quarta-feira, 29 de abril de 2020

Madame Mínima, a bruxinha baixinha - Capítulos 11 a 15

@ Capítulo XI


Após tomar a beberagem, Luy Sopmac colocou as taças vazias sobre o
criado-mudo e voltou a deitar-se ao lado de Aminim...

- E agora, Aminim? Quando essa poção mágica vai agir?

- Logo, logo, Luy! Teremos uma noite inesquecível!

- Desde que a conheci que sonhei em tê-la em meus braços!

- Eu sou toda tua, Luy! - disse Aminim oferecendo os lábios.

* SMACK! SCHUP!

- Que beijo delicioso, Aminim! - disse Luy após beijar a embaixatriz.

E num clima envolvente, entre suspiros de prazer e desejo, eles se
entregam às carícias do amor, dando vazão à libido já despertada.
Luy sucumbe à sedutora Aminim que, com seus ardentes beijos, o priva
da razão, fazendo com que deixe fluir todo o sentimento e paixão que
queima seu corpo e consome sua alma. Após um longo e caloroso beijo,
Luy deixa todo seu peso cair sobre o corpo de Aminim...

- Hihihihihi! o sonífero fez efeito! Sonhe com os anjos, Lindinho!

Aminim desvencilhou-se do corpo desmaiado do rei, levantou-se da cama
e vestiu seu roupão. Pegou sua varinha mágica e, descalça, desceu a
escada que a conduziria ao quintal do castelo, esgueirando-se para não
ser descoberta pelos guardas que vigiavam o castelo nessa noite. Em
menos de dez minutos chegou ao seu destino: o Criptzoológico Real...

- Até aqui, tudo bem! Espero que continue assim!

Leo Nard, o Tratador Real, fora visto por Aminim, aliás, como vocês já
sabem, pela Madame Mínima, no quarto de uma das Camareiras Reais, no
maior amasso. Mínima deu um toque com sua varinha mágica no enorme e
pesado portão de entrada, derretendo duas das barras verticais...

* SPRINCH! SPRINCH!

Madame Mínima, mais do que depressa, entrou pelo vão que abrira e foi
em busca do que procurava. Atravessou a ala das criaturas aladas, a
dos enormes aquários dos seres aquáticos e logo estava diante das
jaulas que prendiam os fabulosos e estranhos seres terrestres. Evitando
ser vista pelas criaturas para não provocar rebuliço, Madame Mínima
chegou na jaula treze e encontrou o Tridog tirando uma soneca ...

- Psiu! Psiu! Olá, rapazes!

Pardog - Madame Mínima?

- Claro, Pardog... sua ama e senhora veio para liber...

Pardog - Sabe há quanto tempo estamos aqui?

Eddog - A companheira esqueceu-se de nós?

Reidog - Demorou demais! Nem precisava vir mais!

- Vocês estão de cabeça quente, eu...

Pardog - Cabeça quente, um cacete... nós estamos é retados!

Eddog - A companheira não tem vergonha de nos deixar...

Reidog - Cala essa boca, Eddog! Eu quero é que essa bruxa vá...

- Calem-se, seus ingratos! Vocês estão enchendo meu saquinho!

Pardog - A gente tá ligando mesmo!

Eddog - Aqui pelo menos posso fazer meus discursos sem que reclamem!

Pardog - E quem agüenta seus discursos enfadonhos, Eddog?

Eddog - Vocês, claro!

Pardog - Seus discursos fazem com que durmamos, né, Eddog?

Eddog - Vocês não sabem apreciar um...

Reidog - Dá pra dar um tempo, Eddog? Você fala pra cachorro!

- Querem saber de uma coisa? Vou deixá-los aqui, tá? Cansei de vocês!

Reidog - Já vai tarde, Madame!

Pardog - Grande falta nos fará, Minima! Hahahahaha!

Eddog - Sejamos mais...

Pardog e Reidog - Quer fechar a matraca, Eddog?

- Eu vou, mas antes tenho um presentinho pra vocês!

Pardog - É comida, é comida?

Eddog - É um microfone?

Reidog - É um livro?

- Não, lindinhos... é isso!
Alakazim, alakazam
pra Tridog descontente
três bichinhos diferentes!

* PUFF! PUF! PUF!

- Hihihihihihihi... fui!

Após guardar sua varinha mágica, Madame Mínima foi procurar a jaula
que estava Danyl. Não teve que andar muito, pois o dragão se encontrava
quatro jaulas depois da do Tridog...

- Que prazer revê-la, Madame Mínima!

- Olá, Danyl! Vim para libertá-lo dessa prisão!

- Obrigado, Mínima!

- Afaste-se que vou derreter esse cadeado!

* SPRINCH!

- Pronto, Danyl! Você está livre!

- Vamos sair daqui, Madame Mínima! Suba em minhas costas e voaremos de
volta ao seu castelo!

- Ainda não, Danyl! Vá você e me aguarde por lá! Amanhã eu estarei em
casa!

- Não vou deixá-la aqui! É muito perigoso!

