@ Parte XI
O sol já havia colorido o céu quando Danyl decidiu procurar um lugar
para pernoitar. Do alto de uma colina que acabara de subir, avistou,
não muito longe, um moinho e deduziu que chegaria por lá antes que a
noite caísse. Caminhou por cerca de uma hora e meia até chegar na
cancela do sítio. Percebeu, pelo estado da casa, do estábulo e do
moinho que há muito tempo estaria abandonado. A noite já chegara e,
como do alto da colina fora a única propriedade que ele vira naquela
estrada deserta,não havia razão para continuar a caminhada em busca de
coisa melhor. Abriu a cancela e caminhou em direção à casa. Embora as
janelas estivessem fechadas, a porta encontrava-se entreaberta. Dentro
da casa a escuridão era total e ele não enxergava um palmo adiante do
nariz. Cautelosamente caminhou procurando um canto onde o vento dessa
fria noite outonal que entrava pelas frestas das janelas, portas e
buracos no telhado, não chegasse. De repente chocou-se com algo macio
e caiu por cima de um bicho enorme que estava deitado bem no meio da
sala. Assustou-se ainda mais quando, com um vozeirão, o animal disse:
- Que é isso? Será que o céu está caindo sobre mim?
- Desculpe-me, amigo! - conseguiu dizer Danyl.
- Quem é você e o que faz por aqui?
- Eu sou um gato e procurava um canto para descansar!
- A sala tem quatro cantos... é só escolher um e deitar!
- Mas é que esse vento encanado está muito frio!
- Aqui onde estou ele não chega... deite aí do lado!
- Posso recostar-me em você?
- Qual é a sua? Você é gato ou engana a torcida?
- Não é isso, amigo... é que você está tão quentinho!
- Tá legal! Pode recostar-se desde que não ronque e fique quietinho!
- Obrigado, amigo!
Danyl recostou-se nas costas do bicho e, por estar muito cansado, logo
pegou no sono e sonhou que dormia sobre aquelas almofadas de seda e veludo
que ficaram no castelo. Na manhã seguinte levantou-se antes do amigo e
descobriu que seu parceiro de pernoite era um jegue. Como estava com
sede e tinha a garganta seca, saiu para procurar água potável. Atrás
da casa viu um poço e foi averiguar se não estaria seco. Por sorte
havia bastante água no poço e este não era muito fundo. Procurou em
volta algum vasilhame para pegar a água mais não achou nada. Resolveu
ir até o estábulo para ver se achava uma vasilha. Além da poeira e
das teias, encontrou alguns cacarecos amontoados a um canto e, quem
diria, no meio dos trastes um velho balde de ordenha e até um pedaço
de corda. Volto ao poço, amarrou a corda na alça do balde e o jogou
n'água. Mesmo o balde vindo cheio, tinha tantos furos que Danyl teria
que ser rápido se quisesse matar sua sede. Mais uma vez a sorte lhe
sorria, pois os furos do balde estavam do meio para cima. Após saciar
a sede, aproveitou e lavou a cara. Nesse momento, o jegue aproximou-se
dele e pediu-lhe que pegasse água pra ele beber...
- Bom-dia, amigo gato! Poderia pegar um pouco de água pra mim?
- Bom-dia, amigo jegue! Claro que sim!
Danyl voltou a jogar o balde no poço e, ao retirá-lo, disse ao jegue:
- Seja rápido, amigo, senão você ficará sem água!
- É mesmo, amigo gato!
Depois que o jegue também matou a sede, Danyl lhe perguntou:
- Por acaso, sabe se há alguma coisa por aqui para comermos?
- Eu também cheguei ontem à noite... só um pouquinho mais cedo do que
você e fui logo dormir!
- Bem, vamos procurar o que comer! Saco vazio não fica em pé, né?
- Tem razão! Acredito que algumas dessas árvores atrás do moinho sejam
frutíferas! De fome é que não morreremos, amigo gato!
- Eu ontem nem vi essa floresta, só prestei atenção no moinho!
- É que o moinho se destaca na paisagem por ficar mais próximo da
estrada!
- É verdade! A mata está muito lá pra trás! Vamos até lá?
- É pra já!
O jegue caminhou na direção que falara e Danyl o seguiu de perto. Era
um verdadeiro paraíso aquele lugar. Havia árvores de todas as espécies
conhecidas, arbustos, plantas pequenas e flores, numa variedade de dar
inveja a qualquer jardim botânico. Antes mesmo de entrar na mata, o
jegue encontrou uma iguaria que o fez lamber os beiços...
- Amigo gato, essas jacas estão maduras e com cara de gostosas! Vamos
dividir algumas?
- Eu vou procurar frutas mais leves... quero continuar esbelto!
- Eu fico por aqui! Preciso de muita energia, amigo gato! Sou muito
pesado!
- Você é gordo, isso sim, amigo jegue! - disse Danyl desaparecendo
entre as árvores.
