A Revista Cego à Vista, apresenta...
As Baixinhas Supermelindrosas
(Novelinha em 3 capítulos)
@ Capítulo I
Em seu laboratório literário, Blind Joker brinca com as palavras
no intuito de compartilhar sonhos e alegrias em textos bem-humorados
e, se possível, criativos.
Fazendo dessa arte um exercício diário, Blind Joker joga as letras no
tabuleiro lúdico da criação literária, tornando o dia de quem lê suas
historinhas despretensiosas, um pouco mais divertido.
Arrancar um sorriso do leitor e proporcionar-lhe alguns momentos de
prazer e emoção na leitura das suas produções é o objetivo desse
humilde parodista baiano.
Assim, instigado pelo amigo Danilo Santana, Blind Joker buscava criar
uma personagem para sua próxima novelinha, mas como manipular as
letras não é coisa pra garimpador de Internet e revisor pitaqueiro,
sua criação deixou a desejar, embora a idéia não fosse ruim.
Quando utilizava em sua fórmula literária secreta, alguns elementos
gramaticais, dos quais desconhecia a ciência, distraiu-se fazendo
palavras-cruzadas e apenas letras minúsculas entraram na composição
das personagens, deixando-as baixinhas. Para tentar reverter esse
quadro, Blind Joker consultou alguns "pais-dos-burros" e, num coquetel
de palavras, encontrou o "Elemento X" que daria às suas criações
o glamour que desejava. Então convocou seu amigo, Professor Lutonium,
para, juntos, assumirem a responsabilidade de contar essa novelinha.
Como o Blind Joker nunca se preocupou em registrar suas criações
literárias, o Professor Lutonium ficou com todos os "louros do
Vitória"... e com os morenos também!
Blind Joker, inocentemente, entregou ao seu "mui" amigo, Professor
Lutonium, os manuscritos dessa novelinha para que ele a digitasse, mas
não sabia que ele fora assistente dos cientistas, Bad Crazy e Worst
Mad e, como estes, não muito confiável. O Professor Lutonium, sem
qualquer escrúpulo, apoderou-se da novelinha e contou a seguinte
história sobre a criação das "Baixinhas Supermelindrosas":
- Tudo começou quando trabalhei no laboratório dos Doutores Crazy e
Worst. Eles têm uma cozinheira baixinha chamada Fran Kensbeca e,
por causa dela, conheci minhas "filhinhas".
Um dia eu estava sozinho no casarão dos cientistas e desci pra tomar
um cafezinho. Como estava faminto, decidi fazer um sanduíche. Peguei
pão de gergelim, jiló, presunto de búfala, queijo Rochefort, salame,
um filé au proivre dormido, ervilhas, azeitonas, cebola, alface,
noz moscada, pimenta malagueta e mostarda. Como não havia refrigerante
ou suco na geladeira, peguei leite de cabra, cacau líquido, cerveja,
leite condensado, vinho, vodca, água mineral e fiz uma beberagem para
ajudar a descer o "Big Lutonium" que fizera.
Sem prestar muita atenção, joguei meu sanduíchão no microondas e,
dois minutos depois que liguei o bicho, ele explodiu. Com a explosão
fui jogado no quintal. Quando acordei do desmaio vi ao meu lado três
ovinhos envoltos em farrapos. Ao examinar os trapos, descobri que eram
restos de uma calcinha suja que, deduzi, estava dentro do microondas
quando coloquei o sanduíche e eu não vira. Curioso, peguei os três
ovinhos e levei ao laboratório para examiná-los ao microscópio.
Fiquei surpreso ao descobrir que havia vida no interior dos ovinhos.
Desci rapidinho pra arrumar a cozinha e depois peguei "minhas filhas"
e me piquei pra Bonstons, minha cidade natal. Nunca mais voltei ao
casarão, nem mesmo pra "pegar meus tempos". Assim que cheguei em casa,
coloquei os três pequenos ovos numa velha chocadeira que usei por
muitos anos para chocar os ovos que mamãe mandava do sítio... sempre
gostei de brincar com pintinhos novos!
Umas três semanas depois os ovos se partiram e, de dentro deles, para
minha grata surpresa, saíram três pequeninas figuras. Examinando-as
com apuro, descobri que eram humanas e... femininas!