- Acalme-se, Danyl! Eu sei me cuidar! Agora, vá!

- Mas...

- Vá logo, Danyl!

- Está bem! Fui! Se cuide!

- Não se preocupe! Vá logo!

*FLAP FLAP! FLAP FLAP!

Mínima apreciou o vôo de Danyl até que este sumisse no horizonte e,
esgueirando-se mais uma vez, evitando olhares indiscretos, voltou ao
seu quarto e encontrou o rei Luy Sopmac roncando feito uma vespa...

- Brizzz brizzz brizzz!

- Como ele dorme bonitinho! Hihihihihi!

Ela deitou-se ao lado do rei e, como estava cansada, logo adormeceu.
Por volta das onze horas Madame Mínima despertou e resolveu acordar o
rei, pois precisava ir embora rapidinho...

- Luy... Luy... acorde, Lindinho!

- Hã! onde estou? Quem sou? Quem é você?

- Calma, Lindinho... é a sua Aminim, lembra?

- Oh! Eu sonhava com você, Aminim!

- E o sonho foi bom, Luy?

- Foi, mas...

- Você deve estar muito cansado, Luy!

- Como assim, Aminim?

- Porque nossa primeira noite foi maravilhosa!

- Foi? Eu dei conta do recado, Aminim?

- Tanto quanto falam aquelas que o tiveram em seus braços, Lindinho!

- É! Foi tão bom assim, Aminim?

- Foi bom demais, Luy! Uma noite memorável! Inesquecível, Luy!

- Obrigado, Aminim! Eu estava preocupado em não satisfazê-la!

- Essa noite eu fui a mulher mais feliz de Witchland, Luy!

Fico contente em ouvir isso, Aminim!

- Vamos levantar, Lindinho? Tenho fome e preciso ir pra casa!

- Não se vá, Aminim!

- Preciso ir, Luy! Se eu demoro mamãezinha fica a me esperar, pra me
castigar!

- Eu ligo pra ela, Aminim!

- Esqueceu, Lindinho, que ainda não inventaram o telefone?

- Isso é o mínimo... eu invento!

- Não, Luy! Deixemos as coisas como estão! Levante-se!

- E você?

- Estou de saída, Luy! Mande buscar minha carruagem, por favor!

- Não vai nem tomar um cafezinho, Aminim?

- Não, Lindinho... preciso mesmo ir!

Essa última frase foi acompanhada por uma bitoca...

* SMACK!

- - -

@ Capítulo XII


Luy Sopmac, ainda sonolento, levantou-se e, ao ver Aminim naquela
camisola sexi, abraçou-a carinhosamente e disse:

- Nem acredito que possuí tudo isso!

- Pode acreditar, Lindinho! Eu fui toda sua essa noite!

Luy sorriu, deu um beijinho na testa da moça, vestiu seu roupão e saiu
do quarto. Aminim guardou a pequena camisola na bolsa, vestiu uma
roupa esportiva que trouxera, sentou-se ao tocador, penteou os cabelos,
passou alguns pós no rosto, um pouco de perfume e sorriu para sua
imagem refletida no espelho...

- Você é demais, Mínima! Hihihihihi!

Alguns minutos depois, uma Camareira Real batia à sua porta...

* TOC TOC TOC!

- Entre! - gritou Madame Mínima, educadamente.

- Com vossa licença, Senhora Embaixatriz!

- Pois não, Lindinha!

- Nosso rei manda avisar que vossa carruagem está à vossa espera!

- Estou pronta, Querida!

- Eu estou aqui para acompanhá-la, Madame!

- Obrigada, moça! Então vamos!

- Posso pegar vossa bagagem?

- Sim, por favor!

A camareira pegou a pequena maleta de Mínima e a acompanhou pelos
corredores e escadas do castelo até à imponente carruagem lilás de
Mínima. Ela entrou no veículo e ordenou ao pequeno cocheiro...

- Vamos, Lole! Para casa!

- É pra já, Patroazinha! - respondeu o gnomo Lole.

Até a carruagem ultrapassar o portão principal do castelo, o povo
aplaudia, acenava e jogava pétalas de rosas. Ao ver essa demonstração
de carinho, certamente a pedido de Luy Sopmac, Madame Mínima sentiu
um pouco de remorso pelo que fizera ao simpático monarca, mas logo o
sentimento passou...

- Ah! Ele não me enganou? Estou só pagando na mesma moeda!

Da janela dos seus aposentos reais, Luy acompanhou o deslocamento da
carruagem até que esta desapareceu numa curva da estrada...

- Será que ela voltará? - pensou Luy Sopmac, já saudoso.

Como a vida e o espetáculo tem que continuar, o rei tomou seu café e
foi pro Gabinete Real trabalhar. Após umas duas horas de trabalho, Leo
Nard, o Tratador Real, entra esbaforido porta a dentro...

- Majestade, Majestade!

- Isso é jeito de entrar, Leo Nard?

- Desculpe-me, Majestade... mas estou muito nervoso!

- O que o deixou nervoso? Seu salário está atrasado?