Danyl retornou cerca de uma hora depois e encontrou o jegue recostado
na jaqueira e sentou-se ao lado dele...
- Achou comida, amigo?
- Você não imagina quantas árvores frutíferas existem nessa mata!
- Umas duas jaquinhas já saciam minha fome... mas quais frutas você
encontrou por lá?
- Uma verdadeira salada de frutas... abacate, abiu, abricó, açaí,
ameixa, amêndoa, amora, araçá, babaçu, bacuri, buriti, cacau, cajá,
cajarana, caju, caqui, carambola, castanha-do-pará, cupuaçu, figo,
fruta-do-conde, fruta-pão, goiaba, graviola, groselha, guabiroba,
guaraná, guariroba, ingá, jabuticaba, jaca, jambo, jatobá, jenipapo,
licuri, manga, mangaba, maracujá, maria-preta, marmelada-nativa,
murici, pequi, pindaíba, pinha, pitanga, pitomba, pupunha, sapoti,
tamarindo e umbu. Também vi por lá, abacaxi, acerola, amendoim, cana,
banana, laranja, lima, mamão, milho, tangerina e até coco, dendê,
limão, palmito e tomate!... e olhe que nem fui até o outro lado!
- E aí você fez a festa, hein, amigo...
- Meu nome é Danyl, e o seu?
- Me chamo "Irmão"!
- Vai ser muito engraçado ouvir um gato chamar um jegue de irmão!
- Diz a Bíblia que somos filhos do mesmo Pai, né?
- Desde quando um jegue entende de religião?
- Meu ex-dono se dizia cristão e sempre lia passagens da Bíblia para
mim!
- Ele queria catequizá-lo, Irmão?
- Que nada, Danyl! Era só pra treinar... ele queria ser Pastor da
igreja que participava! Um hipócrita, isso sim!
- Por que, Irmão?
- Ele se dizia cristão, porém me fazia trabalhar de sol-a-sol e ainda
me maltratava!
- Qual era seu trabalho?
- Eu fazia de um tudo naquele sítio, desde carregar água potável em
quatro barris, a grandes pedras nos dois panacus... era o dia todo e
todos os dias, de segunda a sábado com aquela cangalha sobre o lombo!
Foram vinte anos nessa vida, amigo Danyl!
- Mas agora você está aposentado, né Irmão?
- Aposentado? Eu estou é velho e cansado!
- Você não é velho nada!
- Não foi isso que ouvi do meu ex-dono, Danyl! E tem mais: se eu não
fugisse, iria virar charque!
- Que maldade, Irmão! Como ele pôde pensar em fazer isso com você?
- Você não conhece da missa, um terço, amigo! O que apanhei nesses
anos, não está no gibi!
- Ele o espancava sem você fazer nada?
- Às vezes, no domingo, eu estava tão cansado que me recusava a
levá-lo à igreja dele... aí eu empacava e nem me mexia!
- E ele batia em você?
- Ora, amigo Danyl... pra que existe chicote e pau? O safado, com a
Bíblia debaixo do braço, dava pauladas e chicotadas no meu lombo, mas
eu não derramava uma lágrima... não ia dar esse gostinho pra ele!
Ele que fosse andando... era só meia légua!
- E o que você vai fazer agora?
- Eu sempre sonhei viver da música e estou indo pra Nemerb!
- Você toca que instrumento, Irmão!
- Nenhum... eu vou ser cantor!
- E que tipo de música pretende cantar?
- Ópera, talvez... em último caso, música popular desmediana!
- Acho que irei com você!
- Porreta! A gente pode formar uma dupla sertaneja, né?
- E por que não? Vamos lá, Irmão!
- É isso aí, Danyl... vamos fazer o maior sucesso!
- Vamos pôr o pé na estrada, Irmão, Nemerb deve ser bem longe daqui!
- Que nada, Danyl... se esse autorzinho não enrolar, chegaremos em
Nemerb no próximo capítulo!
- Então é melhor que partamos já!
- Vamos lá, Danyl! Se cuida, Chitãozinho!
Cantarolando, eles saíram do sítio e pegaram a estrada!
- - -
@ Parte XII
Enquanto caminhavam, os amigos discutiam os planos da nova carreira.
Sabiam as dificuldades que enfrentariam, mas eram perseverantes e não
iriam desistir ao primeiro obstáculo. Após caminharem umas três horas,
perceberam há cerca de trezentos metros que alguma coisa se mexia no
meio de um arbusto à beira da estrada. Receosos, aproximaram-se com
bastante cautela, afinal, não gostariam de surpresas desagradáveis...
- Será um leão, amigo Danyl?
- Não existem leões por estas bandas, Irmão!
- Mas ele poderia ter fugido do zoológico, Danyl!
- Também não há zoológicos por aqui, Irmão... e antes que você invente
mais uma, também não temos circo nessa historinha, tá?
Eles pararam defronte da moita, como se estivessem tomando coragem
para averiguar o que lhes chamara a atenção. Quando menos esperavam,
ouviram um gemido e ficaram assustados...