Tirei as meninas da chocadeira e as levei pro meu quarto. Peguei uma
caixa de sapatos, forrei internamente com alguns chumaços de algodão
virgem e as coloquei ali. A princípio fiquei sem saber como iria
alimentá-las, mas no dia seguinte pinguei em suas boquinhas algumas
gotinhas de óleo de fígado de bacalhau e sumo de espinafre. Três dias
depois elas já estavam com o dobro do tamanho e passei a dar-lhes
também mingau de cachorro, cacau com leite, suco de açaí e cupuaçu,
biotônico, Postafen (para crescer os bumbuns), geléia de mocotó,
sopa de lagosta e camarão com verduras, vatapá e acarajé.
Duas semanas se passaram e por estarem mais crescidinhas, fui obrigado
a transferi-las de "berços" e as coloquei numas caixas que peguei num
supermercado. Após dois meses elas já tinham o tamanho de bebês
"normais"... só que falavam mais do que a nega do leite!
Com quatro meses já pareciam umas mocinhas de cinco anos e iniciei a
alfabetização das três. Elas aprendiam muito rapidamente e logo passei
a ensinar-lhes tudo que sabia. As meninas, em duas semanas, devoraram,
no bom sentido, a Barsa, a Delta-Larousse, a Mirador, o Aurélio e
até navegavam na Internet para pesquisar. Como nem tudo são flores,
elas também leram tudo que foi novelinha de um pseudo-escritor baiano
chamado Luís Campos... fazer o quê?
Elas brincavam com bonecas, jogavam bola, brincavam de luta e de roda,
de esconde-esconde e passavam horas diante da telinha assistindo aos
programas do Boso e da Xuxa... e cantavam todos os hits da época.
Aos seis meses pareciam ter uns treze anos... nas idéias e no tamanho!
Tinham cerca de um metro e meio de altura e não cresceram mais... mas
falavam muito mais do que um papagaio. Para dar um alívio aos meus
pobres ouvidos, as matriculei numa escola e, neste mesmo ano, elas
concluiram o segundo grau e, com louvor, foram aprovadas no exame do
ENEM. Tomando conhecimento da boa pontuação obtida pelas "crianças", a
FLACO - Faculdade de Letras Apagadas e Ciências Ocultas de Bonstons,
ofereceu "meia bolsa" às três e, segundo a diretora, Professora Miss
Marlen Santyag, elas vão muito bem, obrigado!
Durante a fase de crescimento das meninas, descobri que elas tinham
superpoderes, embora não saiba de onde estes vieram. Elas usavam-nos
como se fossem uma coisa normal. todas as semanas trocavam de lugar os
pesados e antigos móveis carregando-os como se fossem feitos de
cartolina; voavam de um lado a outro da casa retirando as teias de
aranha do telhado; varriam a casa em questão de segundos e esquentavam
as panelas usando seus bafos quentes... economizei uma grana de gás!
Até hoje fico imaginando de onde vieram seus superpoderes: será que
foi do DNA da Fran Kensbeca ou o culpado fui eu, ao deixar cair uma
gota de nitroglicerina sobre a lâmina quando examinava os ovos ao
microscópio?
Deixemos isso pra lá, afinal, toda mulher tem superpoderes, né?
Ah, antes que eu esqueça, minhas filhas são as heroínas mais famosas
de Bonstons e conhecidas como "As Baixinhas Supermelindrosas".
Deixem-me apresentá-las a vocês:
Bequinha é fissurada em torrone e balas de geléia. Em sua bolsa sempre
tem estas guloseimas... entre as bugigangas que toda mulher sempre tem
em sua bolsa. Ela é a líder da equipe e combina inteligência (mesmo
sendo loira), beleza e força. Seu trabalho é manter as irmãs sempre
alertas e preparadas para a luta contra o mal. Adora usar jeans, mas,
vez por outra, usa vestidos. Sua maior dificuldade é combinar as meias
e o laço que usa nos cabelos com estes, por serem tricolores (branco,
vermelho e azul). Como as irmãs, usa um "sapatinho de boneca". Tem
uma personalidade muito forte. É orgulhosa e egoísta, mas é amiga e
confidente. Mesmo metendo a porrada num vilão, o chama de "lindinho"!
Deinha só usa roupa de marca e está sempre na moda. Adora um telefone
e tem sempre o celular à mão. É a mais sensível das três e parece
carregar a alma das Baixinhas Supermelindrosas. Gosta de escutar
músicas românticas, de desenhar e acha as borboletas as coisas mais
lindas e fofas do mundo, se bem que tudo que ela vê é fofo e lindo.
