
braceletes, apenas duas singelas pulseiras com três coraçõezinhos de
diamantes incrustados. Os dedos finos das delicadas mãos não traziam
anel algum. Se Iul enxergasse veria o quanto sua futura esposa estava
encantadora. Após os noivos dizerem o "sim", trocarem as alianças e
os juramentos de praxe, o Cardeal Laedrac, desejando felicidades a
ambos, deu por encerrada a parte religiosa do casamento e os nubentes,
padrinhos e alguns convidados dirigiram-se à sacristia para assinar
a papelada que oficializaria a parte civil do enlace. Depois de quase
uma hora de assina aqui, assina ali, todos foram para o castelo do Rei
Udib onde seria realizada a festança. À porta da igreja uma carruagem
prateada com frisos dourados, puxada por oito cavalos brancos com
plumas de avestruz na cabeça e arreios de ouro aguardava os noivos
para levá-los ao local da festa. Por causa das mais de cem carruagens
estacionadas no pátio do templo, houve um pequeno congestionamento que
foi logo resolvido pelos cocheiros e escudeiros que aguardavam seus
senhores e todas seguiram a carruagem dos noivos em cuja traseira os
amigos destes amarraram alguns barris de carvalho, penduraram pequenos
sinos e ainda escreveram frases picantes com chantili, fazendo alusão
ao enlace e à noite de núpcias do casal. (Rê rê rê!)
Como o trajeto era curto, logo a comitiva chegou ao castelo, que fora
todo pintado, reformado e ornamentado para receber os convivas. O Rei
Udib contratara um buffet da Capital e a nobreza camposlivrense que,
como sabemos, não perde uma boca livre, estava ali em peso, disposta a
comer e beber à vontade. Assim que pisaram o salão, os noivos foram
recebidos por uma chuva de pétalas de rosas e aplausos. Após receberem
os cumprimentos, Asoief achou que era chegada a hora de, como manda a
tradição, atirar o buquê para trás, por cima da sua cabeça. As damas
presumivelmente solteiras, presentes, entre estas, as baronesas Aneli,
Ceni Tespon e Mexines; as condessas Écari Lin, Ramisa Yltau, Tair
Desmen e Taline; as duquesas Ahtri Gon, Anne Lucy, Eliami, Marnele
Gars; a marquesa Pat Braill e as princesas Dreana, Duds e Zialu,
faziam o maior alvoroço e, sorrindo e dizendo gracinhas, no afã de
pegar o buquê, empurravam-se umas às outras por pura brincadeira, mas,
por superstição ou não, viam-no como um talismã para arranjar marido e
sair do barricão...

VUPT! TUMP!

O buquê voou, voou, voou e foi apanhado, ainda no ar, pela... como é
mesmo o nome dessa moça? Ah, deixa pra lá! Depois eu descubro!

Assim que as damas dispersaram, a retreta contratada pelo rei para
animar o baile deu os primeiros acordes da valsa nupcial e os noivos
saíram dançando, trocando olhares apaixonados. Quando eles pararam de
dançar, a galera explodiu em aplausos. Como a orquestra tocava todos
os ritmos populares da idade desmédia, atacou um forró pé-de-torre e
os pares se formavam para dançar, esbaldando-se na pista de dança,
indo, de vez em quando, às suas mesas para descansar um pouco, beber
um drinque e comer alguma coisa. As cinqüenta e uma garçonetes não
paravam de servir bebidas e passar com as bandejas de salgadinhos
entre todas as cinqüenta e uma mesas. Tanto o Rei Udib, quanto os
noivos, fizeram questão que seus súditos participassem da festa que,
segundo Danyl, tinha gente saindo pelo ladrão. Numa dessas idas e
vindas do gato pelo salão, ele resolveu dar um pulo, não literalmente,
claro, na mesa do amigo Iul. O Rei Lui Sopmac conversava animadamente
com o irmão e Asoief, pendurada no ombro do marido, entre um afago e
outro, sorria ao ouvir as histórias das muitas travessuras dos irmãos
quando crianças.
Nas sete mesas à volta desta, via-se toda a nobreza camposlivrense.
Ao passar entre algumas pessoas, alguém o chamou...

- Danyl... Danyl!

Imediatamente o gato reconheceu a voz do Conde Rodavlas e foi ao seu
encontro...

- Papai! Que prazer revê-lo! Como estão mamãe e as manas?

- Com muitas saudades, filho! Venha vê-las, elas estão aqui! - disse o
conde abraçando o filho e levando-o até a mesa onde estavam seus
familiares.

- Mamãe... Anadria... Enidale! - exclamou Danyl sem conseguir segurar
algumas lágrimas que teimavam em cair.

A Condessa Anigroj, entre lágrimas, abraçou o gato, digo, o filho...

- Meu filho, meu filho... que bom revê-lo! Volte pra casa... estamos
morrendo de saudades!

- Eu também tenho saudade de vocês, Mamãe, mas meu destino já está
escrito e dele ninguém foge, Mamãe! Eu quero bater perna, Mamãe!

- Mas, filho, isto não é vida!

- Ora, Mamãe... eu tenho sete vidas... deixe-me ao menos estragar
umazinha!

Nesse momento Anadria e Enidale aproximaram-se do irmão e o abraçaram
também. O Conde Rodavlas, com os olhos marejados, observava os quatro
abraçados, mas não quis intervir para não quebrar o encanto daquele
momento sublime que desejaria levar de lembrança quando voltasse para
Samlasadzurc. Danyl sentou-se com seus familiares e prosearam cerca de
duas horas, quando o gato decidiu que iria embora, pois sabia que,
quanto mais tempo ficassem juntos, mais eles sofreriam...