- Aiiiiii! Uiiiiiii!
- Que bicho será esse, Danyl?
- Não reconheço o sotaque, Irmão! Vamos até la!
- Eu não vou nada! E se for uma onça?
- Que onça, Irmão! Deixe de ser frouxo e vamos até lá!
- Por que você não vai sozinho e depois me diz que bicho é?
- So-sozinho? É-é qu-que eu so-sou pe-pequeno! - gaguejou Danyl.
- Você também tá com medo, né? Confesse logo!
- Tô sim, mas temos que ir ver o que está acontecendo, Irmão!
- Está bem... vamos lá! Ainda tenho força pra dar um belo coice!
Danyl subiu nas costas do jegue e este foi em direção à moita...
- Ora, ora, Danyl... é apenas um velho cão!
- Está ferido, amigo? - indagou Danyl.
O cachorro, arfando, virou-se na direção deles e ganiu...
- Auuuuuuuuu! Só moralmente, amigos!
Irmão e Danyl sentaram-se em frente ao cão. O animal olhou pra eles
com uma cara triste de dar dó...
- Que aconteceu, amigo? - perguntou Irmão.
- É a idade, amigo jegue!
- Que idade, que nada, amigo...
- Geléia... meu nome é Geléia!
- Eu me chamo Irmão e esse aí é o Danyl!
- Muito prazer, amigos! Mas não se preocupem comigo... podem deixar-me
aqui e seguir viagem!
- Não antes de saber que você ficará bem! - disse Danyl.
- Isso mesmo, Danyl! Só iremos se você estiver legal!
- Eu ficarei bem!
- O que aconteceu, Geléia? O que você faz aqui no meio desse nada?
- Meu dono me trocou por um cão mais jovem, amigo Danyl!
- Meu dono fez o mesmo comigo, amigo Geléia, e eu estou aqui, firme e
forte! - falou Irmão.
- Ele disse que era hora de eu me aposentar, que não tinha mais força
nem agilidade para acompanhá-lo nas caçadas, que já não servia como
cão de guarda, que só dava despesas. Por isso iria colocar-me num
abrigo para cães ou entregar-me à carrocinha!
- Que sacanagem, Geléia! - exclamou Irmão.
- Que cara casquinha! - exclamou Danyl.
- Pois é, amigos... mas quando ele deu bobeira, eu fugi!
- Fez muito bem, Geléia! A gente serve a essa gente por toda a nossa
vida e quando ficamos velhos, qual é o nosso prêmio? A ingratidão!
- Ninguém respeita um velho, Irmão! Velho só serve pra que riam às
custas dele!
- Você tem razão em parte, Geléia! Graças a deus, ainda há muita
gente nova que respeita o idoso!
- Mas é uma minoria, Danyl!
- Que seja, mas essa minoria pode fazer a diferença, Geléia! - disse
Irmão.
- Bem, desculpem-me por atrasar a viagem de vocês!
- Não se preocupe, Geléia... quem é personagem desse autorzinho baiano
tem que ter paciência e tem todo o tempo do mundo! - disse Irmão.
- E ter saco também, né Irmão? - completou Danyl.
- Eu sei o que é isso, amigos... em oito anos de convivência, essa é a
segunda vez que sou personagem dele! - disse Geléia.
- Bem, Geléia... você quer fazer o quê?
- Ficarei por aqui, Danyl, esperando minha hora!
- Quem sabe faz a hora, não espera acontecer, Geléia!
- Você quer dizer com isso que devo me matar, Irmão?
- Que se matar, que nada, Geléia... eu quero dizer que você deve vir
conosco pra Nemerb!
- E o que vocês vão fazer em Nemerb? - perguntou Geléia.
- Nós iremos cantar... eu e o Danyl faremos uma dupla sertaneja!
- Que bacana, caras... eu sempre gostei de música!
- Então... topa ir conosco? - perguntou Irmão.
- Claro! Posso ajudar nos bastidores!
- Que bastidores, que nada, Geléia... você estará conosco sob os
holofotes! - disse Irmão.
- Mas vocês não vão montar uma dupla sertaneja? - perguntou Geléia.
- Nada mais de dupla sertaneja... agora seremos um trio romântico e
cantaremos seresta! Se cuida, Trio Irakitan!
- É isso aí, Irmão! - disse Danyl.
- Então vamos voltar à estrada... a fama nos espera, amigos!
- É isso aí, Irmão! - disse Danyl.
E os três saíram do mato e retornaram à estrada. Durante a caminhada
conversavam sobre como seria o trio e quais músicas escolheriam como
repertório inicial...
- A gente pode cantar em portunhol, pessoal! - disse Irmão.
- Eu gosto muito de música latina! - disse Geléia.
- Estou pensando em compor alguns boleros pra gente! O que acham?
- Acho uma boa idéia, Danyl!
- A gente também pode cantar os clássicos, né?
