terça-feira, 16 de outubro de 2012

Blind Kid, o herói do agreste

Blind Kid, o herói do agreste

Mais valente que Pepe Legal... mais charmoso que Lucky Luke... mais
temido que Kactus Kid... mais rápido que o Xerife Ricochete... mais
inteligente que Rin Tin Tin... e mais cego que uma toupeira!

- - -

Capítulo I


Narrador - Desta vez, Blind Kid viverá uma das suas aventuras mais
eletrizantes, emocionantes, empolgantes e maravilhosas que já narrei
em minha vida de narrador de folhetins deste famoso autor!
Esta esplêndida novela dignifica a literatura universal!
Vocês nunca ouvirão ou leram algo similar... não é a primeira nem será
a última novela deste autor, mas ninguém jamais fará melhor... a
não ser, como ele mesmo diz, aquele pseudo crítico literário medíocre
que vive aqui em Vox City ( Isso eu gostaria de ver - Rê rê rê!).

Autor - Ô seu narradorzinho de meia tigela... menos, menos!
Tá parecendo um puxa-saco sem-vergonha que conheço!
Deixa a vida dos outros pra lá, ô abestado!

Narrador - Calma, Chefinho... só tô garantindo o leite das crianças!

Autor - Se quer garantir o leite daqueles remelentos, trate de narrar
a novela. Você não é pago para ficar me elogiando... deixe que os
ouvintes façam isso!

Narrador - (Ouvinte elogiar esse folhetim? - Rê rê rê) Tá bem, tá bem,
Chefinho! Como eu dizia...

Ouvinte - Nem bem começou a novela e vocês já estão estragando minha
concentração. Assim não ouvirei mais porcaria nenhuma!

Autor - Calma, ouvintezinho! Você é a razão desta novela existir!
Sem você eu não terei o que fazer... um colega aí, muito bem
aposentado, Já disse que sou "vagabundo"! Quer piorar minha reputação?
Não faça isso, meu ouvinte predileto (e único)... já tem gente por
aqui cuidando disso!

Narrador - E eu perderei o emprego, amigo ouvinte!
Lembre-se que sou pai de seis inchadinhos!

Ouvinte - Então parem com essa discussão e você trate de narrar essa
porcaria de novela de uma vez!

Narrador - Claro, Senhor Doutor e Ilustríssimo Ouvinte! Seu pedido é
uma ordem... Como eu dizia, Blind Kid, depois daquela sua passagem por
Pax City, onde não resolvera nada e nem comera ninguém...

Autor - Ô mocinho, olha o nível! Já vai começar com as gracinhas?
Esqueceu que tem crianças ouvindo essa novela, seu... seu...

Narrador - Desculpe, Chefinho! É que eu me empolgo, mas...

Autor - Não tem mais nem menos. Continue seu trabalho!

Narrador - Como eu dizia: Blind Kid cavalgava em busca de novas
aventuras. O sol inclemente teimava em brilhar (hoje estou poético!)
durante todo o dia, o que dava ao nosso (lá deles) herói, aquela
saudável malemolência baiana. Pensando no encontro que marcara em
Vox City, Blind cantarolava uma canção típica da região, enquanto
Pangaré, seu valoroso corcel, mantinha as orelhas abaixadas, tapando
os ouvidos.

Blind - Oh, Suzana, não chores por mim...

Autor - Ô orelhudo! Desde quando esta canção é da região nordestina?

Narrador - Desculpe, Chefinho. Eu só conheço de ouvir cantarem.

Autor - Onde amarrei meu jegue! Eu devia era mandá-lo embora.

Narrador - Que é isso, Chefinho? Erram tanto no cinema e ninguém se
importa...até a Globo erra!

Autor - Mas na minha novela eu não quero erros!

Narrador - Tá bom, Chefinho! Vou tentar ler alguma coisa sobre MPB!

Autor - Ô pedaço de asno, essa música é dos States, entendeu?

Narrador - Claro, Chefinho, claro!

Autor - Vamos, continue a história, seu energúmeno. O ouvinte pode
não gostar dessas interrupções!

Narrador - Mas é o senhor, Chefinho, quem está interrompendo!

Autor - Não interessa! Continue, continue.

Narrador - Como era hora do rango, Blind Kid procurou uma árvore
frondosa, apeou do cavalo, amarrou Pangaré a uma touceira de capim
guiné e sentou-se à sombra da mesma (árvore, entenderam?).
Pegou seu alforje, tirou de dentro um saco plástico, desses em que
se coloca lixo, mas que continha farinha. Pegou também um pequeno
embrulho de jornal, no qual havia alguns pedaços de rapadura.
Tirou o lenço (Ai meu Deus! ) que trazia em volta do pescoço, colocou
à sua frente e nele, derramou alguns punhados de farinha, jogando
por cima os tacos da rapadura e comeu até fartar-se.
Depois desta lauta (Rê rê rê) refeição, recostou-se para fazer a
sesta, afinal, herói também é gente (Embora haja exceções!).