- Mamãe, Papai, manas... tenho que ir!

- Mas já, filho? Fique mais um pouco conosco, filho!
Não vai nem esperar cortar o bolo, filho?

- Não se vá, mano! - pediu chorosa Enidale.

- Não posso ficar nem mais um minuto com vocês! - cantarolou Danyl com
um sorriso triste.

- Tudo bem, mano... até mais! - disse Anadria.

- Vê se manda notícias, mano! - completou Enidale.

- Não se preocupem, maninhas... é só ler os próximos capítulos dessa
novelinha e vocês saberão o que ando fazendo! - disse Danyl sorrindo.

- Tudo bem, filho... falarei com a Marquesa de La Moderación para
inscrever-me na "CL"! - disse o Conde Rodavlas.

- Vá em paz, filho... e Deus o abençoe! - disse a Condessa com a voz
trêmula.

Para que seus pais e irmãs não sofressem mais, Danyl decidiu ir embora
da festa. Deixando os seus, foi até a mesa de Iul e Asoief para
despedir-se destes...

- Marquês, Princesa, Rei Lui... Estou indo!

- Está bem, Danyl... nos falamos amanhã!

- Certo, Marquês!

- Tchau, Danyl! - disse a princesa.

- Até amanhã, Danyl! Iul me contou como vocês se conheceram!

- É uma longa história, Majestade!

- Eu também quero ouvir essa história, Danyl! - disse a princesa.

- Bem... se vocês querem mesmo saber como tudo começou, é só ler os
primeiros capítulos dessa novelinha. Fui! - disse Danyl sorrindo
enquanto se afastava dos amigos.

Antes de deixar o salão, Danyl foi despedir-se do Rei Udib e de alguns
nobres que conhecia. Segundo as revistas semanais Óia, Digo e Período,
a festa durou três dias, sem a presença dos noivos que viajaram ainda
na primeira noite para a lua-de-mel numa maravilhosa e afrodisíaca
praia do litoral nordestino no Lisarb, reino vizinho ao Reino dos
Campos Livres, só retornando a Satobedotag três semanas depois.
Durante esse tempo, Danyl administrava a vida no castelo e, nas horas
vagas e à noite, confortavelmente instalado sobre enormes e macias
almofadas de seda e veludo, lia os poemas e contos escritos por Iul,
os gibis do Blind Kid, do Mandblind, Capitão Blind, Super-Blind,
Inspetor Blind, entre outros da coleção que Iul guardava com o maior
esmero e carinho, ouvia a FM51, uma das emissoras de rádio local ou
assistia tevê em imagens captadas pela antena "paranóica" que Iul
mandou instalar para assistir desenhos animados, seriados, novelas e
filmes do Babenco, Chaplin, Fellini, Glauber, Hitchcock, Polanski e
Spielberg, bem como a alguns de faroeste e selva.

Quando a carruagem que trazia Iul e Asoief apontou na curva, Danyl
e os serviçais do castelo já os esperavam na ponte levadiça com buquês
de rosas brancas para ofertar à princesa. A carruagem adentrou o
castelo e todos foram atrás gritando hurras, vivas e batendo palmas.
Asoief, emocionada com a recepção calorosa dos seus futuros serviçais,
não pôde conter as lágrimas, mas, com um largo sorriso recebia as
flores e apertava a mão de todos que se aproximaram dela. Após essa
manifestação de carinho, os empregados se retiraram e o casal,
acompanhado pelo Danyl, foi até o salão de armas para prosear um
pouco. Duas horas mais tarde, o casal retirou-se para seus aposentos.
Durante o jantar, Danyl contou tudo que ocorrera na ausência de Iul e
o colocou a par das novidades e providências que deveriam ser tomadas
para o bom andamento dos serviços no castelo. Falou que os serviçais
estavam cientes de suas responsabilidades e vinham trabalhando com
afinco e dedicação, merecedores de todos os elogios. Segundo ele, Iul
e Asoief nunca teriam qualquer aborrecimento com seus serviçais.
No almoço do dia seguinte, Danyl disse aos amigos que iria partir...

- Mas por que quer nos deixar, Danyl? - indagou tristonha a princesa.

- Já fiquei tempo demais aqui, amigos... quero viver novas aventuras!

- Eu o compreendo, Danyl! Espero que volte para nos visitar, amigão!

- Claro, Iul! Talvez nos encontremos em uma outra novelinha!

- Eu espero que sim, Danyl! Devo a você minha felicidade, amigo. Se
não fosse você, eu nunca conheceria o amor da minha vida!

- Ora, Iul... ninguém foge ao seu destino, amigo!

- Eu também quero agradecer-lhe, Danyl, por haver dado uma mãozinha ao
meu destino e colocado Iul em minha vida!

- Mesmo que eu não tivesse ajudado, Princesa Asoief, seu destino já
estava traçado!

- Fique mais alguns dias, amigo Danyl... eu gostaria de ouvir algumas
das suas histórias! - disse a princesa.

- Não se preocupe, Asoief... haverá sempre alguém interessado em
narrar minhas aventuras!

Eles continuaram conversando enquanto almoçavam e, logo após a sesta,
Danyl estava pronto para partir...

- Bem, amigos... estou indo!

- Está bem! Ficaremos aguardando notícias!

- Eu escreverei para vocês, Iul!

- Vá com Deus, Danyl! - disse a princesa chorando.

Danyl deu um forte abraço no amigo, abraçou Asoief, beijou-lhe a mão e
desceu a escadaria que o levaria ao pátio externo do castelo. Ali, os
serviçais o esperavam para despedir-se daquele que os salvara do seu
terrível algoz...

E entre abraços, lágrimas e aplausos, Danyl deixou o castelo!

- - -