Mas tomem muito cuidado: esse "anjinho" de cabelos dourados pode ser
bem perigoso! Usa duas "marias-chiquinhas" nos cabelos e tem olhos
verdes. Gosta tanto de vestidos quanto de calças, desde que sejam "de
marca". Suas meias sempre combinam com as roupas e, como as irmãs,
usa "sapatinhos de boneca". É sensível, doce, observadora e corajosa,
mas tem medo de escuro. É a mais calminha do trio, desde que não pisem
em seus calos. Chama a todos de "filho", mesmo quando está batendo no
cara. Gosta de ganhar chocolates e flores, mas gosta mais de falar ao
telefone. Como suas irmãs, é muito vaidosa e adora quando dizem que é
bonita.
Ritinha adora massas, é fã de futebol e música antiga. Só usa roupas
e meias alvi-negras. Prefere usar calças a usar vestidos. Quer ser a
baixinha mais forte do mundo. Seu lema é bater primeiro e perguntar
depois, mas sempre deixa os interrogatórios nas mãos da Bequinha.
Tem cabelos e olhos castanhos. Algumas vezes é dura, mas procura
usar o bom-senso e esconde seu lado sensível para não parecer fraca.
Como as irmãs, também usa "sapatinhos de boneca" e vive cantarolando:
- Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta, pois eu quero me
aprumar..."
Além de manter a verdade e a justiça em Bonstons, o trio se dedica a
defender a cidade dos vilões que atormentam seus habitantes, tocando
e cantando arrocha, pagode e outros gêneros musicais de gosto, cá pra
nós, duvidoso. Também enfrentam outras criaturas terríveis e muito
perigosas que desejam dominar Bonstons e seu povo...
- O quê?
- Não tô falando dos políticos brasileiros, caro leitor, tô falando
das criaturas que atormentam os habitantes de...
- Mas os políticos brasileiros também atormentam o povo com suas
falcatruas, safadezas, negociatas, hipocrisias, corporativismo e, de
dois em dois anos, com esse terrível monstro do horário político!
- Assim você me desanima, amigo leitor... eu pensava levar minhas
meninas para passear no Brasil!
- Tá louco, Professor Lutonium?
- Como assim?
- Isso aqui tá cheio de pedófilo, ladrão, traficante, político
corrupto, polícia inepta, justiça morosa gerando impunidade... e, de
quebra, algumas balas perdidas!
- Cheeeeeeeeeega!
- Viu? E eu nem falei tudo!
- Você me convenceu! Vou contar as aventuras das minhas filhinhas que
eu ganho muito mais!
- Também acho melhor você falar dessas gostosinhas!
- Qualé a sua, meu rei? Respeito é bom e eu gosto!
- Não esqueça, meu brother, que suas filhinhas já são bem grandinhas!
- Mas ainda são crianças, meu chapa!
- Crianças? Ora, ora... elas já atravessam a rua sozinhas, já fazem
sombra e já sabem falar papai e mamãe...
- Seu sem-vergonha! Elas só têm pai, mas eu sei muito bem cuidar
delas, tá ouvindo?
- Coitadinhas! São órfão de mãe, é?
- Sabe que não sei?
- Como assim?
- Bem, por causa de uma calcinha suja, acho que elas têm o DNA da Fran
Kensbeca!
- Fran Kensbeca? Quem é essa figura?
- Você tá mais por fora que umbigo de vedete, meu rei!
- Que expressão é essa, Professor Lutonium?
- Se você, ao invés de ficar lendo as novelinhas desse autor baiano
abestado, lesse alguma coisa mais culta, conheceria essa frase!
- Sem essa, meu caro... vai dar agora uma de professor, é?
- Mas eu sou um professor! Esqueceu?
- Com professor de ficção, ninguém aprende a lição! Hahahahahahaha!
- Como não? Se você lesse as lições do Professor Edu Paes naquela
maravilhosa série, "Um Toque na Língua", saberia do que estou falando!
- É? Vou procurar essas lições agorinha mesmo! Tchau! Fui!
- Muito bem, dileto leitor... posso voltar ao roteiro dessa novelinha?
- Claro que pode! Vou aproveitar pra dar uma mijadinha! Fui!