- Claro, Irmão... e quando a gente conquistar a fama, a gente canta
nossas próprias composições, Irmão!
- Brilhante, Geléia! - disse Danyl.
Eles já haviam caminhado umas duas léguas e a prosa ia animada...
- Có-có-córi-có! Có-có-córi-có!
- Quem estará cantando assim tão triste e desafinado?
- Deve ser um galo, né, Irmão? Hahahahahaha!
- A não ser que alguém esteja imitando um galo, né, Danyl? Hahahahaha!
- Vocês dois são muito engraçadinhos... eu sei que é o canto de um
galo... perguntava aonde ele poderia estar!
Nem bem Irmão acabou de falar, eles avistaram um galo empoleirado numa
cerca duma granja abandonada ao lado da estrada...
- Vamos até ele, rapazes! - disse Irmão.
Os três se aproximaram do galo que os olhou surpreso...
- Que fazem os camaradas por essas paragens?
- Vamos à Nemerb, amigo... - interrompeu-se Danyl.
- Meu nome é Carijó! - disse o galo.
- Prazer, Carijó! Eu sou Danyl e esses são meus amigos, Irmão e
Geléia!
- Muito prazer, rapaziada!
- O prazer é nosso! - responderam Irmão e Geléia a uma só voz.
- Por que está sozinho nesse lugar desolado, Carijó?
- Por estar velho e não dar mais conta das franguinhas, Irmão!
- Ih! Até parece o Corno Velho Babão! Hahahahahaha!
- É mesmo, Danyl! Hahahahahahaha! - disse Irmão sorrindo.
- Tenho pena desse velho aí, rapaziada! - disse Carijó.
- Não era bem isso que eu via, rapazes! falou Geléia.
- Acho melhor continuarmos essa história antes que "alguém" se rete e
desista de escrever o resto dessa novelinha! disse Danyl, irônico.
- Você tem razão, Danyl!
E aí, Carijó... qual é o motivo desse canto tão melancólico?
- Eu era o garanhão numa granja aqui pertinho, até que fui ficando
velho e o dono me trocou por um galo jovem!
- Até aí, nada demais, né, Carijó?
- Eu sei que já não dava conta do recado, Geléia, mas daí a ser
ameaçado de ir parar na panela, é demais, né não?
- Isso é um absurdo! - respondeu Irmão.
- Pois é, rapaziada... e para não virar canja, eu fugi e aqui estou!
- Estamos indo a Nemerb para cantar! - disse Danyl.
- Vamos nos tornar músicos! - falou Geléia.
- Você tem uma boa voz, Carijó! Quer ir conosco? - perguntou Irmão.
- Claro, claro, rapaziada! - exclamou Carijó entusiasmado.
- Pronto, amigos... agora somos um quarteto! - disse Irmão.
- Ficaremos mais famosos do que aqueles caras de Liverpool!
- É mesmo, Danyl! E do que os... esqueci!
- Relaxe, Geléia! Seremos mais famosos até do que o autorzinho dessa
novelinha! Hahahahahaha!
- Tem razão, Irmão! Hahahahahahahaha!- disse a sorrir, Carijó.
- Então vamos nos pôr a caminho, gente! - disse Danyl.
E os quatro voltaram à estrada. Após caminharem umas três léguas,
encontraram, caído ao lado desta, um velho gato. Eles se olharam e...
- Será que está morto? - perguntou Danyl.
- Acho que não... sua barriga está subindo e descendo! - disse Carijó.
- Deve estar dormindo! - disse Geléia.
- Vamos acordá-lo! - falou Irmão decidido.
Assim que os quatro se aproximaram do gato, este levantou-se de um
pulo...
- Miauuuuuuuu! Quem são vocês?
- Calma, amigo gato... somos de paz! - respondeu Geléia.
- O que você faz aqui nesse ermo, amigo? - perguntou Irmão.
- Estou viajando sem destino! - respondeu o gato tristemente.
- E qual a causa dessa sua tristeza? - perguntou Danyl.
- Quem viaja está sempre alegre, amigo... - disse Irmão esperando o
complemento da sua frase.
- Eu me chamo Mimi!... e sou uma gata!
- Que maravilha! - exclamou Danyl com um sorriso de orelha a orelha.
- Não entendi o entusiasmo, Danyl? - interpelou Carijó.
- Né por nada não! - respondeu Danyl sem esconder o sorriso.
- E aí, Mimi... o que lhe aconteceu para motivar essa viagem?
- Amigo...
- Irmão, Mimi... e esses são o Danyl, o Geléia e o Carijó!
- Prazer, rapazes! - disse Mimi com um sorriso.
- O prazer é nosso, Mimi! - responderam os quatro em uníssono.
- Mas nos conte sua história, Mimi! - falou Danyl educadamente.
- Bem... estou ficando velha e prefiro uma almofada quentinha a ficar
correndo atrás de ratos. Por isso fui banida de casa por minha dona!
