Capítulo VII
Madame Mínima e a bruxa Madréa não entendiam porque seus bichinhos de
estimação haviam desaparecido. Atônitas e perplexas faziam as mais
esdrúxulas conjecturas...
- Será que eles se apaixonaram e fugiram juntos, Madréa?
- Talvez, Mínima... nunca se sabe, né?
- Mas ambos são machos, Madréa!
- Sei lá, Mínima... do jeito que as coisas estão viradas a gente deve
estar preparada pra tudo!
- Isso nunca, Madréa. Eu conheço muito bem o Tridog... pelo menos uma
das cabeças!
- Isso a compromete, Mínima!
- Deixe de ser maldosa, sua bruxa horrorosa!
- Obrigada, Mínima... sinto não poder dizer o mesmo de você!
- Não tem problema, Madréa. Faça como eu... minta! Hihihihihihihi!
- Acho que vocês devem deixar essa querela pra lá e procurar seus
bichinhos!
- Na verdade, Rô, os bichinhos são meus!
- Nossos, Mínima, nossos!
- Que papo é esse, Madréa? Nossos uma pitomba!
- O Danyl é meu, esqueceu, amiguinha?
- Seu? Desde quando, Madréa?
Você me roubou o Danyl, isso sim!
- Eu? Você está enganada, Mínima. O Danyl apareceu lá pras minhas
bandas e eu só o acolhi. O coitado estava cansado e morto de fome!
- Você tem como provar isso, Madréa?
- Claro! Sempre tenho comigo um exemplar do jornal que publicou o
aparecimento de um ser estranho na Mata Godói!
- Eu quero ler... só acredito vendo!
- Sim, Sílvia Santas! Então leia... aqui está o jornal!
Madréa estendeu à Mínima a folha do jornal. Mínima leu e releu...
- Pelo que diz aqui, aquele ingrato fugiu de mim... snif... snif!
Esse dragão safado me paga!
- Não seria mais interessante encontrar seus bichinhos, mocinhas?
- Você tem razão, Rô! Vamos procurá-los nos arredores, Mínima!
- Vocês procuram pela esquerda e eu pela direita, depois nos
encontramos aqui!
- Certo, Rô! Vamos, Madréa!
Os três procuraram, procuraram, procuraram...
- Estou cansada, Madréa... acho que eles tomaram chá de sumiço!
- Eu também, Mínima! E agora?
- Quem poderá nos ajudar? - falaram as bruxas em uníssono.
Ouviu-se um estrondo, viu-se uma fumaceira e sentiu-se um cheiro forte
de tequila...
- Yo!
- O quê? O Chapolin Colorado? - disseram as duas a uma só voz.
- No contaban con mi astucia!
- Essa não! Já não bastam as besteiras que aturamos nessa novelinha e
ainda nos aparece um herói mexicano fajuto! - exclamou Madame Mínima.
- Essa novela não te pertence, seu Vermelhinho! - completou Madréa.
- E ainda por cima, falando espanhol! - disse Mínima.
- Yo no tengo culpa se el autor no tiene dinero para pagar una
doblaje!
Sai daqui, seu herói mexicano de meia pataca! disse Madréa.
- Más vale pájaro en mano que Dios lo ayudara... no... Dios ayuda al
que vuela como pájaro... no... bueno, la idea es esa!
- Ai meus Orixás... ninguém merece!
- Deixa esse cara pra lá e vamos procurar nossos bichinhos, Mínima!
- Se aprovechan de mi nobleza!
- Desapareça de uma vez, seu Polegar Vermelho! - disse Mínima.
- Hacer o quê? Síganme los buenos!
E o Chapolin deu adeus a essa novelinha, mas, ao sair, embaraçou-se
nos arbustos, desceu rolando a duna e foi cair dentro da Lagoa do
Abaeté...
- Já vai tarde, abestado! - exclamou Madame Mínima.
- Vamos dar só mais uma volta, Mínima!
- Certo! Preste atenção em todo mundo, Madréa!
- Se vermos uma cara suspeita, a gente grita, Mínima!
Após algumas voltas, as bruxas retornaram ao ponto de partida...
- Uaiiiiii!
- Que foi, Madréa?
- A-ali... a-ali...
- Ali, onde? Não vejo nada!
- A-ali... a-ali n-nos ar-arbustos! - gaguejou Madréa.
Assim que Madame Mínima se virou para ver o que assustara Madréa, um
vulto saiu do meio de uns arbustos...
- Oi, meninas! Não encontrei nada!
- Poxa, Rô... você assustou Madréa! Hihihihihi!
- Foi? Hehehehehe! Não tive intenção!
- Caramba, Rô! Com essa capa você parece uma coisa do outro mundo!
- Ora, Madréa... eu sou mesmo do outro mundo!
- É verdade, mas isso não vem ao caso agora! Precisamos achar esses
perdidos! - disse Madame Mínima.
- Você já pensou na possibilidade deles terem fugido, Mínima?
- Nós falamos sobre isso, Rô, mas talvez...
- Eles tenham sido roubados! completou Madréa.
- É bem possível! Já vasculhamos todas as dunas em volta da lagoa e
nem sinal deles! - disse Rô, o Exu Alecrim.
- E agora, Rô?
- Agora, Mínima, só nos resta chamar a polícia!
- Rô, você acha que a polícia baiana consegue resolver esse caso?
- Eu tenho minhas dúvidas, Madréa, mas, fazer o quê?
- E se a gente pedisse ajuda ao Inspetor Blind?
- Ora, Mínima... o Inspetor Blind está de férias desde o segundo
capítulo da sua novelinha!
- Então vamos gritar pelo Super-Blind!
- Quer saber de uma coisa... esses personagens estão hibernando há
algum tempo, Mínima!
- Acho que é esse autor que anda dormindo demais, Rô!
- Também acho, Madréa!
- É isso que dá ser personagem de autor baiano... com raras exceções,
claro! - completou Mínima.
- Bem, não podemos ficar aqui parados, né?
- Pois é, Rô! Temos que agir antes que acabe esse capítulo!
- Então, Mínima, o que faremos? - perguntou Madréa.
- Vamos usar nossos poderes mágicos, Madréa!
- Boa idéia, Mínima! Vamos lá!
- Com seu poder mental Rô também pode nos ajudar! - disse Mínima.
- Ok, meninas! Vou me concentrar! Rrrooouuu! Huuummm!
As duas bruxas pegaram suas varinhas de condão e, elevando-as no ar,
pronunciaram algumas palavras mágicas...
- Pelos poderes de Greyskull...
- Hei, Madréa... isso quem diz é o He-Man!
- Desculpe, Mínima!
- Houuuu... varinha justiceira, dê-me a visão além do alcance...
- Hei, Mínima, isso quem diz é o Lyon dos Thundercats!
- Vocês estão vendo muito desenho animado, meninas... e atrapalhando
minha concentração! Vou ficar ali naquela moita! Fui!
- Desculpe, Rô! Vamos nos concentrar para dizer as palavras mágicas
ao mesmo tempo!
- Falou, Mínima! Então, prepare-se... um, dois, três... já!
- Alakazam, alakazim... abracadabra, tim tim salabim!
Assim que as bruxas pronunciaram as palavras mágicas, apareceu diante
delas a imagem de um castelo e, como num filme, as cenas iam mudando,
até que...
Continua...
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