Capítulo VI
Como eu disse, enquanto jantavam, Danyl e Iul voltaram a conversar...
- Se confiar em mim, eu posso torná-lo um homem rico e nobre, Iul!
- Eu já sou rico, Danyl. Tenho tudo que preciso!
- Morando nessa choupana, Iul?
- Sim! O importante, Danyl, não é o que se tem, mas o que se é!
- Isso é papo de fracassado, Iul!
- Não, Danyl... isso é a certeza de que não preciso de bens materiais
para ser feliz!
- Filosofar é muito bonito, Iul, mas um pouco de conforto não faz mal
a ninguém!
- Bem, Danyl, trate de comer e vamos dormir... amanhã é outro dia e o
travesseiro é bom conselheiro!
- Certo, Iul, mas eu tenho cá meus planos!
Você poderia emprestar-me um saco, um chapéu e um par de botas?
- Claro, Danyl... pegue o chapéu e as botas que estão em meu quarto
e sob meu colchão há alguns sacos! Pode pegá-los!
- Obrigado, Iul e boa-noite! Amanhã trarei boas novas!
- Até amanhã, Danyl! - respondeu Iul sem ligar pro que dissera o gato.
E assim os amigos cearam e foram dormir. Como na casa do Iul não tinha
quarto de hóspede, Danyl dormiu no sofá. Na manhã seguinte ele acordou
bem cedo. Como dormiu de roupa, só colocou o chapéu, calçou as botas,
pegou uma pequena toalha emprestada para servir de capa e saiu a fim
de conhecer os arredores e concretizar seu plano. Andou um par de
horas até que encontrou alguns camponeses...
- Bom-dia, Senhores... que país é este?
- Bom-dia, Senhor Gato... o Senhor pisa as terras de Satobedotag!
- E a quem pertencem essas terras, amigos?
- Parte ao Rei Udib e parte ao terrível gigante, Ogro Torgo!
- E pra que lado fica o castelo desse rei, Senhores?
- Fica daquele lado, amigo gato! respondeu o camponês apontando.
- Obrigado, amigos! Até mais ver!
Danyl caminhou na direção indicada e ao atravessar um bosque viu um
coelhinho que dormia despreocupado. Colocando seu plano em ação, pulou
sobre o bichinho e o enfiou no saco. Chegando ao castelo do Rei Udib,
pediu para falar com ele. Como o rei tinha bom coração e tratava seus
súditos com respeito e amizade, veio pessoalmente atendê-lo. Assim que
o gato se viu diante do rei, tirou seu chapéu e, com uma mesura,
disse-lhe:
- Majestade, é uma felicidade para mim ser portador desse humilde
presente que lhe oferece meu amo, o Marquês de Racabás!
O rei, educadamente, agradeceu o presente e despediu-se do gato :
- Diga ao seu Amo que fico muito agradecido!
- Direi, Majestade. Ele ficará muito contente! - disse Danyl fazendo
uma reverência.
Quando o gato foi embora o rei procurou saber quem conhecia o tal
Marquês de Racabás. Como ninguém o conhecia, o rei achou que deveria
ser algum turista que passava por suas terras. Nos dias seguintes, por
quase uma semana, o monarca recebeu presentes enviados pelo Marquês
de Racabás e entregues pessoalmente pelo gato. Como Danyl sabia a
hora que Iul gostava de tomar seu banho no rio e a hora que o Rei
Udib costumava passear com sua filha por aquelas paragens, colocou a
segunda parte do seu plano pra funcionar...
- Iul, achei um local porreta pra você tomar seu banho diário! Além
de não ventar, ali a água do rio fica quentinha!
- Então hoje quero conhecer essa belezura, Danyl!
Quando aproximou-se a hora que Iul costumava banhar-se, Danyl o guiou
até o local que dissera e que sabia ficar próximo do caminho que o rei
costumava passar diariamente. Assim que Iul entrou no rio, Danyl
pegou suas roupas e a bengala e escondeu num matagal ali perto...
- A água está boa, Iul?
- Está ótima, Danyl... por que você não aproveita pra tomar um banho?
- Porque sou gato, Iul! Gatos não gostam de se molhar, amigo!
- Isso é lenda, Danyl!
- Iul, preciso que você participe de uma brincadeira!
- Que espécie de brincadeira, Danyl?
- Apenas deixe as coisas acontecerem sem contestá-las!
- Não entendi?
- Não precisa entender, apenas querer brincar! Confie em mim!
- Você não vai me colocar numa pegadinha do Faustão, vai?
Não vai me fazer pagar um mico desse, né?
- Claro que não, amigo Iul! Deixe comigo!
- Meu medo é esse, Danyl! Veja lá o que vai aprontar, viu?
- Daqui a pouco a carruagem do rei vai passar por aqui... e ele tem
uma filha linda!
- Uma linda princesa? - perguntou Iul sorrindo.
- Isso mesmo, amigo! E eu vou dar um jeito dela o conhecer!
- Mas eu estou nu, Danyl!
- Isso é só um detalhe, Iul! Fique frio!
- Não vá me meter em camisa de sete varas, seu Danyl!
- Como disse aquela ministra, Iul... relaxe e goze!
- Relaxado eu estou. Quanto a gozar... faz um tempão que não sei o que
é isso, amigo Danyl! Hahahahahaha!
E quando irei conhecer a tal princesa, Danyl?
- O bicho pegou, Iul... acabou esse capítulo! Hahahahahahaha!
Continua...
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