- Não é isso, Majestade... algo muito pior!

- O que pode ser pior do que atraso salarial, Leo Nard? Os juros?
O governo do Lula? As safadezas políticas? A insegurança reinante? Os
planos de saúde? Essa novelinha?

- Nada disso, Majestade! Por favor, me acompanhe e verá com seus
próprios olhos!

- Está bem, Leo Nard! Vamos lá!

Os dois homens saíram do gabinete, atravessaram corredores, desceram
escadarias e chegaram ao quintal. Leo Nard ia na frente e dirigiu-se
ao Criptozoológico Real...

- Veja isso, Majestade!

- Caramba! Derreteram duas barras do portão de entrada... vou prender
o Ferreiro Real... deve ter comprado ferro vagabundo!

- O Ferreiro Real não tem nada a ver com isso, Majestade!

- Como não, Leo Nard! Ele fez um serviço de amador!

- Já o trouxe aqui, Majestade, e testamos as demais barras!

- Então como isto aconteceu?

- Ainda não sabemos, Majestade!

- Talvez uma das criaturas, Leo Nard?

- É possível, Majestade, pois aquele dragão verde-rosa desapareceu!

- Como?

- Pois é, Majestade... ele derreteu o cadeado da jaula e desapareceu!

- Dragãozinho traidor! Ainda o pego de novo!
Se é só isso, Leo Nard, diga ao Ferreiro Real pra consertar esse
portão e fazer um novo cadeado!

- Tem mais uma coisinha, Majestade!

- Tem? O quê?

- Venha comigo e verá, Majestade!

Luy Sopmac, mais uma vez, seguiu o Tratador Real. Quando eles chegaram
em frente à jaula treze, o rei tomou um susto...

- O que é isso, Leo Nard?

- É o que Meu Rei está vendo!

- O que esse passarinho verde, esse jabuti e esse cachorro estão
fazendo aí dentro? Cadê o Tridog?

- Não sei, Majestade... só sei que, ao trazer a comida do Tridog,
encontrei esses três bichos aí dentro!

- Como pode ser isso, Leo Nard? Será que o Tridog estava com o prazo de
validade vencido? Vamos agora mesmo ao PROCON!

- Isso não é possível, Majestade!

- E por que não, Leo Nard?

- Vossa Alteza não tem a nota fiscal da criatura, Majestade!

- É mesmo, Leo Nard! Esqueci que o roubei da Mínima! Hahahahahahaha!

- E por falar na Madame Mínima, Majestade, esse cachorro falouno
nome dela pros outros.

- Falando da Madame Mínima? O quê, Leo Nard?

- Falando que ela era a culpada de tudo!

- Como assim, Leo Nard?

- Ele disse que ela passou por aqui nessa madrugada e transformou eles
nesses bichinhos!

- Nessa madrugada? Eu não ouvi qualquer barulho estranho essa noite!

- Enem poderia, Majestade! Com um avião daquele no quarto, a gente só
escuta suspiros, Majestade! Hahahahahaha!

- Isso é verdade, Leo Nard! Hahahahahaha!
E por falar nisso, onde você estava que não viu a Madame Mínima entrar
aqui?

- Eu estava de vigia, como sempre, Majestade! Acho que ela me jogou
um feitiço pra eu não ver nada, Majestade!

- É mesmo, Leo Nard! A Mínima é muito poderosa!

- Escapei por pouco! - murmurou Leo Nard.

- Disse alguma coisa, Leo Nard?

- Não, Majestade... apenas praguejava contra Madame Mínima!

- Ah! Leve esses bichos horrorosos pras masmorras, Leo Nards... vou
extrair deles a verdade!

- Que é isso, companheiro real? E os nossos direitos? - gritou o
jabuti.

- Eu o processarei junto ao IBAMA! - gritou o passarinho verde.

- E eu o entrego ao Ministério Público, seu rei de florzinha! - gritou
o cachorro.

- O naipe é Paus, companheiro buldogue!

- Eu sei, seu passarinho pardal!

- Se sabe por que falou florzinha?

- Olhe o jeitinho desse rei, amigo jabuti! - falou o buldogue.

- Cachorro não olha pro rabo! - disse o pardal.

- O que você quer dizer com isso, seu passarinho verde? - perguntou o
buldogue.

- Nada não, companheiro... deixe pra lá! - respondeu o pardal.

- Parem com essa discussão tola!

- O companheiro real se retou, companheiros! - disse o jabuti.

- O que estes inúteis fizeram até agora, Leo Nard?

- esse passarinho passou a manhã comendo, o jabuti falando abobrinhas
e o cachorro lendo um jornal velho toda a manhã!

- Pegue os três e os jogue no fosso que circunda o castelo, Leo Nard!

- Esse fosso é mais sujo do que o Tietê, Majestade!

- Não importa, Leo Nard! Se o paulista pode conviver com a poluição do
Tietê, por que estes bichos não podem viver no nosso fosso?

- O companheiro não pode fazer isso conosco! - disse o passarinho.

- Eu não sei nadar, seu rei abestado! - disse o cachorro.

