Capítulo VI
Ainda intrigada com a presença daquele bruxo que lhe pareceu familiar,
Madame Mínima ia descendo do palco para fazer a abertura da CAMBADA,
mas Rô, o Exu Alecrim, através de um gesto indicou-lhe que fizesse
um discurso. Mínima voltou ao centro do palco e soltou o verbo...
- Companheiras e companheiros bruxas, bruxos, magas, magos, druidas,
feiticeiras, feiticeiros, alquimistas e aderentes presentes... é com
grande honra e satisfação que presido a CAMBADA este ano!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- Obrigada, obrigada! Quero deixar claro que fui escolhida para ser a
Bruxa-Mor da CAMBADA deste ano por mérito próprio, por minha modéstia,
por ser a protagonista dessa novelinha, por ser elegante, bonita e
gostosa...
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- Segundo diz o autor dessa historinha, poucos aqui protagonizaram ou
protagonizam filmes, livros, seriados, desenhos animados ou mesmo
novelinhas abestadas como esta!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- E, para finalizar, quem não gosta de mim que se lasque!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- Logo descerei pra fazer a abertura da CAMBADA, mas antes mais
algumas palavrinhas!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- O Círculo Mágico garante nossa proteção durante nossos rituais. Ao
ser aberto, nada pode nos atacar e nada sai e nada entra. Sendo um
círculo, não há começo nem fim. No momento de sua abertura deve ser
visto como uma espécie de bolha que penetra no solo e acima de nossas
cabeças. A energia gerada fica dentro dele e poderemos constatar a
presença desta energia pela temperatura dentro do Círculo Mágico que é
um lugar sagrado, no qual devem ser feitas as celebrações, os rituais
e o trabalho mágico. Não há uma fórmula fixa para a abertura dele,
depende do bruxo ou do coven (grupo de bruxos)!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
Madame Mínima desceu do palco e dirigiu-se ao local escolhido para
abrir-se o Círculo Mágico e iniciou os trabalhos com este fim. Com o
athame na mão direita, caminhou lentamente em círculo, no sentido
horário, depois foi, aos poucos, acelerando a caminhada. Parecia
visualizar a energia saindo do seu athame e ia marcando os limites do
círculo, enquanto falava...
- Com esse athame abro o círculo. Que todas as coisas prejudiciais à
realização desta cerimônia fique de fora. Que este círculo proteja a
todos nós. Agradecemos à Deusa Mãe sua presença!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
- Salvem os guardiões das torres do Leste. Venham se juntar a nós
neste círculo. Poderes do ar, vinde aqui! Vigiem este espaço! Nós os
saudamos!
Salvem os guardiões das torres do Sul. Venham se juntar a nós neste
círculo. Poderes do fogo, vinde agora! Vigiem este espaço! Nós os
saudamos!
Salvem os guardiões das torres do Norte. Venham se juntar a nós neste
círculo. Poderes da terra, vigiem este espaço! Nós os saudamos!
Salvem os guardiões das torres do Oeste. Venham se juntar a nós neste
círculo. Poderes da água, protejam este espaço! Nós os saudamos!
Após dizer essas palavras em tom invocativo, Madame Mínima desenhou no
ar o pentagrama de invocação e, magicamente, aquele círculo, antes
imaginário, transformou-se num grande círculo relvado tendo ao centro
uma grande fogueira, cujas chamas iluminavam o nevoeiro que se formara
sobre o círculo e escondera os raios prateados da majestosa lua cheia
que, fazendo companhia às estrelas, brilhava no céu. Um forte perfume
de ervas aromáticas espalhou-se no interior do círculo. O calor da
fogueira transformou aquela área mágica numa espécie de bolha de luz
que, encoberta pelo espesso nevoeiro, escondia dos olhares curiosos o
que acontecia ali dentro. Mínima, seguida pela CAMBADA, adentrou
o círculo e todos postaram-se à volta da fogueira. Num ritual mágico
perfeitamente sincronizado, segurando suas varinhas de condão,
levantaram e abaixaram lentamente os braços por treze vezes. Depois,
dando as costas às chamas, como numa coreografia rítmica, caminharam
lentamente sete passos para o Norte. Agacharam-se devagar e, voltando
a ficar em pé, repetiram todo esse ritual nas direções Leste, Sul e
Oeste, retornando às suas posições de origem diante do fogo sagrado.
Mais uma vez levantaram suas varinhas mágicas e, repentinamente, uma
tempestade, seguida de coriscos e trovões, irrompeu fora do círculo
mágico, tornando-o ainda mais intransponível aos olhos alheios a esta
realidade mística. Por cerca de três horas a CAMBADA cantou e dançou
nesta véspera do dia-de-todos-os-santos.
Após as invocações individuais a CAMBADA aquietou-se e Madame Mínima,
diante das chamas, deu início ao fechamento do Círculo Mágico Sagrado.
Elevando o athame com a mão esquerda, caminhou lentamente em círculo,
no sentido anti-horário, enquanto, aos poucos, acelerava os passos e
agradecia à Deusa Mãe e aos Elementos suas presenças...
- Salvem os guardiões das torres do Leste. Poderes do ar, agradecemos
suas presenças aqui como guardiões do nosso círculo. Vão em paz,
Senhores, com nossas bençãos e agradecimentos!