- Que maldade! - disse Danyl comovido.
- E eu ainda não gastei nenhuma das minhas sete vidas! - falou Mimi.
- Coisas da vida, Mimi! - disse Irmão.
- Quer ir conosco à Nemerb, Mimi? - perguntou Danyl.
- O que vocês vão fazer em Nemerb?
- Seremos músicos, Mimi! - disse Carijó.
- E ganharemos muito dinheiro, Mimi! - completou Geléia.
- E seremos mais famosos do que o povo do Fama e do Ídolos!
- É isso aí, Irmão! Venha conosco, Mimi! - disse Danyl.
- Está bem! Irei com vocês! - respondeu Mimi.
- Uau uau uau! - exclamou Danyl eufórico e... malicioso.
- - -
@ Parte XIII
E assim, o gato Danyl, o jegue Irmão, o cão Geléia, o galo Carijó e a
gata Mimi voltaram à estrada e iniciaram a caminhada rumo ao sucesso.
A cidade de Nemerb estava algumas léguas distante dali e, como estava
escurecendo, os cinco amigos decidiram pernoitar num bosque que
encontraram após caminharem algumas horas. Combinaram passar a noite ali
e reiniciarem a viagem na manhã seguinte. Irmão e Geléia deitaram-se sob
uma enorme árvore. Danyl e Mimi deitaram-se sobre uma grande pedra e
Carijó subiu num dos galhos mais altos dessa árvore. Ao dar uma olhada
em volta, o galo viu, ao longe, uma claridade. Observando melhor,
percebeu que a luz provinha de uma pequena cabana...
- Companheiros, companheiros... vejo uma cabana aqui perto!
- Lá estaremos mais protegidos da friagem da noite!
- Então o que esperamos, amigo Irmão? - disse Geléia.
- Vamos até la, gente! É possível que encontremos algumas almofadas!
- No mínimo é mais confortável do que essa pedra, Mimi! - falou Danyl.
Carijó deu um salto e caiu sentado sobre a cabeça do Irmão que, sobre
seu dorso, carregava Danyl e Mimi. Geléia, um pouco atrás, acompanhava
Irmão. Segurando as longas orelhas do jegue, Carijó o orientava. À
proporção que se aproximavam da cabana, a claridade aumentava. Quinze
minutos depois estavam diante da casa e, por segurança, pararam há uns
dez metros de distância desta...
- Tem alguém lá dentro! - disse Irmão.
- Será que é a casa da Madame Mínima? - perguntou Mimi assustada.
- Madame Mínima mora num velho castelo, Mimi!- respondeu Danyl.
- Será a casa da vovó da Chapeuzinho Vermelho? - perguntou Geléia.
- Aquela é outra história, Geléia! - respondeu Carijó.
- Fiquem em silêncio. Vou aproximar-me e olhar por aquela fresta na
janela! - disse Irmão.
Casco ante casco, Irmão chegou até a janela e observou o interior da
casa e viu, à volta duma mesa, quatro homens mal-encarados que comiam
e bebiam. Silenciosamente retornou para junto dos amigos e lhes contou
o que vira dentro da cabana...
- Devem ser ladrões! - disse Danyl.
- Também acho! - falou Geléia.
- Temos que expulsá-los de lá! - disse Carijó.
- Eu tenho um plano! - falou Mimi.
- Que plano é esse, Mimi? - perguntou Irmão.
- Abaixem-se aqui... blá blá blá!
- Brilhante idéia, Mimi! - falou Danyl.
- Vamos à execução desse mirabolante plano, pessoal! - disse Irmão.
Eles aproximaram-se da janela. Irmão colocou uma das patas dianteiras
sobre o peitoril desta, Geléia subiu em suas costas, Danyl e Mimi
subiram nas costas de Geléia e Carijó voou até ficar nas costas de
Danyl. A um sinal combinado, iniciaram uma horrorosa cantoria: Irmão
zurrava, Geléia latia, Mimi e Danyl miavam e Carijó cacarejava. Após
dois minutos desse estardalhaço, Irmão quebrou a janela e os cinco
entraram casa adentro, fazendo uma barulheira infernal. Assustados, os
homens, aos gritos de pavor, abandonaram a cabana numa só carreira e
foram esconder-se na floresta...
- Socorro!
- Com mil demônios!
- Fantasmas!
- Aiiiii! Assombrações!
Às gargalhadas, os cinco amigos sentaram-se à mesa, comeram e beberam
até ficarem saciados. Depois desse lauto jantar, procuraram um lugar
para dormir: Irmão deitou-se num monte de palha que havia no quintal;
Geléia deitou-se junto à porta, como a vigiá-la; Danyl e Mimi
deitaram-se sobre as laterais do fogão e Carijó empoleirou-se numa das
vigas do telhado. Como todos estavam muito cansados, logo adormeceram.
Minutos após a meia-noite os homens viram que a luz fora apagada e o
silêncio reinava na casa, então decidiram voltar. O que parecia ser o
chefe, disse aos demais:
- Não devemos ter medo! Vamos voltar à cabana!