- Por mim, tudo bem! - disse o jabuti.

- Não me interessam seus problemas, já tenho os meus! Leve-os!

O Tratador Real tirou os três da jaula, os levou até o portão dos
fundos e os jogou dentro do fosso...

* SPLACH! TCHIBUM! SCRWMB!

- - -

@ Capítulo XIII


A carruagem lilás já havia rodado por cerca de três horas quando
adentrou a Floresta da Fantasia. Logo estariam rodando em terras que
pertenciam à Madame Mínima e, em pouco mais de uma hora, estariam no
velho castelo da bruxa...

- Lole, pare na Fonte Luminosa! Estou com sede!

- Certo, Madame Mínima!

A carruagem rodou mais alguns minutos e parou diante de um pequeno, mas
bem cuidado poço natural. Suas águas cristalinas refletiam o azul de
um céu sem nuvens, naquela manhã...

- Ôôôa, cavalos!

Assim que os cavalos pararam, o gnomo Lole desceu e abriu a portinhola
da carruagem para que Madame Mínima saltasse. A bruxa desceu e caminhou
até a fonte. Ajoelhou-se à margem desta e, com as mãos em concha,
apanhou um pouco do líquido precioso e o sorveu, repetindo o gesto mais
umas cinco vezes...

- A Senhora estava mesmo com sede, hein, Madame Mínima? - disse Lole.

- O sol está muito forte e há pouco vento, Lole!

- Mas aqui a sombra é hospitaleira, Madame Mínima!

- É verdade, Lole! Vamos nos deitar um pouco nesse gramado e descansar
as costas!

- E a bunda também, né?

- Você tem razão, Lole!

- Darei um pouco de água aos cavalos e logo estarei de volta!

Lole foi fazer o que dissera e Mínima deitou-se sob a sombra de uma
amoreira. estava quase dormindo quando ouviu um choro seguindo de
lamentos. Sentando-se, viu que Lole estava deitado ao seu lado...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Quem estará chorando assim, Lole?

- A voz é baixinha... não sei!

- Será que é um duende ou um gnomo, Lole?

- Acho que não, Madame Mínima! Os seres elementais choram de uma outra
maneira!

- Como assim, Lole?

- Os elementais choram assim: snif, snif! - disse Lole, imitando um
choro.

- É mesmo... agora lembrei!

Nem bem ela acabou de falar, ouviu-se, mais uma vez, aquele choro...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

Lole sentou-se também e aguçou os ouvidos...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Lole, o choro está vindo daquele lado! - disse Mínima apontando para
um enorme arbusto.

- Eu irei ver do que se trata, Madame Mínima!

- Iremos ambos, Lole... também estou curiosa!

Eles se levantaram e caminharam em direção ao arbusto. Assim que
começaram a vasculhar entre os galhos deste, ouviram, mais uma vez,
aquele choro e desvendaram o mistério...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Calma, lindinho! - disse Mínima retirando um filhote de coruja de um
ninho que havia caído de uma pequena cabreúva...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- É um filhote de coruja, Madame Mínima!

- Eu sei, Lole! O que terá acontecido com a mãe dele?

- Quem pode saber, Madame Mínima, é o autor dessa novelinha!

- É mesmo, Lole... e eu sei porque ele fez isso!

- E eu posso saber?

- Depois, Lole, depois... agora temos que cuidar desse filhote!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Ele deve estar faminto... vou pegar algumas aranhas pra ele!

- Nãããão! Não faça isso, Lole!

- Ué? Não quer dar comida ao bichinho, Madame Mínima?

- Não é isso, Lole! Traga-lhe outros insetos... nada de aranhas, tá?

- Tá bom, Madame Mínima! Fui!

- Enquanto isso, dar-lhe-ei um pouco de água!
Vê se não demora, Lole!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Calma, lindinho... nós iremos procurar sua mãezinha!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

Madame Mínima pegou uma grande folha, deu-lhe o feitio de concha e
trouxe um pouco de água. O filhote bebeu alguns goles e...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

(Gritando)- Lole, Lole... vê se trás logo esses insetos. Talvez assim
ele cale o bico!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Esse autorzinho medíocre está fazendo isso só pra me irritar!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

Após alguns minutos Lole retorna com as mãos cheias de insetos...

- Pronto! Peguei algumas aranhas!

- Fique longe de mim com essas bichas horrorosas, Lole!

- Eu tô brincando, Madame Mínima! Hahahaha!
Nunca vi uma bruxa ter medo de aranha! Hahahahaha!

- Engraçadinho! Quem lhe disse que eu tenho medo de aranha? Eu tenho
pavor! (Falando para si) - Esse autorzinho abestado vai me pagar!

- Disse alguma coisa, Madame Mínima?

- Eu não disse nada, Lole... só pensei alto!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Dá logo essas coisas a esse lindinho, Lole, senão eu...
(Falando para si) - Eu tenho que me controlar!

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Pronto! Já estou dando, Madame Mínima!

O filhote de coruja comeu todos os insetos que Lole lhe deu, mas...