Blind dormiu cerca de três horas. Levantou-se, assoviou chamando o
Pangaré, deu uma espreguiçadinha, olhou para um lado e para o outro...
e fez xixi na raiz da pobre árvore.
Pangaré, embora ouvisse o chamado, permaneceu no mesmo lugar.

Blind - Tá surdo, Pangaré? Não ouviu meu assovio?

Narrador - Pangaré relinchou, como se houvesse entendido, deu um
tranco, arrancando a touceira na qual estivera amarrado e trotou até
onde estava o antipático, digo, o Blind Kid (Não gosto desse cara!).

Blind - Vamos, Pangaré! Temos que chegar em Vox City antes das
dezoito horas.

Narrador - Blind montou e, depois de umas três horas, já vislumbrava
o pórtico da cidadezinha, no qual estava escrito, em letras pretas
com sombras douradas, "Vox City".

Aqui também a fama de Blind Kid já chegara. As mocinhas espreitavam
a estrada, aguardando a chegada do nosso (lá delas) herói.
As crianças, com seus sorrisos sinceros, sorriam ao saber da chegada
de Blind Kid a Vox City. Os homens tinham ciúmes dele pois suas
mulheres viviam com o ouvido pregado ao radinho de pilha, já que por
ali não chegara a energia elétrica, para ouvirem as rádionovelas
inspiradas nas aventuras e desventuras de Blind Kid, o herói do
Agreste. Quando Blind Kid adentrou a rua principal (E única - Rê rê
rê) de Vox City, o Xerife Ed MMundy já o aguardava em frente ao "Talk
Saloon". Blind aproximou-se, apeou do cavalo, amarrando-o em seguida
e dirigiu-se ao xerife.

Blind- Olá, Ed! Quanto tempo, velho amigo!

Ed Mundy - Blind, Blind! Bons ventos o tragam...

Blind - Eu já estou com saudades daquele domingo, Ed.

Ed Mundy - Eu também, Blind. Mas vamos entrar no saloon e tomar uma
água de coco.

Blind - Boa pedida, Ed!

Narrador - Abraçados, entraram no Talk Saloon e sentaram próximo
ao palco, no qual uma bela garota cantava um baião, enquanto
dedilhava uma viola.

Blind - Bela voz, bela garota, belo baião, concorda, Ed?

Ed - Com certeza...ela é mesmo maravilhosa!

Blind - Ela é destas bandas, Ed?

Ed - Não! Ela é de John People City.

Blind - Qual é o nome dela, Ed?

Ed - Ela se chama Suu Zy.

Narrador - Enquanto eles papeavam, a cantora já cantava um xote bem
balançado (Vá gostar de forró assim, lá em John People City!).
Nesse meio tempo, apareceu uma bela (Ô autorzinho repetitivo, meu!)
jovem, que lhes perguntou:

Jovem - O que gostariam de beber?

Blind - Daqui a pouco pediremos...

jovem - Não podem ocupar a mesa sem consumir... e ainda tem o couver!

Ed Mundy - Claro, Milly... traga duas águas de coco bem geladimnhas!

Milly - Agora mesmo, Xerife!

Narrador - A jovem foi buscar a água de coco dos dois (Argh!).

Blind - A proprietária do saloon ainda é a Odel Yta, Ed?

Ed - É, Blind! Ela até ampliou a casa e vai trazer umas dançarinas de
"can-can" lá de River City.

Blind - E quando chegam essas belezuras, Ed?

Ed - Parece que chegam no vapor de amanhã... pelo menos foi o que li
no Vox Populi News de hoje.

Blind - E por falar nesse jornal... como está nossa amiga Debby Bora?

Ed - Ela está muitíssimo bem... até faz um programa de rádio em uma
emissora de Puerto Smily City.

Blind - Já ouvi falar muito nesta Rádio... tem uns programas porretas!

Ed Mundy - É verdade... mas seu Diretor é muito esquentado!

Blind - É verdade... mas acho que ele tem razão em ser assim...
Tem uns caras aqui em Vox City que são um chute no saco!

Ed - Isso é verdade... mas ele poderia controlar-se mais, Blind.

Blind - Mas a sua arma é a voz... e como já vi publicado no Vox Populi
News: "A toda ação, corresponde uma reação."

Narrador - Nesse momento a jovem Milly chega com dois cocos da Bahia
e interrompe esta conversa "tão" instrutiva, dando um "refresco"
para nós (Ufa!). Vamos aproveitar enquanto esses dois aí bebem suas
águas de coco (Argh!) e pôr fim neste capítulo.


- Fim deste capítulo -

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