Fulano... vá até lá ver como estão as coisas!
Fulano obedeceu e entrou na casa. Dirigiu-se ao fogão para acender uma
vela. Tomando os olhos dos gatos, que brilhavam no escuro, por brasas,
tentou acender um fósforo num dos olhos do Danyl. Danyl acordou,
acordando Mimi e os dois avançaram contra o home, cuspindo-o e
arranhando-o. Fulano tomou um grande susto e correu em direção à porta
dos fundos, mas Geléia, não gostando de ser atropelado, mordeu-lhe a
bunda. Fulano saiu pela porta do quintal a fora, mas ao passar perto
de Irmão, levou um tremendo coice. Carijó que acordara com o barulho,
voou para a cabeça do coitado e deu-lhe boas bicadas. Fulano, todo
machucado e tremendo de medo, conseguiu fugir e foi juntar-se aos
parceiros, contando-lhes sua versão do ocorrido:
- Há uma terrível bruxa lá dentro! Ela me cuspiu a cara e me arranhou
com suas unhas afiadas. Na porta da cozinha fica um anão mau que me
cortou a bunda com um canivete. No quintal levei uma paulada nos
peitos de um dragão cinzento e várias bicadas na cabeça do corvo da
bruxa horrorosa! Acho melhor não voltarmos lá... é muito perigoso!
- Eu é que não entro nessa casa! - disse Beltrano.
- Nem eu! - falou Sicrano.
- Covardes! Tenho em meu bando três grandes covardes!
- E por que o Senhor não vai lá, Chefinho? - perguntou Fulano.
- Porque eu sou o Chefe aqui, porque não está no script e porque não
ganho pra isso! Vamos procurar serviço numa novelinha menos violenta!
- Certo, Chefe! - disseram Fulano, Beltrano e Sicrano ao mesmo tempo.
Depois disso nunca mais os bandidos voltaram à casa e os cinco amigos
ficaram morando por ali. Estavam tão bem que decidiram esquecer Nemerb
e, despreocupadamente levavam a vida a cantar, compor, comer, beber e
dormir.
De vez em quando alguém da redondeza os contratava para animar bailes
pastoris, batizados, aniversários e até quermesses. e eles, contentes
e felizes, iam mostrar suas músicas. E assim o tempo transcorreu sem
novidades, até que num belo alvorecer de primavera...
- Amigos, tenho que deixá-los!
- Por que, Danyl?
- Porque este é meu destino, Carijó!
- Que destino que nada, Danyl... isso tá mais pra script de novelinha
abestada! - disse Irmão irritado.
- Fazer o quê, Irmão? A vida de um personagem é um eterno vai e vem!
- Eu disse alguma coisa que o magoou, Danyl?
- Claro que não, Mimi!
- E nós o ofendemos alguma vez, Danyl? - perguntou Geléia.
- Claro que não, amigos, mas compreendam...
- Compreender o quê, Danyl? - perguntou Mimi.
- Se eu ficar por aqui mais tempo, esse autorzinho vai ter motivo pra
levar mais outro tempão sem escrever um novo capítulo dessa novelinha!
- Você tem razão, Danyl! Esse baiano é mais enrolado do que abará!
- E mais escorregadio do que quiabo em azeite de dendê, Irmão! Hahaha!
- Hahahahahaha! - riram todos.
- Bem... estou indo! Até qualquer outra aventura, amigos!
- Até, Danyl! - disse Carijó.
- Tchau, Danyl! - falou Geléia.
- Até mais, Danyl! - Completou Irmão.
- Adeus, Danyl!
- Adeus não... me diga até breve, Mimi!
- Até breve, Danyl! - disse Mimi com uma lágrima caindo dos olhos.
E Danyl enveredou pelo bosque e logo sumia entre as árvores...
- * -
Após uma caminhada de léguas, Danyl percebeu que a paisagem mudara um
pouco, mas como tudo pode acontecer nessas novelinhas, nem ligou.
Continuou caminhando e logo chegava numa pequena fazenda. Na margem de
uma lagoa, Danyl viu uma menininha brincando com um cachorrinho e
aproximou-se deles...
- Bom-dia, menina!
- Bom-dia, gato!
- Posso beber água dessa lagoa?
- Claro que sim, gato... eu e Totó sempre bebemos e nunca sofremos
qualquer distúrbio intestinal!
- Então dê licença!
* CHOMP CHOMP CHOMP CHOMP CHOMP CHOMP!
- Você estava com sede, hein, gato?
- Estou andando desde cedo, menina!
- Me chame de Dorothy, gato!
- Seu nome é muito bonito, men... Dorothy! Eu me chamo Danyl!
- Muito prazer, Danyl! De onde você vem?
- É uma longa história, Dorothy!
- Eu tenho todo o tempo do mundo para ouvi-la, Danyl!
