quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Madame Mínima, a bruxinha baixinha

Capítulo VII


Madame Mínima e a bruxa Madréa não entendiam porque seus bichinhos de
estimação haviam desaparecido. Atônitas e perplexas faziam as mais
esdrúxulas conjecturas...

- Será que eles se apaixonaram e fugiram juntos, Madréa?

- Talvez, Mínima... nunca se sabe, né?

- Mas ambos são machos, Madréa!

- Sei lá, Mínima... do jeito que as coisas estão viradas a gente deve
estar preparada pra tudo!

- Isso nunca, Madréa. Eu conheço muito bem o Tridog... pelo menos uma
das cabeças!

- Isso a compromete, Mínima!

- Deixe de ser maldosa, sua bruxa horrorosa!

- Obrigada, Mínima... sinto não poder dizer o mesmo de você!

- Não tem problema, Madréa. Faça como eu... minta! Hihihihihihihi!

- Acho que vocês devem deixar essa querela pra lá e procurar seus
bichinhos!

- Na verdade, Rô, os bichinhos são meus!

- Nossos, Mínima, nossos!

- Que papo é esse, Madréa? Nossos uma pitomba!

- O Danyl é meu, esqueceu, amiguinha?

- Seu? Desde quando, Madréa?
Você me roubou o Danyl, isso sim!

- Eu? Você está enganada, Mínima. O Danyl apareceu lá pras minhas
bandas e eu só o acolhi. O coitado estava cansado e morto de fome!

- Você tem como provar isso, Madréa?

- Claro! Sempre tenho comigo um exemplar do jornal que publicou o
aparecimento de um ser estranho na Mata Godói!

- Eu quero ler... só acredito vendo!

- Sim, Sílvia Santas! Então leia... aqui está o jornal!

Madréa estendeu à Mínima a folha do jornal. Mínima leu e releu...

- Pelo que diz aqui, aquele ingrato fugiu de mim... snif... snif!
Esse dragão safado me paga!

- Não seria mais interessante encontrar seus bichinhos, mocinhas?

- Você tem razão, Rô! Vamos procurá-los nos arredores, Mínima!

- Vocês procuram pela esquerda e eu pela direita, depois nos
encontramos aqui!

- Certo, Rô! Vamos, Madréa!

Os três procuraram, procuraram, procuraram...

- Estou cansada, Madréa... acho que eles tomaram chá de sumiço!

- Eu também, Mínima! E agora?

- Quem poderá nos ajudar? - falaram as bruxas em uníssono.

Ouviu-se um estrondo, viu-se uma fumaceira e sentiu-se um cheiro forte
de tequila...

- Yo!

- O quê? O Chapolin Colorado? - disseram as duas a uma só voz.

- No contaban con mi astucia!

- Essa não! Já não bastam as besteiras que aturamos nessa novelinha e
ainda nos aparece um herói mexicano fajuto! - exclamou Madame Mínima.

- Essa novela não te pertence, seu Vermelhinho! - completou Madréa.

- E ainda por cima, falando espanhol! - disse Mínima.

- Yo no tengo culpa se el autor no tiene dinero para pagar una
doblaje!

Sai daqui, seu herói mexicano de meia pataca! disse Madréa.

- Más vale pájaro en mano que Dios lo ayudara... no... Dios ayuda al
que vuela como pájaro... no... bueno, la idea es esa!

- Ai meus Orixás... ninguém merece!

- Deixa esse cara pra lá e vamos procurar nossos bichinhos, Mínima!

- Se aprovechan de mi nobleza!

- Desapareça de uma vez, seu Polegar Vermelho! - disse Mínima.

- Hacer o quê? Síganme los buenos!

E o Chapolin deu adeus a essa novelinha, mas, ao sair, embaraçou-se
nos arbustos, desceu rolando a duna e foi cair dentro da Lagoa do
Abaeté...

- Já vai tarde, abestado! - exclamou Madame Mínima.

- Vamos dar só mais uma volta, Mínima!

- Certo! Preste atenção em todo mundo, Madréa!

- Se vermos uma cara suspeita, a gente grita, Mínima!

Após algumas voltas, as bruxas retornaram ao ponto de partida...

- Uaiiiiii!

- Que foi, Madréa?

- A-ali... a-ali...

- Ali, onde? Não vejo nada!

- A-ali... a-ali n-nos ar-arbustos! - gaguejou Madréa.

Assim que Madame Mínima se virou para ver o que assustara Madréa, um
vulto saiu do meio de uns arbustos...

- Oi, meninas! Não encontrei nada!

- Poxa, Rô... você assustou Madréa! Hihihihihi!

- Foi? Hehehehehe! Não tive intenção!

- Caramba, Rô! Com essa capa você parece uma coisa do outro mundo!

- Ora, Madréa... eu sou mesmo do outro mundo!

- É verdade, mas isso não vem ao caso agora! Precisamos achar esses
perdidos! - disse Madame Mínima.

- Você já pensou na possibilidade deles terem fugido, Mínima?

- Nós falamos sobre isso, Rô, mas talvez...

- Eles tenham sido roubados! completou Madréa.

- É bem possível! Já vasculhamos todas as dunas em volta da lagoa e
nem sinal deles! - disse Rô, o Exu Alecrim.

- E agora, Rô?

- Agora, Mínima, só nos resta chamar a polícia!

- Rô, você acha que a polícia baiana consegue resolver esse caso?

- Eu tenho minhas dúvidas, Madréa, mas, fazer o quê?

- E se a gente pedisse ajuda ao Inspetor Blind?

- Ora, Mínima... o Inspetor Blind está de férias desde o segundo
capítulo da sua novelinha!

- Então vamos gritar pelo Super-Blind!

- Quer saber de uma coisa... esses personagens estão hibernando há
algum tempo, Mínima!

- Acho que é esse autor que anda dormindo demais, Rô!

- Também acho, Madréa!

- É isso que dá ser personagem de autor baiano... com raras exceções,
claro! - completou Mínima.

- Bem, não podemos ficar aqui parados, né?

- Pois é, Rô! Temos que agir antes que acabe esse capítulo!

- Então, Mínima, o que faremos? - perguntou Madréa.

- Vamos usar nossos poderes mágicos, Madréa!

- Boa idéia, Mínima! Vamos lá!

- Com seu poder mental Rô também pode nos ajudar! - disse Mínima.

- Ok, meninas! Vou me concentrar! Rrrooouuu! Huuummm!

As duas bruxas pegaram suas varinhas de condão e, elevando-as no ar,
pronunciaram algumas palavras mágicas...

- Pelos poderes de Greyskull...

- Hei, Madréa... isso quem diz é o He-Man!

- Desculpe, Mínima!

- Houuuu... varinha justiceira, dê-me a visão além do alcance...

- Hei, Mínima, isso quem diz é o Lyon dos Thundercats!

- Vocês estão vendo muito desenho animado, meninas... e atrapalhando
minha concentração! Vou ficar ali naquela moita! Fui!

- Desculpe, Rô! Vamos nos concentrar para dizer as palavras mágicas
ao mesmo tempo!

- Falou, Mínima! Então, prepare-se... um, dois, três... já!

- Alakazam, alakazim... abracadabra, tim tim salabim!

Assim que as bruxas pronunciaram as palavras mágicas, apareceu diante
delas a imagem de um castelo e, como num filme, as cenas iam mudando,
até que...


Continua...

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