- Buá, buá... eu quero mamãe, eu quero mamãe! Buá, buá!

- Eta corujinha chata!

- Calma, Lole! Você também fica com saudade da sua mamãe, né?

- Fico... mas só choro um pouquinho!

- Eu sei! Mas quando a encontra a enche de beijos, né?

- É... mas quero ver como essa corujinha vai beijar a mãe dela, quando
a encontrarmos!

- Por que isso, Lole?

- Não dizem que dois bicudos não se beijam? Hahahahahaha!

- Piu, piu... piu, piu... piu, piu!

- Hihihihi! Essa foi boa, Lole! Até a corujinha gostou! Hihihihi!

- Piu, piu... piu, piu!

- Acho que ela entendeu, Madame Mínima!

- Pelo menos está mais calma, né, Lole?

- Ainda bem! Vamos procurar a mãezinha dela agora?

- Piu, piu... piu, piu!

- Vamos, Lole, embora eu duvide que a encontremos!

- Por que, Madame Mínima?

- Porque o sol está alto e, a esta hora, a mãe deveria estar dormindo
com seu filhote!

- Por que?

- Porque a coruja caça pela noite e ao alvorecer. Durante o dia ela
dorme!

- Ah... é por isso que ela tem essa cara de sono! Hahahahahaha!

- Hihihihihi! Dizem também que ela tem uns olhos enormes, mas não é
verdade... veja que os olhos dela são pequenos, mas como eles estão no
centro de um círculo de penas, parecem enormes!

- É mesmo, Madame Mínima!

- Já andamos um bocado, Lole... acho melhor voltarmos daqui!

- E agora, Madame Mínima?

- Eu vou adotá-la, Lole! Ela vai viver conosco no castelo!

- Legal, Madame Mínima! Todos os dias pegarei insetos pra ela comer!

- Logo, logo, ela estará caçando sua própria comida, Lole!

- Duvido que isso aconteça ainda nesse capítulo, Madame Mínima!

- Claro que não, Lole, mas, tudo a seu tempo, né?

- Eu já ouvi isso!

- Claro que já ouviu, Lole... o autor dessa novelinha adora dizer isso!

Nesse momento eles chegam onde estava a carruagem. Madame Mínima,
com o filhote de coruja ao colo, embarca no veículo e Lole ocupa seu
posto de cocheiro...

- Eia, cavalos! Vamos para casa!

E a carruagem retorna à estrada...

- Piu, piu... piu, piu!

- Hihihihihihihi! Lindinho!

- - -

@ Capítulo XIV


Enquanto Madame Mínima não chega em seu castelo, vejamos como estão
aqueles três que foram jogados no Fosso Real...

- Socorro, companheiro jabuti... eu não sei nadar!

- Calma, amigo buldogue... estou indo!

E o jabuti pegou o buldogue pela orelha e o arrastou até a margem...

- Como você fede, companheiro! - disse o jabuti.

- E por acaso você acha que está cheiroso? - respondeu o buldogue.

- Socorro! Não consigo voar... minhas asas estão cheias de porcaria!

- Vou ajudá-lo também, companheiro Pardal! - gritou o jabuti, voltando
a entrar na água fétida do fosso.

Desviando-se dos toletes de merda, o jabuti chegou ao lado do
passarinho...

- Suba em minhas costas, companheiro!

- Obrigado, companheiro jabuti!

O jabuti, com sua carga nas costas, chegou à margem e saiu do fosso...

- Eu não consegui levantar vôo... minhas asas estavam muito pesadas!

- Não são as asas, companheiro... você é que está gordo!

- Gordo é a mãe, companheiro jabuti!

- Eu não sabia que sua mãe estava tão gorda assim, companheiro pardal!

- Acho melhor vocês acabarem essa discussão boba e nós sairmos daqui!

- Tem razão, companheiro buldogue... vamos nos mandar!

- Disse bem, companheiro jabuti... temos que encontrar um lugar para
nos lavarmos! - disse o passarinho.

- Realmente! Estamos mais sujos do que pau de galinheiro!

- É isso aí, companheiro jabuti... ninguém merece feder tanto!

- Obrigado, companheiro buldogue! Então vamos pegar a pista!

E os três fedidos, digo, animais, caminharam em direção à Floresta Real
que ficava nas proximidades do castelo do Rei Luy Sopmac e acabava no
sopé da Montanha Real...

- Esperem por mim, companheiros!

- Você caminha muito devagar, companheiro jabuti! Nem eu, que não posso
voar, caminho tão lentamente!

- Vamos esperar o companheiro jabuti, companheiro passarinho!

- Fazer o quê, né?

Assim que o jabuti chegou ao lado dos companheiros de jornada, o
passarinho falou...

- Tenho uma bela idéia, companheiros, que tornará nossa empreitada mais
dinâmica!

- Que idéia é essa, companheiro passarinho? - perguntou o buldogue.

- É simples: para que nossa caminhada seja mais rápida, o companheiro
jabuti sobe em suas costas e eu subo nas costas dele...