- Então eu posso contá-la, mas antes gostaria de comer alguma coisa!
- Venha comigo, Danyl! Venha também, Totó!
Danyl e Totó acompanharam Dorothy até o interior da casa...
- Que bonita casa de madeira, Dorothy!
- Foi o Tio Henrique quem a fez! Vamos pra cozinha!
- Você está passando férias com seu tio, Dorothy?
- Não, Danyl... eu vivo aqui com a Tia Ema e o Tio Henrique...
- Au au au!
- E com o Totó, meu companheiro de brincadeiras!
- Você é um cãozinho simpático, Totó!
- Au au au au!
- Obrigada pelo elogio ao Totó, Danyl!
- De nada, Dorothy!
Dorothy fez alguns sanduíches e preparou uma jarra de suco de goiaba
para eles e sentou-se ao lado de Danyl...
- Pode se servir, Danyl!
- Obrigado, Dorothy!
- Tome aqui, Totó... mas coma devagar, garoto!
- Humm! Estão uma delícia, Dorothy!
- São naturais, Danyl! Aqui só comemos comida natural!
- Nunca pensei que comida natural fosse tão gostosa, Dorothy!
- Muita gente pensa que é ruim, Danyl... mesmo sem experimentarem!
- E cadê seus tios?
- Eles foram à cidade! Logo estarão de volta!
* CABRUM!
- Parece que vai chover, Danyl... vou fechar as janelas!
- É bom mesmo... a ventania está aumentando!
* VUUUUCH! TRASSC! TRESCH!
De repente, um redemoinho elevou a casa nos ares e começou a viajar
com ela no seu topo...
- Socorro, Danyl!
- Au au au!
- Segure-se, Dorothy... a casa está sendo levada pelo vento!
- Vou sentar-me ao seu lado, Danyl!
- Venha... isso... segure-se na mesa!
- E agora, Danyl?
- Vamos esperar o desenrolar dessa novelinha, Dorothy!
- Au au au!
- Totó pressentiu algo, Danyl!
- É que estamos descendo, Dorothy!
- É mesmo!
* THUBUM! PLESSG!
- Chegamos ao chão, Dorothy!
- Vamos esperar um pouco, Danyl!
- Au au au!
- Totó não quis esperar, Dorothy... já está la fora! Hahahahaha!
- Esse Totó não é brincadeira! Hahahahaha!
- - -
@ Parte XIV
Como Totó já estava lá fora, Danyl e Dorothy decidiram sair também.
O cenário era desconhecido para eles e Totó insistia em latir para um
dos cantos externos da casa. Curioso, Danyl foi até o local e observou
que eles haviam aterrizado exatamente sobre uma casa e esta fora
soterrada...
- Veja, Dorothy... pousamos sobre uma casa e esta afundou no chão!
- Só espero que não tenhamos machucado ninguém, Danyl!
- Acho que não tinha gente em casa, Dorothy! Pelo menos, eu não vi!
- Ainda bem! Onde será que estamos, Danyl?
- Não faço a mínima idéia, Dorothy!
- Quero voltar para casa, Danyl! Não há lugar como o nosso lar!
- Isso é verdade, Dorothy! Boa romaria faz, quem em sua casa está em
paz!
- Vamos dar uma volta por aí, talvez descubramos como voltar!
- É uma boa idéia, Dorothy!
Acompanhado por Totó, eles seguiram por uma estradazinha ladeada de
flores e plantas estranhas...
- Essas plantas têm umas caras feias, Danyl!
- Cuidado, Dorothy... são plantas carnívoras!
- Fique aqui ao meu lado, Totó!
- Olhe ali uma placa, Dorothy! Vamos ver o que diz!
E eles caminharam até a tabuleta...
- Aqui diz, "Terra de OZ - Leste", Danyl!
- Que lugar será este, Dorothy?
- Não sei... mas vou descobrir!
- Precisamos voltar pra casa logo... seus tios podem chegar e se não
encontrarem a casa ou você, vão ficar doidinhos!
- É verdade! Temos que descobrir como voltar para casa!
Nesse momento, voando entre as flores, surgiu diante deles uma pequena
e graciosa figura...
- Olá, pessoal!
- Olá, moça! - cumprimentou Danyl.
- Olá, bonequinha! - disse Dorothy.
- Quero agradecer a vocês o favor que me fizeram e gratificá-los!
- Que favor? - indagou Dorothy.
- O de terem matado a Bruxa Má do Leste!
- Oh, não! Tinha alguém naquela casa! Então foi por isso que Totó
latia tanto! - disse tristemente Dorothy.
- Au au au!
- Até Totó entendeu o que você disse, Dorothy!
- Mas ele me compreende, Danyl... e eu o entendo!
- Não fique triste, menininha! Com a morte da Bruxa Má do Leste, vocês
libertaram os "Pimpolhos" que eram escravos dessa bruxa terrível!
- Há males que vêm pro bem! - disse Danyl.