- Ufa! Onde parei mesmo? Ah, eu falava das meninas... em razão de suas
personalidades marcantes e contraditórias, às vezes amuadas, capazes
de magoar e ofender, difíceis de lidar, algumas vezes escandalosas e
até mesmo, perigosas; noutras vezes delicadas, escrupulosas, mimosas,
inocentes, pouco vigorosas e, muitas vezes, recatadas, foi que lhes
dei o nome de "As Baixinhas Supermelindrosas"!
Agora que vocês já sabem como surgiu esse trio maravilhoso, vou contar
uma das aventuras vividas por elas: certo dia em Bonstons... o quê?
Acabou esse capítulo? Tá bom... depois eu conto, pessoal!
- - -
@ Capítulo II
- Como eu dizia no capítulo anterior, aliás, vou deixar o narrador
contar como tudo aconteceu...
Narrador - A cidade de Bonstons vivia um dia tranqüilo de primavera.
Sol ameno, uma brisa suave soprando do mar, pássaros cantando nas copas
das árvores e o perfume das flores espalhando-se pela cidade. No Parque
Municipal, uma pequena família fazia um piquenique matinal numa das
margens da Lagoa Azul. Ainda não passara das dez horas da manhã...
- Que maravilha, Querido, você não ter que trabalhar hoje!
- Pois é, Querida. Eu disse ao meu chefe que hoje iria sair com minha
adorável família para comemorar o aniversário da minha Princesa!
- Obrigada, Papai! Estou muito feliz com este piquenique e com o carro
que o Senhor comprou para mim... não nessa ordem, claro!
- Não importa a ordem das coisas, Filhinha, o importante é ver este
sorriso em seus lábios!
- Por falar em sorriso, Querido, obrigada pelo lindo colar de pérolas
que você me deu!
- Aquilo não foi nada, Querida!
- Como não, Querido! Um colar de pérolas custa uma grana!
- Não de pérolas falsas, Querida!
- Está vendo porque, Querido, eu queria que você entrasse na política?
- Mas ser funcionário público não é tão ruim, Querida!
- Como não, Querido? Além de ser chamado de barnabé e não de "doutor",
ainda ganha uma mixaria!
- Mas é melhor do que ser chamado de ladrão, safado, hipócrita, sacana
e corno, Querida!
- Mas de corno seus amigos o chamam, Querido!
- Mas é melhor do que ser deputado, Querida: corno é pra vida toda,
Querida, deputado é só por quatro anos!
- Papai... que carro o Senhor comprou para mim?
- Ora, minha Princesa... um fusquinha do ano...
- Um fusca 2008, Papai?
- Não, filhinha... do ano 1960, Princesa!
- De que cor é o carro, Papai?
- Azul, Princesa, como a maioria dos fuscas daquele ano!
- Posso pintá-lo de rosa, Papai?
- Claro, Filhinha! Eu até lhe empresto o pincel!
- Então vou fazer isso!
- Acho melhor iniciarmos nosso piquenique, Querido!
- E o que você trouxe para o lanche, Querida?
- Tem suco de cupuaçu e graviola, bolo formigueiro, pastel de convento,
baba de moça, barriga de freira, fatias da sé, mimos do céu, olho de
sogra, papos de anjo, peitinhos de freira, punheta e toucinho do céu!
- E pra beber, nada, Querida?
- Claro que não, Querido... eu trouxe aluá, cauim, ponche e quentão!
- Ótimo, Querida! Adoro essas comidas e bebidas exóticas!
Narrador - Só em Bonstons os dias primaveris são perfeitos para se
fazer um calmo piquenique no parque...
- Nem tanto!
Narrador - Oh, uma faminta e gorda sombra projeta-se na relva detrás
de um imenso Jacarandá da Bahia...
- Rê rê rê! Comida, comida! Rê rê rê!
Narrador - Será que é quem eu estou pensando?
- Isso mesmo, seu Narrador barato... eu, o famigerado... e faminto,
Pargordão!
Narrador - E um dos mais gulosos vilões de todas as novelinhas que já
narrei, ameaça a tranqüilidade do piquenique daquela pacata família...
- Rê rê rê! Ele tá falando de mim! Rê rê rê!
Narrador - Mas antes que esse vilão do bundão ataque a toalha daquela
inocente família, surge em sua frente a figura esquelética de um guarda
municipal...