- E o cachorro aqui vira burro de carga!

- Calma, companheiro buldogue... o companheiro passarinho tem razão!

- Ele tem razão porque não é você quem vai carregá-lo!

- Mais devagar, companheiro buldogue... o companheiro jabuti deve pesar
mais do que eu!

- Sei não, companheiro passarinho... com essa sua pança e esse seu
rabão... eu fico em dúvida! Auuuuuuuuu!

- Vá se lascar, companheiro pulguento!

- Calma, gente... precisamos nos unir, afinal, estamos na mesma
novelinha, lembram?

- Nem me lembre isso, companheiro jabuti... se eu pegar o autor dessa
merda ele vai ver com quantas palhas se faz um ninho!

- Ih, o companheiro passarinho retou-se! Auuuuuuuu!


- Fissssssssssss! Coitado do autor dessa novelinha!

- Ora, companheiro jabuti... nisso eu concordo com o companheiro
passarinho! Esse autor também vai ficar me devendo!

- Bem, companheiro buldogue... vai aceitar minha idéia?

- Como é para o bem de todos, vamos lá!

Então o jabuti subiu nas costas do buldogue, o passarinho subiu nas
costas deste último e lá se foram os "três em um"...

- Já caminhamos quase uma hora e ainda nem chegamos na floresta!

- Mas já vejo suas árvores, companheiro jabuti! - disse o buldogue.

- É questão de meia hora, adentrarmos a floresta, companheiros!

- Acho até que em menos tempo, companheiro pardal! Vou apertar o passo,
segurem-se!

E o buldogue começou a caminhar mais rápido e, como dissera, em menos
de vinte minutos ultrapassava as primeiras árvores da Floresta Real...


- Não falei, companheiros?

- Pois é, companheiro buldogue... agora é só encontrarmos uma fonte de
água limpa para nos lavarmos e também bebermos um pouco!

- Só espero que vocês bebam primeiro e lavem-se depois, tá?

- Claro, companheiro buldogue! - disse o jabuti.

O buldogue andou mais uns cinco minutos, quando o jabuti aspirou o
ar e falou para os outros...

- Tem água por perto, companheiros! Continue em frente, companheiro
buldogue!

Após mais uns dois minutos de caminhada, finalmente o buldogue avistou
um pequeno rio. Neste, algumas aves e pequenos animais silvestres se
deliciavam bebendo água e tomando banho...

- Podem descer, companheiros! - disse o buldogue abaixando-se.

O jabuti desceu das costas do buldogue e o pardal desceu das costas
deste e os três aproximaram-se da água. Os animais silvestres e as
aves que ali estavam, com a chegada dos três fétidos desconhecidos,
com patas e asas a cobrir os focinhos e narinas, afastaram-se o mais
que depressa...

- Qualé a desses bichos? - indagou o buldogue.

- O que você queria, companheiro? Nós estamos mais fedidos do que
sanitário de rodoviária!

- Concordo, companheiro jabuti! - disse o pardal.

- Bem, o problema é deles... eu vou beber minha aguinha, tomar um belo
banho e descansar um pouco!

- Eu farei o mesmo, companheiro buldogue! - disse o jabuti.

- Eu preciso lavar bem minhas asas... assim eu voltarei a voar!

- Gordo como está, companheiro? Tenho cá minhas dúvidas! Auuuuu!

- Eu só não lhe dou uma bicada, companheiro buldogue, porque...

- Porque eu sou maior do que você, né, companheiro?

- Nada disso... é porque ainda preciso de você!

- Interesseiro! - disse o jabuti.

Os três beberam a fartar-se e depois entraram no rio para lavar-se.
Levaram uns quinze minutos para que toda a sujeira e o fedor deixassem
seus corpos. Após o banho, deitaram-se na relva que margeava o rio para
descansar...

- Agora sim, companheiros, estou parecendo gente!

- Já não era sem tempo, companheiro jabuti!

- Qual é o plano de vocês, companheiros? - pergunto o buldogue.

- Primeiro comer... estou faminto!

- Creio que minhocas e insetos não faltem por aqui para matar sua fome,
companheiro pardal!

- E nem capim para matar a sua, companheiro jabuti!

- Bem, vou procurar qualquer coisa... também estou com fome! - disse o
buldogue.

- Acho melhor descansarmos mais um pouco antes de empreendermos nossa
viagem, companheiros! - falou o jabuti.

- E qual será nosso destino, companheiros?

- Companheiro buldogue, estamos nos dedos desse autorzinho barato!

- Isso é o que me preocupa, companheiro pardal!

- Não creio que ele queira nos prejudicar, afinal, ele precisa de nós
para que sua novelinha faça sucesso!

- Muito bem dito, companheiro jabuti!

- Obrigado, companheiro buldogue!

- O papo tá bom, mas é melhor procurarmos o que comer! - disse o
pardal.

- Que tal se pedirmos o que comer aos companheiros daqui?

- Sem essa, companheiro jabuti! Agora vamos mendigar comida?

- Nossa situação não é boa, companheiros! Precisamos ser realistas!