- Mas era preciso que ela morresse, Danyl?
- Mas não podemos mudar a história, Dorothy!
- A Justiça poderia cuidar dela, Danyl!
- Justiça? Nem na ficção ela funciona, Dorothy!
- A justiça demora, mas não falha, Danyl!
- Você precisa parar de ver desenhos animados, Dorothy!
Nesse momento, a Bruxa Boa do Norte interrompeu a conversa...
- O papo está bom, mas devo voltar ao Norte. Quero gratificá-los
por libertarem, mesmo que involuntariamente, Os Pimpolhos que eram
escravos da Bruxa Má do Leste!
- Não foi nada! Foi sem querer mesmo!
- Mas se ela quer nos gratificar, que mal há nisso, Dorothy?
- Eu só quero voltar para casa!
- Vou dizer-lhes como voltar à sua terra, Dorothy!
- É só isso que preciso saber, bonequi...
- Pare de me chamar assim, Dorothy... eu sou a Bruxa do Norte!
- Oh, não! Outra bruxa!
- Calma, Dorothy! Aqui em Oz tínhamos quatro bruxas: duas más e duas
boas!
- Quatro? Duas más? - indagou Danyl.
- Como a Bruxa Má do Leste está morta, só restam a Bruxa Má do Oeste e
as duas bruxas boas: eu e a Bruxa Boa do Sul!
- Desculpe-me, Bruxa Boa do Norte... mas como sairemos daqui?
- Só o Mágico de Oz pode ajudá-los a saírem desta Terra. Calcem esses
sapatos encantados que pertenciam à Bruxa Má do Leste e sigam por esta
estrada de tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas. Procurem o
Mágico de Oz e ele vai ajudá-los! Fui!
(Cantando)- Sigam a estrada de tijolos amarelos,
sigam a estrada de tijolos amarelos,
sigam, sigam, sigam...
Para verem o Mágico, o maravilhoso Mágico de Oz,
vocês verão que ele é um gênio da feitiçaria,
cheio de virtudes e do que é capaz de fazer!
Dizendo isso a bruxa desapareceu entre as flores que margeavam a
estrada. Dorothy e Danyl nem tiveram tempo de agradecer. Eles calçaram
os sapatinhos de rubi e, sem demora, puseram-se a caminho, seguidos
de perto por Totó. Após andarem cerca de meia hora, eles encontraram
um espantalho. Ele fora pendurado pelo pescoço num galho duma árvore
que ladeava a estrada...
- Danyl, vê se liberta esse pobre espantalho!
- É pra já, Dorothy!
Danyl tirou o espantalho da árvore e este, coçando o pescoço de palha,
disse:
- Obrigado, menina e... gatinho ! Eu já estava ficando sem palha!
- De nada, espantalho! - disse Dorothy.
- Quem o pendurou nesse galho, seu espantalho?
- Foi a Bruxa Má do Leste!
- E por que ela fez isso?
- Porque eu lhe disse que queria ter um cérebro!
- Mas você é um espantalho! - disse Danyl.
- Ah, eu sou um fracasso, porque não tenho um cérebro!
- O que você faria com um cérebro, se tivesse um? - perguntou Dorothy.
- Se eu tivesse um cérebro, poderia tomar decisões, saberia discernir
entre o bem e o mal, imaginar coisas, usar a razão!
- Venha conosco! O Mágico de Oz lhe dará um cérebro!
- Tomara que sim, menina...
- Meu nome é Dorothy, esse é Totó e o gato se chama Danyl!
- Muito prazer, gente! Meu nome é Scarecrow!
E os quatro voltaram à estrada. Após caminharem quase uma légua,
encontraram, recostado a uma árvore, um lenhador de lata já um tanto
enferrujado...
- Danyl, vê se dá um jeito nas juntas desse homem de lata!
- Farei isso, Dorothy!
Depois de algumas sacudidelas, de exercícios nas juntas do homem de
lata, ele estava quase como novo...
- Que faz aí sentado, Senhor homem de lata? - perguntou Dorothy.
- E-eu? M-meeu Deus! Eu posso falar de novo!
- Você está perfeito agora!
- Já posso bater no meu peito vazio agora! Eu estou perfeito!
- E o que fazia aí abandonado a enferrujar?
- Estou esperando!
Esperando o quê? - indagou Danyl.
- Um coração! O ferreiro esqueceu de me dar um coração!
- Venha conosco! O Mágico de Oz lhe dará um coração!
- Que legal, menina! Então eu vou com vocês!
- Eu sou Dorothy e esses são Danyl, Scarecrow e meu cãozinho Totó!
Prazer, gente! Eu me chamo Tin Man!
E os cinco se puseram a caminho da Cidade das Esmeraldas. Não haviam
caminhado nem vinte minutos quando avistaram um leão...
- Escondam-se! Um leão! - gritou Danyl.
- Calma, Danyl, que o leão é manso! - disse Dorothy.
O rugido do leão cortou os ares...
- - -
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