- Ei, companheiro gordo... você tá pisando na grama! Por acaso não viu
a placa que diz, "Proibido Pisar na Grama"?
- Olha aqui, companheiro magricela... eu piso até em você, tá?
- Teje preso, seu gordo desaforado!
Narrador - O pobre guarda municipal tentou algemar o braço do vilão
gordão, mas a algema não entrou de jeito algum naquele pulso de banha.
O vilão gordão deu uma bundada no quadril do magricela que este foi
esborrachar-se dentro da lagoa...
- Rê rê rê! Menos um no meu caminho! Agora vamos à comida! Rê rê rê!
Narrador - E o já descrito e cognominado Pargordão avançou em direção
à já conhecida família...
- Rê rê rê! Entreguem-me todas estas iguarias!
- Oh, não! Um vilão gordão! - falou a mocinha.
- E que tem um bundão! - disse a coroa.
- E também um barrigão! - completou o corno, digo, machão.
- Rê rê rê! Como vocês já me virão, acho melhor que fujam e deixem
todas estas guloseimas para meu deleite! Rê rê rê!
Narrador - Apavorada com a imensa figura do bicho glutão, a família
se mandou correndo, gritando e pisando nas flores, por entre as
árvores do parque municipal de Bonstons, tendo o guarda municipal, que
se recuperara do golpe que sofrera, correndo em seu encalço...
- Não pisem nas flores! Não pisem na grama!
Narrador - Enquanto os quatro corriam, o Pargordão se deliciava com o
repasto que foi deixado à sua mercê...
* IAM IAM IAM GUT GUT GUT NHAN NHAN NHAN GUT GUT GUT!
- Hummm! Que delícia! Rê rê rê!
Narrador - Como naquele desenho animado que parodia essa novelinha,
quase homônimo, o Prefeito ficou sabendo do ataque do Pargordão no
Parque Municipal de Bonstons e convocou as Baixinhas Supermelindrosas
para dar um jeito naquele bandido guloso...
* TRIMMMMMM TRIMMMMMM TRIMMMMMM!
- Atende logo esse celular, Bequinha!
- Calma, Ritinha... é o Professor Lutonium!
- Acho melhor esperar a aula acabar, senão a Professora Marlen Santi
vai se aborrecer conosco!
- Também acho, Deinha! Depois eu ligo de volta!
- Bequinha, desligue esse celular e preste atenção à aula!
- Sim, Professora Marlen!
- Como eu dizia, um pronome demonstrativo demonstra a posição de um
elemento qualquer em relação à pessoa do discurso, situando-a no
espaço, no tempo ou no próprio discurso. Pode se apresentar de formas
variáveis, gênero e número, e não-variáveis.
Para a primeira pessoa, temos: este, estes, esta, estas, isto; Para a
segunda, temos: esse, esses, essa, essas, isso; Para a terceira temos:
aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo!
A) A primeira pessoa indica proximidade de quem fala ou escreve:
Este homem ao meu lado é o meu irmão.
- Também indicam o tempo presente em relação a quem fala ou escreve:
Nestas últimas horas tenho escrito bastante!
B) A segunda indica proximidade da pessoa a quem se fala ou escreve:
Esse livro que tens na mão é seu?
C) Os de terceira pessoa marca posição próxima da pessoa de quem se
fala ou posição distante dos dois interlocutores:
Aquele carro que ele está é antigo!
2. Os demonstrativos, além de marcarem posição no espaço, marcam também
posição no tempo:
A)Este (e flexões) marca um tempo atual ao ato da fala:
Neste momento meu pai está viajando!
B) Esse (e flexões) marca um tempo anterior relativamente próximo ao
ato da fala:
No mês passado escrevi três novelinhas. Nesse mesmo mês escrevi dois
contos!
C) Aquele (e flexões) marca um tempo remotamente anterior ao ato da
fala:
Eu nasci na década de cinqüenta. Naquela época brincávamos na rua!
3. Os pronomes demonstrativos também servem para fazer referência ao
que já foi dito e ao que se vai dizer, no interior do discurso:
A) Este (e flexões) faz referência àquilo que vai ser dito
posteriormente:
Espero sinceramente isto: que seja muito feliz!
B) Esse (e flexões) faz referência àquilo que já foi dito no discurso:
Que seja muito feliz: é isso que espero!