- Sim, companheiro jabuti, mas por isto temos que mendigar?

- Então vamos caçar nossa comida, companheiro pardal?

- Nenhum de nós é predador, companheiros! Acho que morreremos de fome!

- Deixe disso, companheiro buldogue... nós podemos comer frutas!

- E folhas, companheiro pardal!

- Ora, companheiro jabuti... cachorro só come folha quando está com dor
de barriga!

- Mas você também pode comer frutas, companheiro buldogue!

- É... acho que será o que farei!

- Bem, antes que acabe esse capítulo, é melhor que comamos algo!
Meu estômago já está roncando! - disse o passarinho.

E os três se levantaram e saíram em busca do que saciar a fome...

- - -

@ Capítulo XV


O passarinho foi o primeiro a achar o que comer: cupins, mosquitos
e larvas, num tronco de uma árvore caída. O cachorro comeu algumas
frutas que lhe pareceram apetitosas e o quelônio comeu algumas folhas
tenras que encontrou ao pé duma samambaia. Saciada a fome, os três
decidiram continuar sua jornada...

- E agora, gente?

- Agora? Acho que cada um deve procurar sua turma!

- Eu irei procurar uma casa para morar! - disse o jabuti.

- Eu poderia encontrar uma casa para guardar! - falou o buldogue.

- E eu?

- Você, companheiro Pardal, deve procurar outros de sua raça e viver
voando por este mundaréu!

- Ora, companheiro Jabuti... esses passarinhos não fazem nada, além de
voar daqui para ali!

- Eu acho que o companheiro Pardal vai gostar dessa vida, afinal, há
coisa melhor do que a liberdade de ir e vir? Voar, voar... você vai
gostar disso, companheiro Pardal!

- É uma boa idéia, companheiro Buldogue! Então eu me vou!
Tchau para vocês! Fui!

- Até um outro dia, companheiro Pardal!

- Até, companheiro lerdo, digo, Jabuti!

- Até mais ver, companheiro Pardal!

- Até, pulguento, digo, companheiro Buldogue!

E o passarinho ganhou altura e voou sem destino...

- Agora ficamos nós dois, companheiro Buldogue!

- Pois é, companheiro Jabuti... vejamos para onde essa estrada nos
levará!

Após caminharem cerca de duas horas, eles viram fumaça saindo de uma
chaminé...

- Tem uma cabana ali adiante, amigo Buldogue... acho que ficarei por
lá!

- Faz muito bem, companheiro Jabuti... eu continuarei minha jornada!

Logo eles chegavam diante da cabana. O jabuti foi logo procurar um
cantinho para ficar e descobriu uma sombra sob uma jabuticabeira e foi
para lá, despedindo-se do amigo...

- Boa viagem, companheiro Buldogue! Tchau!

- Obrigado, companheiro Jabuti! Tchau!

Deixando o jabuti para trás, o buldogue continuou sua caminhada. Não
demorou muito, e ele ouvia ganidos, uivos e latidos...

- Deve haver outros de minha espécie adiante! Vou até lá!

Após caminhar mais alguns minutos, o buldogue encontrou uma alcatéia.
Ele pensou que os lobos eram cachorros, que nem ele, mas se enganou.
Assim que o viu, um dos lobos levantou-se e rosnou ameaçadoramente...

- Calma, companheiro... eu sou amigo!

- O lobo, que parecia ser o chefe do bando, avançou em direção ao
buldogue e, com um rosnado feroz, mordeu a pata do cachorro. Ao vê-lo
caído, outros lobos investiram contra o buldogue. Embora o cachorro
tentasse se defender, a luta era desigual. Ele fora cercado por cinco
lobos e, como estava em desvantagem, apanhou mais do que mala velha.
Percebendo que, se não fugisse acabaria morrendo, o buldogue, assim
que teve oportunidade, saiu em disparada, sendo perseguido por seus
desafetos ainda por uma centena de metros, até que estes desistiram e
voltaram para junto da alcatéia...

- Aiiiii! Uiiiii! Escapei por pouco! - disse o buldogue, gemendo.

Após andar um pouco, o cachorro encontro um regato e decidiu lavar seus
machucados e refrescar-se da refrega...


- Aqueles canibais quase me matam! Pra que tanta violência! Uiiiii!
Qualquer dia eu volto lá e me vingo deles! Aiiiii!

O buldogue viu que fora mordido em quase todo seu corpo. Assim que
se sentiu mais forte, retornou à estrada...

_ * _

Após rodar por mais uma hora, a carruagem lilás atravessava a ponte
levadiça do castelo de Mínima e parava no pátio interno. O cocheiro
gnomo desceu do seu posto e abriu a porta do veículo para que a bruxa
saltasse...

- Lole, veja se tem alguma carta na caixa de correspondências!

- Tá bem, Madame Mínima!

O gnomo foi cumprir a ordem da bruxa e esta adentrou o castelo com sua
corujinha no colo...

- Preciso escolher um nome para você, lindinha!

Logo que entrou, Madame Mínima se dirigiu à cozinha...