Salvem os guardiões das torres do Sul. Poderes do fogo, agradecemos
suas presenças aqui como guardiões do nosso círculo. Vão em paz,
Senhores, com nossas bençãos e agradecimentos!
Salvem os guardiões das torres do Norte. Poderes da terra, agradecemos
suas presenças aqui como guardiões do nosso círculo. Vão em paz,
Senhores, com nossas bençãos e agradecimentos!
Salvem os guardiões das torres do Oeste. Poderes da água , agradecemos
suas presenças aqui como guardiões do nosso círculo. Vão em paz,
Senhores, com nossas bençãos e agradecimentos!
Dou por encerrada a Convenção Anual dos Magos, Bruxas, Alquimistas,
Druidas e aderentes deste ano!
PLAC PLAC PLAC! FIUIII FIUIII FIUIII! UUU UUU UUU! plac plac plac!
Após essas palavras, Madame Mínima desenhou no ar o pentagrama de
expulsão, sentindo a energia voltar ao seu athame. No mesmo instante o
círculo de relva e a fogueira desapareceram, o nevoeiro se desfez e o
temporal dissipou-se sem deixar qualquer indício de chuva naquelas
dunas brancas e novamente a lua voltou a reinar majestosa entre as
estrelas.
A CAMBADA, após o fechamento do Círculo Mágico Sagrado, dirigiu-se ao
local onde foi servido um excelente "coffee-break". Ali, finalmente,
os amigos puderam encontrar-se para colocar a conversa em dia, isto é,
fofocar, afinal, a CAMBADA é gente como a gente.
Numa rodinha conversavam Madréa, Manblind, Frater Aamon, Brusílvia e
Rô, o Exu Alecrim. Madame Mínima aproximou-se deles...
- E aí, gente... gostaram da CAMBADA?
- Quem não gosta dessa CAMBADA não gosta do que é bom, Mínima!
- É verdade, Aamon! Essa CAMBADA é nota mil! - complementou Madréa.
- Eu gravei algumas coisinhas para apresentar no meu programa dessa
manhã! - falou Brusílvia.
- Bem, pessoal, tenho que deixá-los!
- Está indo embora porque eu cheguei, Manblind?
- Não, Madame Mínima... eu creio que nossa diferença será tratada em
um outro capítulo!
- E por que não resolvemos logo essa parada, aqui e agora?
- Porque o autor não quer, né, Mínima?
- Sabe, Rô, embora eu goste do Luís Campos, às vezes ele me cansa com
essa mania de fazer suspense besta em suas novelinhas!
- Ora, Mínima... é o estilo do cara, né?
- Um estilo muito bobo, isso sim, Brusílvia!
- Antes que a conversa caia de nível, eu vou me picar!
- Essa é uma indireta, Manblind?
- Não, Mínima... é só pra mostrar que já estou falando o baianês!
Tchau!
- Tá cedo, Manblind. Vamos beber mais um pouco! - disse Aamon.
- Não posso, Frater Aamon. Prometi ao autor dessa novelinha que
voltaria pra casa o mais cedo possível!
- Deixe aquele corno velho se morder de raiva, Manblind! Aquele sacana
só vive em casa entocado e escrevendo essas besteiras!
- Não fale assim do Luís, não, Aamon. Ele é meu amigo e eu gosto
muito dele! - disse Mínima.
- Mas você acabou de falar mal do corno velho, Mínima!
- Mas só eu posso fazer isso, Aamon!
- O cara é um sacana, mas é gente boa, Aamon! - completou Rô.
- Você fala isso do Luís, Aamon, porque ele não é da sua laia, né, seu
cachaceiro? - falou Brusílvia.
- Eu também acho o Luís legal! - falou Madréa.
- O Luís Campos é muito porreta quando se é amigo de verdade! - disse
Manblind.
- Você fala isso porque, além de ser um personagem criado por ele, tá
hospedado na casa do cara, Manblind!
- Não é só por isso, Aamon. Realmente o cara é dez!
- Deixe o Aamon pra lá, Manblind... ele pensa que cachaça é água!
Hihihihihihi!
- É mesmo, Mínima! - Rururururu! - disse sorrindo Rô, o Exu Alecrim.
- Fui! Vocês são um bando de puxa-sacos desse autorzinho medíocre. Eu
ganho mais no boteco lá da rua! - falou Aamon deixando o local.
- Deixa ele ir, gente! Agora ele vai encher o rabo de cachaça e, como
faz todos os dias, dormir bêbado! - disse Brusílvia.
- Bem, também estou indo! Até um outro capítulo dessa novelinha ou
num dos capítulos da minha! Até mais ver, pessoal!
- Vá lá, Manblind! Tchau! - disse Madréa.
- Acho que também irei embora. Vamos, Madréa? Vamos, Rô?
- Vamos, Mínima! Tchau, Brusílvia! Vamos, Rô!
- Tchau, gente... não esqueçam de sintonizar no meu programa hoje,
ouviram? - falou Brusílvia saindo.
_ * _
Mínima, Rô e Madréa seguiram juntos até o local que as bruxas deixaram
seus bichinhos. Chegando ali, a surpresa: nem o Tridog nem o dragão
Danyl estavam lá. Elas se olharam, olharam em volta e...
Continua...
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