C) Este em oposição a aquele quando se quer fazer referência a
elementos já mencionados. Este se refere ao mais próximo, aquele , ao
mais distante:
Policial e Suspense são gêneros que me agradam, este me deixa ansioso,
aquele , nervoso!
4. O, a, os, as são pronomes demonstrativos quando se referem a aquele
(s), aquela (s), aquilo e isso :
Recuso o que eles falam! (aquilo)
5. Mesmo e próprio , pronomes demonstrativos, designam um termo igual a
outro que já ocorreu no discurso:
As reclamações ao síndico não se alteram: são sempre as mesmas !
A) São usados como reforço dos pronomes pessoais:
Ele mesmo passou a roupa!
B) Como pronomes, concordam com o nome a que se referem:
Ela própria veio à festa! Eles próprios vieram à festa!
- Professora Marlen... podemos dar uma saída?
- Agora podem, Deinha, mas voltem assim que for possível!
Narrador - Mais uma vez, pelo bem de Bonstons, nossas heroínas iriam
entrar em ação. E, como sempre faziam, saíram pelo telhado...
* TUMP! BONC! CRÁS!
- Oh, não! De novo! - suspirou a Professora Marlen Santi.
_ * _
- O que será que o Professor Lutonium quer conosco, Bequinha?
- Vou ligar pra ele enquanto voamos, Deinha!
* TISS TISS TISS TISS TISS TISS TISS TISS!
- Alô!
- Alô, Professor... é a Bequinha!
- Filhinha... O Prefeito Quim Rosado me ligou e precisa dos préstimos
de vocês!
- O que está acontecendo, Professor Lutonium?
- Voem até o Parque Municipal e logo saberão!
- Certo! Tchau! Meninas, vamos até o Parque Municipal de Bonstons!
- Oba! Finalmente vamos entrar em ação, Bequinha!
- É isso aí, Deinha!
- Ao combate, Baixinhas!
- Pela paz em Bonstons, Ritinha!
Narrador - Após sobrevoarem Bonstons por uns dois minutos, as Baixinhas
Supermelindrosas chegavam ao Parque Municipal...
- - -
@ Capítulo III
Narrador - Assim que as Baixinhas Supermelindrosas chegam ao Parque
Municipal de Bonstons, se deparam com uma cena lastimável...
- Olhem, meninas... é o Pargordão!
- E com a cara toda lambuzada de tanto comer, Deinha!
- O vilão gordão está se empanturrando de comida, Ritinha!
- Qualquer hora ele explode, Bequinha!
- Vamos a ele, meninas!
- Falou, Bequinha!
- Finalmente, ação, Ritinha!
- É disso que gosto, Deinha!
Narrador - Nossas heroínas se aproximam do vilão que, distraído, só as
percebeu quando elas estavam junto a ele...
- Pargordão! Essa comida não lhe pertence!
- Oh, não... as Baixinhas Supermelindrosas outra vez?
- Isso mesmo, Pargordão... para decretar o fim dessa comilança!
- Vocês sempre aparecem para estragar meu apetite!
- Taí uma coisa que ninguém consegue estragar em você, Pargordão!
- Você tem razão, mocinha... depois de vencê-las, vou continuar
lanchando!
- Se depender de nós, Pargordão, sua próxima refeição será atrás das
grades!
- Desta vez vocês não me vencerão!
- Nós sempre vencemos, Lindinho!
- Claro, meu, afinal, somos as protagonistas dessa novelinha!
- Muito bem dito, Deinha!
- Desta vez não darei mole só porque vocês são mocinhas!
- Não queremos mole, meu, queremos duro!
- Calma, Deinha!
- Eu tô falando de ação, queridinha!
- Ah, pensei noutra coisa!
- Eu sei, Bequinha, eu sei!
- Sabe o quê?
- Nada não! Não gosto de fofoca, meu!
Narrador - O Pargordão, com um peitinho de freira na mão, levantou-se
disposto a defender sua honra... e a comida...
- Vamos a ele, meninas! Ataquem!
- Todas por uma...
- Uma por todas!
Narrador - E as três caíram de socos sobre o pobre Pargordão que se
defendia como era possível...
* POU! BLAM! SOC! STROMB! POU! RASG!
- Olhem, meninas... o short dele rasgou! Hahahahahah!
- Ele usa cueca de bolinhas! Hahahahaha!