- Preciso fazer um chá! Por enquanto, você fica aqui em cima da mesa,
lindinha!

Deixando o filhote de coruja sobre a mesa, Mínima pegou seu caldeirão de
chá e o colocou sobre o fogão. Pegou alguns pedaços de lenha e enfiou
na abertura sob a grelha do fogão. Subiu numa cadeira e, abrindo um dos
frascos duma prateleira, meteu a mão, pegando um punhado da erva que
este continha e o colocou dentro do caldeirão. Despejou dentro deste um
pouco de água duma jarra de louça negra. Nesse momento Lole entrou na
cozinha...

- Aqui estão as cartas, Madame Mínima!

- Deixe-me ver, Lole! Contas, cobranças e mais contas... é só isso que
recebo! Droga!

- Ah, lembrei!

- Lembrou o quê, Lole?

- Enquanto a Senhora estava viajando chegou uma carta!

- Vá logo buscá-la, Lole! Talvez sejam boas notícias!

- Que boas notícias a senhora espera receber, Madame Mínima?

- Talvez um convite para filmar em Doowylloh... ou ser coordenadora
de cultura em Egegum!

- Faço votos de que sejam boas novas mesmo!

- Deixe de conversa, Lole, e vá logo pegar a tal carta!

- Tô indo... tô indo! - respondeu o gnomo, afastando-se.

- De quem será essa carta? Bem, deixa eu cuidar do fogo!

Madame Mínima pegou seu acendedor automático para acender o fogo. A
princípio a lenha demorou a pegar fogo, mas logo uma pequena chama
ardia sob o caldeirão...

- Aqui está a carta, Madame Mínima!

- Hã? Uma carta perfumada! Será de algum fã?

- Será que é de um certo rei, Madame Mínima?

- Eu não quero nada com esse "certo" rei, Lole!

- Mas ele quer com a senhora, Madame Mínima!

- Eu sei muito bem o que ele quer comigo, Lole!

- E o que ele quer com a senhora?

- Isso não é conversa para gnomos, Lole!

- Eu já sou grandinho, Madame Mínima!

- É... mas ainda é um gnomo!

- Eu sou quase do seu tamanho, Madame Mínima!

- Tá, Lole! Deixa eu ver logo de quem é esta carta...
o quê? Minha sobrinha íris vem me visitar, Lole!

- Que ótima notícia, Madame Mínima... ainda lembro da Íris... aquela
bruxinha era uma capeta!

- E vai passar as férias escolares aqui comigo!

- Oba! A gente vai brincar um bocado!

- Sei disso, Lole, mas, antes a obrigação, depois a devoção!

- A senhora adora esse ditado, né, Madame Mínima?

- É esse autorzinho que fica botando essas coisas em minha boca!

- Esse cara é um chato... mas é um chato porreta!

- Às vezes eu também penso assim, Lole, mas gosto da amizade dele!

- Ele parece gostar muito da senhora, Madame Mínima!

- Ele até que não é má pessoa... só precisa parar com a mania de querer
me...

- O que ele quer com a senhora, Madame Mínima?

- Já lhe disse que isso não é conversa pra gnomo!

- Mas eu até já sei ler... e conheço algumas regras!

- Então conheça mais esta... gente miuda não entra em conversa de gente
grande!

- Mas a senhora não é grande, Madame Mínima!

- Mas tenho idade de gente grande, tá?

- Tá, tá, tá... e quando aquela bruxinha bonitinha chega, Madame Mínima?

- Ela chega hoje, Lole! Estou tão feliz!

- Que bom, Madame Mínima! Folgo em saber!

- Já que você está tão folgado, Lole, vá arrumar o quarto da torre
Norte para ela!

- Tô indo... tô indo! Tudo eu, tudo eu!

Madame Mínima pegou o abano para avivar a chama do fogo e, enquanto
abanava, disse para sua vassoura e para o espanador:

- Aruossav, varra todo o castelo. Rodanapse, tire o pó dos móveis!

Imediatamente a vassoura e o espanador entraram em ação...

- Lole... Lole... cadê você? - gritou Madame Mínima.

- Tô indo, Madame Mínima, tô indo! - gritou Lole em resposta.

Alguns segundos depois o gnomo chegava na cozinha. Madame Mínima,
sentada à mesa, tomava seu chazinho de folhas de Cocazero e brincava
com seu filhote de coruja...

- Pois não, Madame Mínima!

- Lole, quero que você colha algumas flores e as coloque no quarto da
Íris. Vou fazer algumas bolachinhas de goma, sequilhos, suspiros e um
musse de maracujá para ela!

- E para mim, nada?

- Deixe de conversa que todo dia eu faço "Leitecau" pra você!

- Eu sei... mas não deixa eu comer tudo que quero!

- Claro! Estou zelando por sua saúde, seu gnomo bobo!

- Eu não sou bobo nada!

- Eu estou só brincando, bobão!

- Ah, pensei! Vou colher as flores e...

* DLIM DLOM! DLIM DLOM!

- - -

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