- Vou mostrar a vocês o que tenho dentro da cueca, mocinhas!
- Olhe o nível, Pargordão... tem criança lendo essa novelinha!
* SOC! POU! STROMP! BLAM!
- Vamos lavar sua língua com sabão, seu Pargordão!
- Não antes de eu lhes mostrar minha arma secreta!
* PUMMMMM!
- Ai meu Deus! Terrível!
- Que fedor horripilante!
- Rê rê rê! A feijoada de mamãe nunca falha! Rê rê rê!
- Deinha, segure a respiração e...
- Não dá, Bequinha... o fedor está demais!
- Deixem ele comigo, meninas!
- É isso aí, Ritinha!
Narrador - Ritinha deu uma rasteira no Pargordão que caiu que nem uma
melancia e saiu rolando em direção à Lagoa Azul...
- Atrás dele, Bequinha!
- Vamos lá, Deinha!
Narrador - Assim que o Pargordão sentiu a água...
- Água, nããããããão!
- Além de soltar esse pum que é uma bomba, o Pargordão não gosta de
banho! Hahahahaha!
- Agora ele está em nossas mãos!
- Na água ele perde as forças... e até Boia! Hahahahaha!
- Amarre-o com seu lacinho de flores, Deinha!
- Tô fazendo isso, Ritinha!
- Nãããããããão! Tirem-me dessa água molhada!
- Você quer dizer, gelada, né, Pargordão?
- Não... é molhada mesmo!
- Então se dê por vencido!
- Eu me entrego!
- Vamos levá-lo para a cadeia de Bonstons, Bequinha!
- Mas antes me digam uma coisinha!
- O que você quer saber, Pargordão?
- Por que três mocinhas gostosinhas, ao invés de namorar, se divertem
combatendo indefesos vilões como eu?
- Porque... você sabe responder, Ritinha?
- Olha, Bequinha... eu faço isso porque o timão voltou pra primerona!
- E eu por gostar de ação! Minha vida era muito monótona antes de
conhecer o autor desse folhetim, meu!
- Acho que agora sei a resposta, meninas!
- E qual é, Bequinha?
- É que, após alguns anos, esse palhaço me fez sorrir novamente!
- Ei, mocinhas, me levem logo pro xadrez... pelo menos lá não serei
obrigado a ouvir vocês falando desse autorzinho imbecil!
*SOC! POU! BLAM!
- Não me batam mais... eu já me rendi!
- Mas falou mal de alguém muito especial para nós!
- Muito bem, Bequinha!
- Obrigada, Deinha!
- Socorro! Eu quero ir preso... eu quero mamãe!
- Vamos levar logo esse bundão pro xilindró, meninas!
Narrador - E as baixinhas Supermelindrosas, trazendo o Pargordão
pendurado por uma corda, voaram até a Penitenciária Municipal de
Bonstons... e deixaram cair o pacote lá dentro!
_ * _
* TRIMMMMMM TRIMMMMMM TRIMMMMM!
- Alô! É o Prefeito Quim Rosado?
- Sim, minha senhora!
- Aqui é a Professora Marlen Santiag... da FLACO!
- Que FLACo, minha senhora?
- Já esqueceu, Prefeito? A Faculdade de Letras Apagadas e Ciências
Ocultas de Bonstons!
- Ah, lembrei! O que a senhora deseja, Professora Marlen?
- Que o senhor mande consertar o telhado da minha sala!
- De novo, minha senhora?
- Pois é, Prefeito... toda vez que o senhor convoca as Baixinhas
Supermelindrosas para resolver alguma coisa em Bonstons, elas quebram
o telhado da minha sala!
- Preciso falar com o autor desta novelinha sobre isto!
- Tudo bem, Senhor Prefeito, mas antes mande consertar o telhado!
- Farei isso, Professora Marlen Santiag! Tchau!
- Tchau, Prefeito Quim Rosado!
_ * _
Narrador - De volta à escola...
- Bequinha, você vai ficar pra aula de História?
- Claro, Deinha... é a matéria que mais gosto!
- Eu vou lá fora fazer uma ligação para um amigo!
- Sei, Deinha, sei! Hahahahaha!
- Você não sabe nada, meu! Hahahahahaha!
Narrador - E assim mais uma aventura das Baixinhas Supermelindrosas
termina e a paz volta a reinar em Bonstons!
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário